quarta-feira, 2 de março de 2011

Desafio "Acrescenta-me um ponto"

Foi-me lançado pela Mag e à boa maneira portuga (não que eu seja mesmo mesmo portuga mas isso agora não vem ao caso) toca a tratar do assunto só no último dia do prazo...

Texto do desafio:

Esta rubrica surge da necessidade de renovação e intensificação do espírito de unidade e imaginação da blogosfera e pretende que cada um dos bloguistas seleccionados seja autor de um parágrafo de um texto realizado em conjunto por vinte bloguistas.
Assim, passamos a enunciar as seguintes regras:

Regras da Rubrica "Acrescenta-me um ponto!":

1 - O texto, constituído por vinte parágrafos, terá início no blogue "O Sabor da Palavra", segundo o seu autor Gonçalo Cardoso.
2 - Cada bloguista terá direito a um parágrafo de texto com o máximo de cinco linhas.
3 - Após a realização do parágrafo respectivo, cada bloguista terá que seleccionar outro que cumpra a continuidade do texto segundo as regras mencionadas.
4 - Cada bloguista terá o limite máximo de três dias para realização do parágrafo, estando sujeito a desclassificação da rubrica e selecção de novo bloguista por parte do seu autor.
5 - Cada bloguista assinará o seu nome e respectivo blogue na lista dos participantes.
6 - O último participante ou autor do vigésimo parágrafo, finalizará o texto e partilhará com o autor do blogue "O Sabor da Palavra" para a sua divulgação no blogue inicial.
7 - Sejam criativos.

...§§§...

E tudo começa assim…


"Ao fundo ouvia-se o barulho dos pescadores na lota de Aveiro. Mais perto a maresia de Agosto percorria o nosso rosto e o teu sorriso revelava o reflexo da luz solar sobre o mar. A areia fina e molhada envolvia os nossos pés e, de frente um para o outro, estendias-me a mão salgada e preparavas-te para a mais doce revelação..."
"Pensava, enquanto o Sol se punha diante dos nossos olhos... Quão bela é a profundidade de um sonho?! Tiveste medo. Não te revelaste. Mais uma vez, o tempo esvaía-se nas pegadas que se apagam. Tal sangue, tal sofrimento. Larguei-te a mão e prometi a mim mesma que nunca mais ficaria à espera. Chamaste por mim...."
"É sempre complicado quando a vida já é muita e as histórias pesam em vez de preencher... Mas o teu olhar preenchia-me como os fados cantados em noites sobrenaturais e eternas, e a tua boca queria falar, queria dizer, queria murmurar... Diz, pedi eu, diz... "

"Olhas-me nos olhos e acaricias-me as covinhas. Invade-me uma sensação de calor. Pousas os teus lábios nos meus sem dizer nada. A doçura faz-me esquecer, por um instante, as resoluções. O meu coração dispara, desata aos pulos em silêncio. Levas a mão ao bolso e retiras uma pequena caixa.
- Não posso aceitar um presente teu - digo-te baixinho. - Lamento muito. Não tornes as coisas ainda mais complicadas. "

"Ele segura-lhe na mão e eleva-a para junto da sua de modo a tocar na caixinha que ele trouxe para lhe oferecer. Nisto ela fica apreensiva, olhando para a sua mão e retomando o olhar para ele uma vez mais, mas desta com uma expressão de dúvida e angústia. Ele já conhecia bem esta expressão e retomava-lhe um olhar de confiança e de uma ternura irresistível, à qual ela não poderia recusar... "

"No entanto olhando bem fundo dos seus olhos ela recusou ao mesmo tempo que delicadamente pousava um beijo na sua face. Saiu dali a correr, as lágrimas correndo livremente pelo seu rosto. E ele ali ficou sentado, segurando a caixinha nas mãos. Olhou o mar mais apelativo do que nunca e pensou "E porque não?" ao mesmo tempo que se levantava em direcção às ondas que o convidavam a entrar."

"A fuga é sempre mais fácil. O sonho por realizar. O "se" que nos marca e tanto nos impede, como nos impele a agir. E se desta vez abrisse a caixa de Pandora? E se lá dentro estiver a felicidade? A luz momentânea do Sol ou o correr entre a areia e a vagas do mar?
Abdico das lágrimas. Respiro fundo... "

"Abraço o mar com a força de quem ama profundamente e finto-lhe as ondas na tentativa de encontrar uma resposta ao que me queima por dentro. A tal pergunta que dói e que sei ser mais dirigida a mim mesmo do que a ela. E Agora? pensei. Saí da água com o sal a queimar-me o corpo e abanei a cabeça como para afugentar pensamentos desagradáveis. Atrás escuto uma voz doce e rouca... "

"Ainda tentando recuperar das tormentas, que por longos minutos me povoaram a mente debaixo da água cristalina, viro-me lentamente para responder ao chamado da voz doce e rouca nas minhas costas. O sol ofusca-me, mas lá estavas tu de rosto iluminado. Afinal, as tuas lágrimas perderam-se no caminho das dúvidas e abriram um sorriso sem hesitação, na tentativa de resgate de uma última oportunidade:
- Diz!… - e mais uma vez proferiste a palavra num murmúrio, quase suplicante."

“Sorri! Aproximei-me junto do teu medo e poisei a caixa na palma da tua mão. O bater do teu peito, roubava-me o respirar que esperava por algo mais que o ar. Preso nas palavras e num tom trémulo de esperança, disse: - Ainda não vi! Queria ver contigo.
Indecisa entre a vontade de um sim, assombrado pela recente perda, e a vontade de um não, apavorado pela impotência de ser possível, revelaste um “abre” embebido em lágrimas.
O vento, que soprava entre as ondas dos teus cabelos, sussurrava-me os infindáveis cenários.
- Positivo! – Exclamei ao ver o resultado.”

"Senti o que deve sentir alguém quando vê uma coisa assim: o céu caiu-me em cima da cabeça e o coração palpitou junto à boca. Os meus olhos olharam para os teus, à procura de uma reacção - uma que fosse- que me desse uma pista sobre o que sentes também. Vi um mundo novo no teu olhar, uma esperança, um alento. E depois olhei em redor e a praia inteira devolveu a minha inquietação. Lá longe ouviam-se os barulhos na lota e os motores dos barcos a passar. O farol observava-nos, altivo e sobranceiro, como sempre..."

“Fechei os olhos. Senti de novo os medos a enrolarem-me a alma, a fragilidade de algo tão desejado colou-se na pele, as pernas fraquejaram.
E agora? Pensei. E agora? Sinto-me tão pequena e tão cheia deste receio, desta incerteza que me consome, deste medo de um futuro tão desejado quanto temido por tudo o que já havíamos passado.
Abri os olhos e fixei-te. O teu olhar abraçou-me e a tua mão procurou a minha suavemente.
Olha para o mar - diz-me em tom suave e rouco -, lembra-te que o barquinho da Esperança consegue navegar mesmo em águas tumultuosas… desta vez vamos conseguir.”

“Entre o aconchego do abraço e o conforto do corpo junto ao dela, lágrimas rolavam-lhe pela face. A revelação na caixa. A felicidade tantas vezes adiada, estava agora nas suas mãos. Sentiu um nó na garganta. “Não posso voltar atrás”, pensou, “lutei e sofri muito para o conseguir. Há muita gente envolvida. Muita confiança depositada em mim”. Sentiu-se sufocar pela angústia, o coração apertado. Sentiu náuseas. Olhou-o nos olhos e diz-lhe com a voz embargada “Aceitei o lugar na AMI, parto na próxima semana para o Sri Lanka…”

" Parto... e parto sozinha. Afinal a Tua companhia era imaginação minha. Nunca entendeste a verdadeira razão e muito menos a cor do mar onde mergulhavas confiante... o (a)mar não é teu. Nunca foi. Precisamente por isso, não soubeste que o (a)mar te retribuía a vida que querias ter. Tudo te pareceu sempre certo, afinal o mar só tem marés cheias e vazas, não te lembrou que entre umas marés e outras Ele sempre existiu... Lamento vou (a)mar quem precisa. Vou ser amada. Tenho o coração cheio de espuma... espuma essa que nunca viste... e era Tua..."

"Parto... mas nunca sozinha... Parto sempre com a imaginação daquele momento junto ao farol.... Parto sempre com a imaginação da tua recusa em quereres aceitar aquela verdade diferente daquilo que sempre imaginaste para ti... dizem que nunca se pode perder o que nunca foi nosso... sim... dizem mas... eu sei o que foi meu e sei... e sinto que foste meu sim.... os olhos nunca mentem mesmo quando os lábios falam algo oposto...
Parto sozinha sim mas... acompanhada com a sensação de já foste meu uma vez... e quem o foi uma vez... poderá sempre ser mais vezes.... também dizem ... "

"Os dias sucedem-se, rápidos e terríveis, não a deixam pensar no que poderia ser e não é, no que poderia ter sido e não foi. Nos "Se"s da vida.
Prepara a mala, a viagem, as despedidas. Sempre na ausência dele.
Não interessa, pensa. O nosso caminho deixou de ser o mesmo e eu preciso de avançar.
Já no aeroporto, embrenha-se num livro para não pensar em mais nada a não ser na AMI, no desafio.
Uma voz grave, masculina, conhecida de um Passado longínquo, soa-lhe aos ouvidos:
- És tu!!! És mesmo tu!!!"

"Jorge, ressoa o teu nome dentro de mim. E as memórias em catadupa, lançando-se no coração como se o tempo não te tivesse alguma vez tocado. O teu sorriso franco e aberto, a alegria genuína de me ver que sempre foi porta aberta em ti. Os mesmos olhos verdes que me perturbavam os sonhos e me procuravam, ávidos, a boca que de forma vã te tentava esconder. Os braços abertos esperando o meu corpo, para o abraço redentor.
E, dentro de mim, uma súbita e inexplicável vontade de mergulhar neles."


"Conteve-se. Levantou-se devagar e olhou-o de frente, sem conseguir refrear um sorriso: "Há tanto tempo.... "Demasiado", respondeu ele. Timidamente, como se os pés a traíssem, deu dois passos e viu-se envolvida num abraço quente tão acolhedor como o seu velho cobertor de menina. Uma lágrima solitária brilhou sob as pálpebras, mas logo um manancial delas jorrou incontidamente quando a voz profunda se fez ouvir entre os seus cabelos: "Tive tantas saudades tuas!""




Lista de Participantes:

1 - Gonçalo Cardoso (O Sabor da Palavra)
2 - Eli (E o amor acontece?) Dantes "Isso Agora... :)" ou "Eu Sou Nómada"!...
3 - Ana (Construir... Sorrindo)
4 - Myosotis (Myosotis)
5 - Fatinha (Para lá das lentes)
6 - Poetic Girl (Just Me)
7 - izzie (Unleash your thoughts...) [Peço desculpa pela demora. Rosnem à chefe...]
8 - Susana (Ondas e Devaneios)
9 –Sus (Suspiros da Alma)
10 – Jorge (Santo&Pecador)
11 – Star (Pocket full of stars)
12 – Blueangel (Blueangel)
13 – chrysaliis (Chrysaliis)
14 – Apenas Eu (Algodão Doce)
15 – Pequenas Decisões (Eu Mesma)
16 – Fada (Uma Fada na Selva)
17 – Mag (Laranja no Preto)
18 – XR (Post-It's Soltos / Arco-Íris)
19 –
20 –

Neste momento, já que ela voltou a escrever (e eu continuo a gostar imenso do que ela escreve!) encaminho o desafio para a Princesa (Des)encantada, do Destilado. Vamos fazer com que um grego fique de olhos em bico? ;)