terça-feira, 10 de maio de 2005

Insónia

É difícil dormir.
Os minutos passam, alongam-se em horas, e o sono não chega.

Sinto-te respirar sobre o meu ombro, e pergunto-me com quem estarás a sonhar.
Pergunto-me se me abraças a mim ou a alguém que te povoe os sonhos.
Vejo-te sorrir, falar por vezes, e sei que não é comigo que falas enquanto sonhas. No teu rosto há por vezes um ar tão feliz que desejava poder ver o teu sonho. Ajudar-te a concretizá-lo - ainda que para isso tivesse que me afastar.
Porque não é justo sofrermos ambos se não é a mim que queres. Não é justo tolher o caminho de outrem se esse caminho deixou de ser o mesmo que o nosso.

Não sei se perdi a capacidade de sonhar. Se o faço, não me lembro de nada, de nenhuma das imagens que me povoa o inconsciente. Talvez porque seja demasiado parecido com a realidade?

Sei que por vezes acordo inquieta.
Sei que por vezes acordo com o rosto molhado de lágrimas.
Sei que por vezes acordo com uma sensação de solidão tremenda.

A culpa não é tua. São estes pensamentos que fogem antes que eu os capture, e que já não sei quais são. Talvez seja apenas um medo tremendo de te perder. De pensar em refazer o meu caminho sem ti, tu que me povoas os dias e por cuja presença anseio durante as horas em que não te vejo. Talvez o meu subconsciente saiba coisas que não me conta.

Acordo de noite e não consigo voltar a dormir.
Mas aninho-me nos teus braços desejando que esteja tudo bem e que os fantasmas da minha noite se afastem enquanto espero que a manhã chegue.
Contigo.

Regresso

Estou de volta.
Parece que quando tudo corre bem não há necessidade de escrever, sei lá.
Mas também outras coisas se atravessam no nosso caminho - há sempre qualquer coisinha para fazer antes de vir aqui deixar algumas linhas.
Este continua a ser o meu espaço de desabafo.
O meu espaço para falar de coisas que me alegram ou me confundem.
De coisas que me entristecem.

Revejo o tempo passado quando brinco com a minha sobrinha.
Tão bom não ter preocupações a não ser queixar-se de ter a fralda molhada ou um travozinho de fome... tão bom saber que seremos atendidos.

Queixar-me do que me preocupa não leva a nada, eu sei.
Mas alivia-me o peso no âmago do coração, que persiste em se insinuar de vez em quando.
A quem tem a bondade de ler e mais ainda, de deixar os seus comentários, o meu obrigado sincero.