terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Balanço

Nesta altura, à beira do fim do ano, muita gente faz um balanço dos últimos trezentos e sessenta e tal dias.
Não posso dizer que o meu 2008 tenha sido mau - podia ter sido melhorzinho, mas podemos dizer o mesmo de quase tudo o que acontece, não é verdade?

Mas questionei-me por mais do que uma vez sobre os acontecimentos em si, se determinadas coisas foram meras coincidências ou se de facto existe um bigger plan que desconheço. Acaso ou necessidade? A resposta escapa-me.
O que sei é que um desses acontecimentos, por si só bastante desagradável, foi no entanto a porta para um outro, bem positivo. Nem é bem como o velho ditado que diz "quando se fecha uma porta abre-se uma janela" - neste caso a janela fechou-se com estrondo e partiu-se toda e quando dei por isso tinha-se aberto o portão ...

Espero que este 2009 prestes a nascer traga, pelo menos, o que 2008 teve de bom mas - obviamente - sem o mau agarrado. E mais umas coisinhas boas também eram bem vindas, claro ... mas nunca podemos escolher à partida o que vai suceder porque isso iria estragar a surpresa toda, não era?

Ficam portanto os meus votos para todos os cibernautas que ao longo dos últimos tempos me têm agraciado com as suas visitas e comentários: que em 2009 as surpresas sejam boas - e que ocorrências menos felizes tenham um pré-aviso decente para nos prepararmos.

A todos, um Bom Ano de 2009

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Pós Natalices


O dia inteiro com um piso quase só para mim.
Foi dia de arrumar papelada, clips para um lado, papéis para outro, rasgar, agrafar, furar, arquivar.
Separar coisas, ordenar por prioridades, dar seguimento.
Anotações.

Era bom que conseguisse organizar os sentimentos como se organizam os papéis ... livrar-me do que não quero, do que não faz sentido. Do que dói.
E guardar numa gelatina o que se quer preservar.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Duplicidades

Novas tecnologias ...
Vivemos duas vidas.

Uma em que vemos e somos vistos, sorrimos ou não, comemos ou não, caminhamos ou conduzimos pela rua, onde por vezes chove ou não.

Outra em que nos mostramos de forma diferente, em que não somos vistos pelo aspecto que temos mas por aquilo que decidimos partilhar dos nossos sonhos, ideias e vivências.

Passamos de uma vida para outra com um clique de rato, um deslizar de painéis virtuais – num momento estamos num cais diferente fazendo o transbordo para outra linha do metro, vida seguindo noutra direcção.

Rimos em silêncio, siglas e caracteres transmitindo emoções por entre palavras que nem sempre mostram quem de facto se esconde por trás do écran. Há quem tenha online uma vivência muito mais rica de contactos do que com as pessoas de carne e osso que as rodeia nessa outra vida, cá fora. Pessoas essas a quem receamos contar algumas coisas, com quem não queremos partilhar pensamentos – as mesmas coisas e pensamentos que não hesitamos em expôr na vastidão do cyberespaço.

Vivemos duplicidades, second life em palavras descrita.



Mais um clique, um painel que desliza ... noutra pista, a vida segue dentro de momentos.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Não é possível

... obrigar o coração a sentir o que não quer.

Há pouco estava a ouvir esta canção



Tem passado na rádio, ouvi-a distraidamente no carro sem ligar muito à letra. Só que eu sou, de facto, uma pessoa que dá muito valor às letras das canções.
É talvez o meu mal; já me disseram "és muito emotiva": reajo à música. Mas talvez seja também o que me permite sentir a música de uma forma mais profunda, quando letra e melodia não se limitam a entrar nos ouvidos, ressoar no cérebro e sair de seguida sem deixar rasto.

Há letras/poemas que cravam as garras na carne, penetram até aos ossos, tangem uma corda na alma e passam de alguma forma a fazer parte de mim.

(...)
Running back through the fire
When there's nothing left to save
It's like chasing the very last train
when it's too late, too late

Oh it tears me up
I try to hold on, but it hurts too much
I try to forgive, but it's not enough
to make it all okay

You can't play on broken strings
You can't feel anything that your heart don't want to feel
I can't tell you something that ain't real


Esta, agora, mora cá dentro. Porque não é possível dizer ao coração o que deve sentir ...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Dance me


Há muros onde aparecem brechas súbitas. E a alma tem vontade de dançar ...



Hoje. Amanhã logo se verá.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Joelhos e memórias


Antes que comecem a interrogar-se o que tem uma coisa a ver com outra, deixem-me contar do princípio.

Hoje dei um trambolhão – de manhã, à entrada ao serviço. Uma rampa de boa calçada portuguesa, suja e molhada de chuvisco, esperava sorrateiramente por mim. Já nos conhecemos há seis anos, eu e aquela rampa. Mas hoje a sacana apanhou-me de surpresa. “Quando andas de saltos altos tens cuidado ... pois então é hoje que te apanho!”. Apanhou-me mesmo, desprevenidíssima. Ainda fui a tempo de rodar o corpo ao cair para não bater com as costas. Resultado: joelho esquerdo completamente esfolado e se não fossem as calças teria sido pior.

Ao chegar ao gabinete fui lavar e desinfectar a ferida e dei comigo a pensar na última vez que me tinha visto naqueles assados ... apercebi-me que se passaram mais de vinte anos e que nesse tempo muita coisa mudou.

Naquela altura andava-se de bicicleta para todo o lado, trepava-se às arvores onde se fazia uma casita com tábuas velhas, desciam-se ladeiras em carrinhos de rolamentos, jogava-se ao berlinde com três covas no chão e conquistava-se um mundo desenhado na terra batida com um canivete ou uma cavilha de palmo. Caíamos, levantávamo-nos e qualquer das nossas mães tratava das esfoladelas como se fosse o próprio filho.

Os amigos eram mesmo amigos. Num dia andávamos à pêra e no seguinte lanchávamos em casa uns dos outros. As mães não se preocupavam porque andávamos sempre em grupo e qualquer estranho que aparecesse (o que era raro) era escrutinado de alto a baixo como se estivesse numa esquadra de polícia. Se não estivéssemos à vista era porque estávamos a jogar cartas, monopólio ou dominó em casa de um amigo.

Armavam-se tendas de índios com cobertores roubados dos armários dos pais e o dia de mudar os lençóis de cama eram pretexto para fazer tendas das mil e uma noites num canto do quarto, com édredons a fazer de puffs e canapés. As embalagens vazias de iogurte serviam de casinha para os Estrunfes, a Abelha Maia ou o Vickie.

Hoje a garotada tem mini-motas, playstations, o berlinde joga-se como se fosse o jogo da malha e o mundo conquista-se online no écran do computador. Não se trepa às árvores nem se joga ao mundo porque muitos bairros nem sequer um torrão de terra decente têm para brincar, quanto mais árvores suficientemente grandes para fazer uma casinha lá em cima.

Hoje os miúdos têm mais conhecidos do que amigos. Alguns moram no mesmo prédio, têm a mesma idade e nunca brincaram juntos. Passam horas encafuados em ATL ou AEC, ballet, natação ou inglês. Andam a reboque dos pais porque já ninguém deixa os filhos em casa da vizinha para ir fazer as compras do mês. E eles cobram-nos a seca que apanham - em géneros: uma boneca, um carrinho, um livro. Não brincam na rua porque é perigoso, seja pelos carros em excesso, seja pelos desconhecidos constantemente a passar.

Se faltar a electricidade, ficam sem saber o que fazer – sem playstation, computador ou TV, não sabem bem a que hão de brincar. As embalagens vazias são cuidadosamente separadas para reciclar – acho que é a única coisa que eles têm de mais positivo.


Quando crescerem, os meus filhos não vão ter as cicatrizes que eu tenho: nos dois joelhos, nos cotovelos, no sobrolho, na cabeça ...
Mas também não vão ter as minhas recordações ou o sorriso que tenho agora ao lembrar-me de como, apesar do pouco que tínhamos comparados com eles, era feliz.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Memória

Ninguém me ouve.
Ninguém me responde.
Estou farto de emitir apelos em todas as direcções que constam do banco de dados.
Talvez os danos tenham sido piores do que pensei, não tenho leituras.
Edess está caído no chão, nada mais posso fazer por ele. Kipat geme sem cessar. Os gritos e uivos de dor tornaram-se num murmúrio. O sangue empapa o chão. Nem sequer tenho forma de a ajudar. Tentei aceder ao controle de suprimentos médicos em busca de um analgésico, um sedativo, qualquer coisa que a ajude e a mim. Não consegui.

Já não suporto o barulho, não consigo raciocinar. Sou a única esperança que têm e não consigo fazer nada a não ser emitir apelos constantes até que a pilha nuclear se acabe.
Levir não dá qualquer sinal. Estava no porão quando se deu o ataque. Não deve ter sobrevivido.
Espero que nos venham resgatar depressa. Quanto mais não seja, porque querem de volta o alienígena que está no porão, num compartimento crioestático. Os dados do tubo de estase chegam até mim mas não fazem qualquer sentido. Não sei se o alienígena que lá está dentro estará vivo ou não.

Porque raio optaram por fazer este transporte ? Dinheiro, sempre o dinheiro. O mesmo dinheiro que quase acabou comigo quando piratas espaciais atacaram a nave onde seguia, há 2 megaciclos atrás.
Edess e Levir sabiam do perigo, mas o dinheiro da Federação falou mais alto. Onde tinham eles a cabeça quando aceitaram transportar aquele ser de outra galáxia ? Os manda-chuvas da Federação pensaram em salvar os cabedais dos seus meninos da Frota, suspeitava-se que alguém viria em busca do alienígena. Calhou-nos a nós levar com o impacto de um canhão de beta-plasma no casco.

Kipat continua a gemer. O seu corpo está muito danificado. A única esperança para ela é salvarem-na a tempo de a converter numa UCCI. Para muitas naves que seguem as rotas comerciais, uma UCCI (Unidade Central de Controlo Interno) é o que as salva da morte certa. Uma UCCI é uma bio-AI. Um computador aliado ao cérebro de uma pessoa, às suas memórias e experiência. É-lhe dado um tratamento de supressão de emoções para que não tenha um esgotamento; ser uma UCCI é uma responsabilidade tremenda.
Algumas UCCI têm a memória de astronautas que atingiram a idade da reforma mas querem continuar ligados ao espaço a que devotaram as suas vidas. Outras, como a desta nave, têm uma UCCI com a memória biológica de um astronauta cujo corpo não pôde ser salvo.
É a única esperança de Kipat. Sei o suficiente de biologia centauriana para ver que ela não vai durar muito mais.
Continuo a emitir na direcção de todas as colónias da Federação e todas as rotas conhecidas. Alguém me há-de ouvir.
Kipat soergue-se a custo. Arrasta-se na direcção do posto principal e passa a mão tremente pela consola táctil.
- Dai ? Sei que vou morrer ... os socorros não chegarão a tempo. És o melhor amigo que alguma vez tive ... só é pena ter-te conhecido tão tarde, queria ter nascido dois megaciclos antes ... para ver como eras, quando eras humano. Gostaria de te poder abraçar ... – uma golfada de sangue sai-lhe pela boca e ela cai de novo no chão.

Choraria se ainda tivesse olhos. Não é fácil ser uma UCCI.


2004 / Inspirado pela short-story de Joan D. Vinge Tin Soldier

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

And now for something completely different

Descia pela calçada, desatento. Nem reparava nas outras pessoas.
Ruminava numa teoria que lhe tinha surgido de madrugada. Coisa parva, acordar assim, a pensar em ... antigravidade. Mas parecia ser a solução para o problema que estava a tentar resolver no Instituto.
Bom, se não fosse, ao menos podia utilizá-la no texto de FC que andava a escrever para uma revista a ver se ganhava uns cobres.

Foi por isso apanhado de surpresa quando algo apareceu à sua frente.
Algo grande. Amarelo.
“Esta agora ... estes ladrões mascaram-se de tudo e mais alguma coisa para assaltar um gajo!”. O mais engraçado é que até era um fato muito bem feito. Parecia mesmo o ...
Uma arma surgiu, apontada ao seu abdómen.
- Não tenho dinheiro! Não sei quem és, mas não deves ser português, pá ! Senão, sabias que um investigador mal ganha para comer ...
Uma mão de quatro dedos, coberta de feltro amarelo arrancou-lhe a pasta, espalhando uns quantos papéis no passeio. Mais papéis voaram enquanto aquela criatura na sua frente parecia procurar algo. De repente, parou. Segurava os apontamentos da “tal” teoria.
- Isso não, pá ! Não te serve de nada, e para mim é importante ! Vais fazer-me repetir os cálculos todos se me estragas esse papel, porra !
A criatura olhou para ele, com um ar que se poderia imaginar pensativo. Mas com uma máscara (seria máscara ?) daquelas era impossível saber o que estava a passar pela cabeça do ladrão.
A arma, com um aspecto estranho, subiu na direcção do seu nariz.

Uma voz sintetizada, com um som estranho como se tentassem imitar um boneco de desenhos animados, soou:
- En-tão é me-lhor a-ca-bar con-ti-go. Não nos po-de-mos dar ao lu-xo de re-pe-ti-res es-tes cál-cu-los.
- Mas ... mas ... mandaram-te de algum instituto estrangeiro ? Epá, eu não me importo de partilhar os dados, mas não me estragues os apontamentos, caramba !
-Ca-la-te !!! Vo-cês não es-tão pre-pa-ra-dos pa-ra u-ti-li-zar is-to.

Uma dor estendeu-se repentinamente por todo o seu corpo. De costas no chão, viu a criatura amarela afastar-se.
Num qualquer telejornal das 20h00 o jornalista anunciou:
“Investigador do LNEC encontrado morto numa rua de Lisboa. Testemunhas dizem que foi atacado por ...

Winnie The Pooh images

... Winnie the Pooh.”

2004

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

What about ...




Ignorem a dança esquisita e o look anos 80. É mesmo a Aimée Mann.

so put out all the fires
and blow away the smoke
I'm getting pretty tired
of living on hope
so what about love, baby
what about making room for two
what about love, baby
what about you?
(...)
what about me?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Bolos

Em conversa com a minha soulsister, cheguei a uma conclusão. O blogging tem tudo a ver com pastelaria.

Vejamos: os posts ou comentários são como bolos.
Podem ter uma cobertura enganadoramente doce - como um bolo;
Podem ser escritos e lidos em várias camadas - como um bolo;
Podem ter imenso recheio - como um bolo;
Podem ter pouca substância - como um bolo;
Podem vir regados com montes de sumo - como um bolo;
Podem ser saborosos - como um bolo.

Portanto, adoptando uma dinâmica mental à moda de La Palisse, um dia vou ter que deixar o blogging ... porque se os bolos engordam fazem engordar, então ...........

Calculava

... que me ia sair qualquer coisa como isto.
Passei pelo cantinho da Sayuri e achei piada ao quiz (acho piada a vários quizzes só que nem sempre me dou ao trabalho de passar o resultado para aqui).
Ó no que deu:




You Are Artemis!



Brave, and a natural born leader.
You're willing to fight for what you believe in...
And willing to make tough decisions.
Don't forget - the people around you have ideas too!



Traduzindo ...
Brava e a descair para mandona.
Desato a discutir quando acho que tenho razão.
Decido e pronto.
Às vezes esqueço-me de que os outros também têm ideias.

Não anda muito longe da verdade, não ... viro grizzly quando estou piursa e gosto mais das minhas ideiazinhas do que das dos outros.
Ora, batatas. Quem não gostar que ponha na beira do prato.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ser "bonzinho" compensa ?

Ser "bonzinho" compensa ? Neste momento e neste estado de espírito, digo logo de caras: NÃO.

Andava eu com um astral óptimo, a cantarolar no carro a caminho do trabalho.
Pista importante: a canção chama-se "Bad Day", dos Fuel. A pensar que se o tempo andasse bom durante esta semana ia voltar à Guia.

Ao chegar perto da escola secundária, duas garotas paradas no princípio da passadeira.
Armei-me em "boazinha", Miss Goody Two-Shoes. Parei para as miúdas passarem porque calculei que queriam ir para a paragem do autocarro ou algo semelhante. E a pensar que se fosse a minha filha a caminho da escola também gostaria que outro condutor parasse para ela passar.
Elas agradecem, eu sorrio. Olho para o retrovisor.
"Aquele Honda vem muito depressa ... olha que po.... não me digas que não vai parar ! F...... !!!"

Não parou - pelo menos a tempo.

O carrito ficou com ar tristonho, como a caricatura de um bebé chorão. Não é para menos: em menos de um ano e meio é a terceira pantufada que este carro leva. Completamente parado. Aquele pára-choques nem seis meses tinha ...
A companhia de seguros demorou um bocadinho mais do que o habitual para abrir o processo de sinistro (devem andar cheiiiiiinhos de trabalho). E autorizar a peritagem. E vamos ver que carro me vão dar para circular enquanto este estiver parado.

Planos para ir passear à Guia ? Ao Guincho ? A vida é o que nos acontece enquanto andamos a fazer outros planos.
E naquele estado não tenho vontade nenhuma de andar a passear com o pobre "bolinhas". Bolas, nem às compras posso ir porque não dá para abrir o porta-bagagem! (Ou melhor, não experimentei porque se calhar depois não o consigo fechar).

Moral da história: se eu não fosse "boazinha" as miúdas talvez tivessem perdido o autocarro. E o meu bolinhas estava inteiro. E eu podia fazer planos. Agora assim ... nem antes do Natal.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Voar


Não é fácil quando as asas se quebram.



Não há leis para te prender
aconteça o que acontecer

Pensar demais


Às vezes basta sentir.



Let go your heart
Let go your head
and feel it now

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Reflexões

Pode-se estar só no meio de um ror de gente, mesmo que conheçamos todas e cada uma das caras que nos rodeiam e todos parem para nos cumprimentar.

É impossível manter a sanidade sem amigos - estes são quem nos mantém à tona quando nos cansamos de nadar contra algumas ondas mais fortes que a vida nos atira.
Por vezes, a volta da maré presenteia-nos com exemplares raros a quem podemos dar o nome de Amigos com maiúscula; são pessoas que talvez estejamos longo tempo sem ver face a face (em alguns casos, nunca) mas que mesmo assim sabemos que estarão "lá", que nos estenderão a mão sem hesitar e a quem não teremos pejo de fazer o mesmo.

São essas pessoas que nos fazem perder o(s) medo(s), que nos animam a gozar cada minuto da vida, a arriscar a perder o pé. Porque estão lá, connosco - mesmo que fisicamente estejam longe, estão por vezes mais perto de nós do que a multidão que nos rodeia. Com eles vale a pena parar para pensar ou pelo contrário partir à descoberta de visões mágicas, sejam golfinhos ou ursos polares adormecidos sobre arco-íris duplos - como portões de passagem para qualquer outro lugar.



Sem medo de perder o pé.

sábado, 29 de novembro de 2008

Dezembro

Não sei se é do frio ou do tempo. Mas tudo parece pesar imenso.



And I give it all away
Just to have somewhere
To go to
Give it all away
To have someone
To come home to
...

Distanciamentos

When routine bites hard
and ambitions are low
And resentment rides high
but emotions won't grow
And we're changing our ways,
taking different roads



(...torn apart...)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

10 anos

... e continua a ter para mim a mesma magia.




Sono umani tutti i sogni miei
Con le mani io li prenderei
(...)
Sto pensando a te


(Gosh, I'm such a sucker for the italian language)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Guia de Marcha



Um conselho – se querem uma vida profissional sossegadinha, não sejam francamente bons no vosso trabalho. Fazê-lo bem e dentro dos parâmetros funcionais “normais” é uma coisa; ter gosto e empenho, ultrapassar objectivos, etc. pode dar-vos cabo da pacatez e de qualquer projecto pessoal que tenham.

O porquê deste arrazoado? Hoje de manhã cheguei a uma rotunda a meio caminho do trabalho sem grande noção do percurso que tinha feito – parecia que o carro tinha vindo em piloto automático; isto só acontece quando estou preocupada ou cansada. Por isso antes que tenha um acidente no regresso é melhor desabafar um bocadinho.

Recebi “Guia de Marcha” sem data: em Dezembro ou Janeiro terei que ir para o outro escritório (260km para o Norte) durante 2 ou 3 dias tratar da implementação do novo software de Gestão de stocks. E não tenho vontadinha nenhuma de ir.

Fui a key person da implementação daquele software aqui onde estou. Quando tinha tudo inserido incluindo o atraso originado pelo upgrade tiraram-me "a criança" das mãos e entregaram-na a outra pessoa. Agora que é preciso fazer o mesmo no outro escritório, volta a tocar-me a mim ... Porra, sei que fiz um bom trabalho porque me esfolei à grande para isso - desde que aqui trabalho, nunca tínhamos tido as listagens do fim do mês tão cedo como quando estiveram por minha conta.

Portanto, a recompensa pelo meu esforço é ... mais uma dose do mesmo. Raios me partam se eu não vou acelerar o que puder para não ter que lá ficar muito tempo! É que além de ser longe (já disse que ficava a 260km daqui?) depois de terminado o horário não há praticamente nada para fazer - não tem piada jogar snooker sozinha, o ginásio está fechado à noite e a malta amiga lá do Porto tem que trabalhar no dia seguinte por isso nem dá jeito combinar nada com eles.

Lá terei que me conformar - deixo o taco em casa, levo o portátil, uma montanha de CDs de música e umas revistas de Sudoku para manter alguma agilidade mental. E Tetris! Tenho que levar o Tetris para desanuviar ...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Perfeitamente ridícula



O blogging tem muito que se lhe diga. Habituamo-nos a ter visitantes e espreitar as suas casinhas. Por vezes encontramos por lá cartões de visita de outros habitantes blogosféricos - e como as portas não estão trancadas visitamo-los também e vice-versa.
Numa das minhas perambulações deparei com uma coisa ridícula. Diria mesmo perfeitamente ridícula. Talvez a mais ridícula que vi nos últimos tempos.
Porquê? Apenas porque é uma das cartas de amor mais bonitas que já vi, em forma e conteúdo. E como tal, ridícula e excessiva - como o próprio autor reconhece.

A Carta

Por isso, ao Étranger renascido em Cisne, o meu cumprimento a raiar a pontinha da inveja por ter escrito algo tão, tão, mas tão ridículo que me fez amuar por nunca ter recebido nada assim.
Hoje não me digam nada, vou andar a fazer beicinho.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Secura



Há sempre uma altura em que nos cansamos de dar, dar e dar, sem nada receber em troca.
Secamos, simplesmente. E já nem uma lágrima corre de tanta secura.


Dry County

Infelizmente, este é um dos videos cujo embedding está indisponível. Fica o link - para a secura extrema da areia a escorrer por entre os dedos ao som da inefável guitarra de Richie Sambora.

Arrepios

... é o que sinto de cada vez que oiço esta música.




Porque será? ...

sábado, 22 de novembro de 2008

Quase perfeito ...


Fiquei a conhecer esta música há pouco tempo. Encantou-me a melodia, fascinou-me a letra.



E aqui fica ela:
Quase Perfeito

Sabe bem ter-te por perto
Sabe bem tudo tão certo
Sabe bem quando te espero
Sabe bem beber quem quero
Quase que não chegava
A tempo de me deliciar
Quase que não chegava
A horas de te abraçar
Quase que não recebia
A prenda prometida
Quase que não devia
Existir tal companhia

Não me lembras o céu
Nem nada que se pareça
Não me lembras a lua
Nem nada que se escureça
Se um dia me sinto nua
Tomara que a terra estremeça
Que a minha boca na tua
Eu confesso não sai da cabeça

Se um beijo é quase perfeito
Perdidos num rio sem leito
Que dirá se o tempo nos der
O tempo a que temos direito
Se um dia um anjo fizer
A seta bater-te no peito
Se um dia o diabo quiser
Faremos o crime perfeito


(música de Miguel Rebelo; letra de Miguel Angelo Majer)

Que venham o anjo ou o diabo ...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Serendipity (2)


Já houve quem estranhasse por eu falar várias vezes em Serendipity nos meus textos.

Tem uma razão muito específica de ser: o filme em si (com a estranha tradução de “Feliz Acaso”) e a história que ele encerra.
Ver no IMDB
Luvas perdidas e paixões que nascem do nada – ou de pequenos nadas. Reencontros. Decisões.
Já anteriormente tinha abordado no blog o próprio filme e aquilo para que me chamou a atenção -> Serendipity (Dezº/2006)
Na altura falei dos sinais, das escolhas e da coragem necessária para as fazer.

Agora penso muito mais nisso porque me tenho deparado com um enxame de coincidências e sinais, cada um deles remetendo-me para outro e todos concatenando-se numa dança cósmica que me deixa estonteada. Fruto do Acaso? Do Destino? Não sei, fico confusa porque tenho medo de interpretar mal. O pensar nisso reflecte-se, naturalmente, na escrita.
Porque eu própria (figurativamente) perdi uma luva e encontrei algo muito importante – uma chama intensa. De forma totalmente fortuita.
Se as luvas se reunirão ou não ... o futuro o dirá. Eu gostaria.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A dirty job

É tão 80s que "até dói". Mas acordei com isto na minha cabeça hoje, que hei-de fazer ?


Doçuras



Olho para ti com deleite
aproximo-me devagar
tocando-te as roupagens brilhantes
e sorrio docemente

sem te querer partilhar
trago-te para junto de mim
só nós dois, preparando-me
para um doce momento

prendo-te nas minhas mãos
acariciando-te adivinho
o teu interior
doce tentação
não controlada

dispo-te as vestes feéricas
aproximo os lábios
suavemente
absorvo o teu doce odor

a língua sedenta
não se acalma
enquanto não sentir
a tua doce harmonia

mordisco-te levemente
absorvendo o teu sabor
em breve os meus sentidos
explodem em doce esplendor

a tentação é demasiada
para me conter
devoro-te solenemente
devagar
docemente

e por fim na sofreguidão
do teu encanto agora derretido
que consumi por inteiro
cerro os olhos e penso apenas ...



"Adoro chocolate!"


(Nota: escrito após dois deliciosos quadradinhos de Cadbury Caramel. Nham!)

domingo, 16 de novembro de 2008

Nunca vos aconteceu



... olhar para o mar e de repente desejar ter asas para largar tudo para trás e partir na direcção do horizonte ?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Passeio

Uma pequena mudança de ares depois do almoço fez-me maravilhas ao astral ... tinha que sair de qualquer forma e aproveitei para estender o passeio à Quinta da Marinha. O sol derramando-se como prata líquida no mar, o verde intenso das árvores ... de vez em quando sabe bem relembrar porque é que não tenho mesmo vontade nenhuma de voltar a trabalhar em Lisboa.


Se pudesse tinha tirado a tarde para ficar ali, simplesmente sentada a olhar para o céu azul e aquele mar calmo e espelhado que tem o condão de me enfeitiçar completamente. Seria um dia perfeito ...

Segredos


Recados e Imagens - Frases - Orkut



... ou pelo menos de um.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Recordações

... da minha adolescência.





O slow perfeito para dançar? Na altura, pensava que sim; ainda hoje desperta velhas memórias ...

Por isso ...

... esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais.





Ainda se fosse só o sorriso não havia problema ... mas e o resto ?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Livro - Editora procura-se




Comecei à procura de uma editora que aceite publicar os meus "rascunhos". Acho que finalmente é tempo. E é uma aventura, acreditem.

Várias responderam amavelmente solicitando o envio dos textos para análise. O problema é que não sei quais escolher.
Amigos a quem pedi que lessem o Arco-Íris deram ainda pouco feedback. O trabalho é muito, eu sei ... mas todos os meus textos são meus "filhos" e não saberia (não sei mesmo!) seleccionar uns e deixar os outros de fora.
Por isso peço a quem tenha a amabilidade de visitar este cantinho que se dirija ao Arco-Íris e que "vote" no(s) seu(s) preferidos. Ou em algum dos que estão aqui e que não foram transcritos para lá.

Não vai ser fácil. Em última análise, se os amáveis editores me mandarem um email simpático dizendo "Obrigado por nos ter contactado mas falta-lhe qualidade para ser publicada na nossa Editora." limitar-me-ei a mandar produzir meia dúzia de exemplares no Lulu.com e oferecê-los como prendas de Natal. Até porque muitas vezes não sei o que oferecer aos amigos.
Só sei que a vontade de ver uma pequena amostra que seja de um livro de minha autoria é grande. E textos, tenho muitos, mesmo.

Vamos a ver como corre ...


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mais um dia ...

... é do que fala esta canção, que (confesso!) adoro.
Quero lá saber se é lamechice, se é demasiado 80's, assim ou assado, gosto e pronto! É mais uma daquelas que muitas mulheres, a começar por mim, adorariam ter quem lha dedicasse, sei lá porquê (tanga, sei e muito bem!)



Oh, já sei que desejar não adianta nada - mas posso sonhar, não posso ???

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

De outro Mundo

Bem me parecia que eu não era bem deste planeta; sempre deslocada, ganga e ténis quando as outras usavam saltos e mini-saias, óculos à Janis Joplin quando os outros usam RayBan, Ficção Científica quando toda a gente suspira com Nicholas Sparks ...

Graças a este site, descobri de onde vim, afinal.




You Are From Pluto



You are a dark, mysterious soul, full of magic and the secrets of the universe.

You can get the scoop on anything, but you keep your own secrets locked in your heart.

You love change and you use it to your advantage, whether by choice or chance.

You don't like to compromise, to the point of being self-destructive with your pigheadedness.

Live life with love, and your deep powers will open the world to you.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Vermelho

Inserido na sequência "Contos de Todas as Cores". Provavelmente irei um dia destes criar mais um blog só para estes textozitos ...

Vermelho


Nas dunas do Wadi Tumilat vivia um velho pescador. A artrite tolhera-lhe os dedos e as cataratas diminuíam a sua visão a cada novo dia.

A sua filha Bashirah enviara-lhe recados pedindo que fosse viver com a sua família. Sabendo que o velho Harith não quereria ser um fardo, Bashirah alegara que necessitava da sua companhia e sabedoria para educar os netos, Karif e Murad. Harith sempre ignorara as mensagens até agora. O frio intenso e as chuvas frequentes tornavam difícil a vida na cabana das dunas. A doença impedira-o de prover ao seu sustento nos barcos de pesca. Mazin, um dos mestres, ainda lhe dava peixe a troco de remendos nas redes mas já nem isso Harith conseguia fazer sem dores terríveis.

Decidiu por fim que era tempo de fazer a vontade à filha. Em espírito, despediu-se de Nisrin, a falecida esposa a quem chamara tantas vezes a sua Faridah (jóia), tão bela fora. Lamentara a sua perda mas naquele momento estava feliz por ela ter partido primeiro. Não queria que Nisrin o tivesse visto assim, velho e enfraquecido ... contendo as dores e a fome que nunca desaparecia completamente, Harith adormeceu.


Acordou de madrugada com uma voz sussurante ao ouvido: - Levanta-te, é tempo de partir.
- Nisrin ? – perguntou.
Não obteve resposta, apenas o rumor do vento. Não ... aquilo não era apenas vento. Parecia uma grande caravana. Quem passaria no Wadi naquela altura do ano ?
Afastou os juncos da entrada e viu uma fila imensa de gente com ar cansado. Tinham ar de estrangeiros e de quem caminhava há muito tempo, com as vestes cobertas de pó. Traziam poucos pertences, como se a partida tivesse sido apressada.
Ou em fuga. Agora que conseguia ver um ou dois rostos, via que ninguém olhava para trás.

“Quem serão ?” pensou. “Vai com eles” ouviu num sussurro. Desta vez teve a certeza de que se tratava de Nisrin, encorajando-o.
Pegou no cajado de que agora necessitava para caminhar, colocou alguns bocados de peixe seco numa sacola e esperou na porta. Para o fim da caravana, as pessoas estavam dispersas, quase todas tão idosas como ele. Não iriam dar conta de mais um caminhante.
Não ficou a pensar para onde se dirigiriam. Morrer acompanhado numa caminhada era melhor do que morrer sozinho numa cabana de juncos. Apercebeu-se de que havia gente atrás deles. “Não pares senão os soldados egípcios apanham-nos” ouviu uma mãe explicar a uma criança que se queixava de cansaço. “Soldados?” pensou Harith. “Mas então serão criminosos em fuga ? Não ... não pode ser ... há crianças e animais também, deve ser um erro! Porque estarão a ser perseguidos ?”

A certa altura a caravana deteve-se. Harith via tudo bastante enevoado, mas pareceu-lhe que tinham chegado ao Yam Suph – o Mar Vermelho não ficava longe. Já ali não ia há muito tempo, o que era natural uma vez que pouco conseguira pescar no meio de tanto junco e com marés tão extremas. “Provavelmente vamos esconder-nos” pensou. “Em vez de morrer na cabana vou morrer num pântano de juncos ... mais valera não ter vindo”. Apercebeu-se, no entanto, que as pessoas aguardavam algo. Nas margens do Yam Suph um homem falava com autoridade aos caminhantes, avisando-os de que teriam que atravessar o mais rapidamente possível logo que ele desse o sinal.

Subitamente, um vento forte levantou-se. O homem apontou o bordão às águas e, lentamente, elas começaram a descer. “Vamos, todos!” gritou.
Com ar aflito, os caminhantes apressaram-se a pisar no fundo descoberto do lago. “Apressem-se! Eles vêm aí!” exortavam-nos os homens mais jovens, ajudando as crianças e os idosos.
Harith olhou para trás mas devido às cataratas pouco via. Pareceu-lhe haver uma nebulosidade sobre a terra, barulho de cavalos ao longe. Mas o balir dos rebanhos que atravessavam com eles não o deixavam ouvir nitidamente o que lá vinha. Tentou apressar-se o mais que pôde.

Após horas de esforço intenso, os seus pés pisaram as areias secas da outra margem. Ajoelhou-se no chão, tocando a terra poeirenta com a testa mas depressa se endireitou. Num clamor, as águas do Yam Suph voltavam ao leito arrastando os soldados que os perseguiam. À sua volta, velhos e crianças gritavam de alegria sentados no chão. Vários tinham desmaiado devido ao cansaço.

Tinham atravessado!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

1950's Pin-Up Girls

Ok, sabem aqueles Quizzes engraçados que pululam na Web ?
Num blog que leio de vez em quando encontrei este e toca de experimentar...
"Which 1950's Pin-Up Girls are you?"

O resultado foi ...




You Scored as Betty Page

Betty Page
75%


Mae West
69%

Audrey Hepburn
56%

Jayne Mansfield
56%

Betty Grable
38%

Marilyn Monroe
31%



(Nesta página: http://quizfarm.com)




Confesso que não conhecia esta senhora ... mas fui cuscar e não desgostei ;o)

domingo, 12 de outubro de 2008

Arco-Íris

Uma selecção dos meus textos publicados aqui e noutras páginas foi transcrita para um novo local.
Servirá para compilar e escolher os que poderão ou não ser enviados para uma editora a fim de serem avaliados para possível publicação.

Ao contrário desta página, onde continuarei a falar do que me vai na alma, sejam músicas, filmes ou comentários sobre algo que li nas notícias, o outro cantinho é composto por textos estritamente de minha autoria.

Para quem tiver curiosidade:
Arco-Íris


Desde já agradeço os comentários que quiserem dispensar.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

De todas as cores

As conversas com a M e o livro que ela me emprestou ("Azul", de Carlos Canto Moniz) despoletaram uma torrente de ideias que tenho vindo a anotar.
Não sei porquê - as cores tornaram-se dominantes. Tenho notas para alguns contos, algo vermelho sobre um pescador, algo verde sobre uma floresta (o primeiro ensaio está já noutro lado, vou apenas transcrevê-lo para aqui), algo rosa sobre uma adolescente ... conforme as ideias vão surgindo (algumas em catadupa) tenho-as anotado. Pode ser que um dia saia disto um livrinho de contos; eu bem gostava.

...

Verde/Azul

Quando a floresta encontrou o mar, os cavalos subitamente começaram a galopar no seu âmago e o rio vermelho correu mais forte ... a floresta como que brilhou no reflexo das águas calmas até que a noite desceu sobre eles e a fímbria da maré cheia tocou as raízes das árvores. Uma pedra na praia fez salpicar a doce água salgada de encontro ao verde/castanho das copas fazendo as gotas assemelhar-se a lágrimas caindo de mil pestanas obscurecidas.

A maré baixou e o mar afastou-se ... mas as lágrimas permaneceram nas folhas como se a floresta chorasse a distância entre os dois.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Aibalhamedeus

Não bastava o sorrisinho e o ar sonhador, agora chegou ao ponto da lamechice ... tentei dar um jeito no texto (está repetitivo, pá!) mas era assim que ela o queria; vá lá que me deixou trocar algumas coisitas a bem de uma tentativa de métrica. Mas com limitações.

Deu nisto:

"Abro os olhos, não te vejo
para mim ainda é noite
pois noite será sempre
até que te volte a ver

Abro os olhos, não te vejo
para mim está nevoeiro
pois enevoado estará
até que te volte a ver

Fecho os olhos e murmuro
o teu nome novamente
sabendo que não ouvirás

Limpo as lágrimas, suspiro
volto a deitar-me no leito
sabendo que lá não estarás"



É oficial. A M passou-se.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A night to remember

É esta a música de que falava em "Mar Azul".
Não gosto nem um bocadinho do clip original, daí que tivesse que procurar um bocado por uma actuação com som decente ... embora preferisse a live in Lisbon esta tem, de facto, um som melhorzinho.

http://www.youtube.com/watch?v=awaqyMET9PA

...

domingo, 21 de setembro de 2008

Mar Azul

Das conversas com a M, este foi o resultado ...

"Olhando para o mar penso em ti.

O desejo atinge-me em ondas irregulares como o mar batendo ao fundo, na falésia.

Está frio. Rodeio o corpo com os meus próprios braços desejando que foram os teus, numa dança lenta e compassada. Dou por mim seguindo o ritmo da música, alheando-me de tudo o resto excepto o som, o sonho e o mar. Rodopio lentamente, um braço ondeando, o outro abraçando o vazio de tal modo te quisera comigo.

Olhando para o mar imagino-te junto a mim, a tua respiração no meu cabelo, a minha testa roçando-te a base do queixo enquanto dançamos uma canção romântica que fala de noites inesquecíveis. E sei que se de facto aqui estivesses esta noite seria inesquecível, ainda que apenas nos limitássemos a estar juntos, calados. Mas sei também que isso seria difícil, tal é o desejo acumulado em mim e que me sobe à pele como electricidade estática, arrepiando-me a penugem dos braços e os finos cabelos da nuca.

Olhando para o mar respiro o ar frio sentindo a maresia. Mas em vez de me acalmar só torna o desejo mais premente, a tua falta mais insuportável, mais difícil de aguentar a distância que nos separa. Sento-me e acendo um cigarro, olhando para o fumo que se evola enquanto os dedos da outra mão brincam interminavelmente com uma madeixa de cabelo.

Olhando para o mar vejo os teus olhos e imagino diálogos, risos, conversas interrompidas por beijos. Ah, os beijos ... a boca seca-se-me na ausência da tua, tão grande é a fome que tenho de ti, de te sentir com os lábios enquanto os braços se embrulham e os corpos se entrelaçam. Bebo mais um golo de água sentindo o frescor descer-me pela garganta e algumas gotas salpicam-me o peito, fazendo o meu ventre contrair-se de anseio como que antecipando o teu calor que afinal não chegará.

Olhando para o mar chamo-te em silêncio. Apenas uma lágrima solitária se digna comparecer ao meu apelo fazendo o desejo doer nas fibras do meu corpo. Sufoco o desejo e vou deitar-me, sabendo que nos meus sonhos voltarei de certeza a ver o mar e a pensar em ti.


Na profundeza azul do sonho liquefeito estarás comigo."

(Setembro 2008)

domingo, 14 de setembro de 2008

Azul de M

Ultimamente tenho estado mais vezes com a M. É uma amiga de longa data a quem reencontrei há uns anos, parecendo que nem tempo nem distância afectaram a nossa proximidade.
A M trabalha na área Comercial e, ao contrário do que muita gente pensaria, é uma pessoa "acomodada"; não gosta de fazer ondas nem bater o pé mesmo quando lhe roubam descaradamente as ideias.
De há um tempo para cá anda alegre e sorridente, tanto que dá gosto ver. Esmera-se na roupa que veste, voltou a usar cores vivas e saltos altos. Num dos nossos encontros regados a café confidenciou-me "conheci um sujeito que me deu a volta à cabeça ..."

Emprestou-me um livro recomendando-me que o lesse com calma. A verdade é que a M sabe que eu sou um "bookworm" e que quando gosto de um livro o devoro. É o caso deste que ela me emprestou. Com um meio sorriso conta-me que várias coisas no livro a fazem lembrar do tal sujeito, o que me despertou a curiosidade.

No outro dia surgiu-me com um pedido: "Tens mais jeito com as palavras do que eu, que sempre fui mais de imagens e cores. Não queres escrever uma história ?"
Lembrei-lhe que tive um "writer's block" que me estagnou uma história a meio.
"Não quero que inventes, apenas que convertas em palavras bem articuladas o que eu te contar - porque se eu tentar sabes bem que sai tudo meio torto e acabo por não conseguir dizer o que queria".

Vendo que era importante para ela acabei por concordar. Sem prazos nem limitações de forma ou tamanho. Escrever à medida do que ela me contasse e "lançá-lo" aqui no meu blog.

Da maneira como ela anda, acho que vou ter muito para escrever nos próximos tempos ...

domingo, 7 de setembro de 2008

Também gostaria muito

... que alguém me cantasse esta, com muito sentimento.
É bom sentirmo-nos amados ...



...

Desperate for changing
Starving for truth
I'm closer to where I started
Chasing after you
I'm falling even more in love with you
Letting go of all I've held onto
I'm standing here until you make me move
I'm hanging by a moment here with you

Forgetting all I'm lacking
Completely incomplete
I'll take your invitation
You take all of me now...

I'm falling even more in love with you
Letting go of all I've held onto
I'm standing here until you make me move
I'm hanging by a moment here with you
I'm living for the only thing I know
I'm running and not quite sure where to go
And I don't know what I'm diving into
Just hanging by a moment here with you

There's nothing else to lose
There's nothing else to find
There's nothing in the world
That can change my mind
There is nothing else
There is nothing else
There is nothing else

Desperate for changing
Starving for truth
I'm closer to where I started
Chasing after you....

I'm falling even more in love with you
Letting go of all I've held onto
I'm standing here until you make me move
I'm hanging by a moment here with you
I'm living for the only thing I know
I'm running and not quite sure where to go
And I don't know what I'm diving into
Just hanging by a moment here with you

Just hanging by a moment (here with you)
Hanging by a moment (here with you)
Hanging by a moment here with you

O que gostaria que me cantassem ... (1)

...



...

what day is it
and in what month
this clock never seemed so alive
I can't keep up
and I can't back down
I've been losing so much time

cause it's you and me and all of the people
with nothing to do
nothing to lose
and it's you and me and all of the people
and I don't know why
I can't keep my eyes off of you

all of the things that I want to say
just aren't coming out right
I'm tripping inwards
you got my head spinning
I don't know where to go from here

cause it's you and me and all of the people
with nothing to do
nothing to prove
and it's you and me and all of the people
and I don't know why
I can't keep my eyes off of you

there's something about you now
I can't quite figure out
everything she does is beautiful
everything she does is right

you and me and all of the people
with nothing to do
nothing to lose
and it's you and me and all of the people
and I don't know why
I can't keep my eyes off of you

you and me and all of the people
with nothing to do
nothing to prove
and it's you and me and all of the people
and I don't know why
I can't keep my eyes off of you

what day is it
and in what month
this clock never seemed so alive

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Será desta ???

Parece que alguém acordou de repente e decidiu reforçar a oferta de CET na zona LVT. Quem terá sido a mente brilhante que o fez ? É que gostava, sinceramente, de lhe agradecer - por ter encontrado um CET que cobre áreas do meu interesse e em horário pós-laboral!

É que há coisas que não cabem na cabeça de ninguém - a menos que ao ser lançado um CET seja algo tipo "experiência" ou como aquelas acções de promoção que encontramos nos hipermercados "Já provou este novo iogurte ?", "Já conhece o nosso detergente ?" ... porque os CET são algo caído do céu para quem está empregado a tempo inteiro e sem condições de pagar propinas por vezes elevadíssimas numa licenciatura ou sem possibilidade de se comprometerem com um curso de 3 anos no mínimo. Criar um CET que só funciona em horário laboral é pedir a pessoas válidas, que querem prosseguir estudos sem deixar de trabalhar, que optem entre desistir do CET ou desistir de trabalhar durante uns tempos.

É que licenças sabáticas são muito bonitas no papel mas inacessíveis ao "povo comum". Se eu dissesse ao meu patrão "preciso de um ano de licença sabática para voltar a estudar" ele provavelmente convidava-me a assinar um acordo de rescisão de contrato de trabalho ... sem contar que iria ter que dormir no carro porque perderia a casa por falta de pagamento das prestações, não ?

Vivam os CET em horários diferenciados!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Parar para pensar

Uma música que tenho ouvido muito, ultimamente. Boa para acompanhar aqueles devaneios de "e se um dia ..." ou "e se em vez de ..." relembrando-nos das oportunidades que se perdem por estarmos concentrados em outras coisas quiçá menos importantes.





V1: Take time to realize,
That your warmth is
Crashing down on in.
Take time to realize,
That I am on your side
Didn't I, Didn't I tell you.

But I can't spell it out for you,
No it's never gonna be that simple
No I cant spell it out for you

C: If you just realize what I just realized,
Then we'd be perfect for each other
and will never find another
Just realized what I just realized
we'd never have to wonder
if we missed out on each other now.

V2: Take time to realize
Oh-oh I'm on your side
didn't I, didn't I tell you.
Take time to realize
This all can pass you by
Didn't I tell you

But I can't spell it out for you,
no it's never gonna be that simple
no I can't spell it out for you.

C: If you just realized
what I just realized
then we'd be perfect for each other
then we'd never find another
Just realized what I just realized
we'd never have to wonder
if we missed out on each other now.

V3: It's not always the same
no it's never the same
if you don't feel it too.
If you meet me half way
If you would meet me half way
It could be the same for you

C: If you just realize what I just realized
then we'd be perfect for each other
then we'd never find another
Just realize what I just realized
we'd never have to wonder

Just realize what I just realized
If you just realize what I just realized
OoOoOOo
missed out on each other now
missed out on each other now
Realize, realize
realize, realize

[ "Realize" - Colbie Caillat : Lyrics on http://www.lyricsmania.com/ ]

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Amigos

Pela segunda vez num espaço de tempo muito curto, alguém que me é próximo perde um familiar. E se num dos casos consegui falar com a pessoa e estar ao seu lado, no segundo caso tal não foi possível. Vi-me limitada a enviar uma SMS para transmitir o meu carinho e apoio. Mas isso irritou-me, porque a amizade não cabe numa SMS. Não há espaço suficiente. E foi exactamente por causa disso que acabei por escrever um dos meus desabafos - que acabou por ser maior do que inicialmente tencionava.
Aqui fica.

----§----
Ai, amigo ...

Não dava.
Não havia maneira.
Por mais que eu quisesse, não havia forma de condensar em 160 caracteres tudo o que te queria dizer.
Não conseguia concentrar em 160 espacinhos o que me ia na cabeça e na alma.

Tive que me contentar em enviar meia dúzia de palavras abreviadas para te (vos) transmitir que quereria ter estado contigo (convosco) numa hora tão triste como aquela por que passaram. Ao condensar demais as ideias e as palavras – em 160 míseras casinhas – caí nas mais que repetidas mensagens que decerto recebeste nestes últimos dias. Mas não podia ficar completamente afastada, já que presencialmente não me podia manifestar.

Há um mail que circula dizendo que a parte do corpo mais forte que possuímos são os ombros. São eles que seguram a nossa cabeça, umas vezes direita e firme, outras vezes cabisbaixa – por tristeza, vergonha ou mal-estar, não interessa. Mas para além de nos segurarem direitos são também os ombros que têm a importante função de apoiar os Amigos nas horas boas e nas más.
Já emprestei os ombros a amigos e já pedi ombros emprestados, quer para partilhar algo de maravilhoso quer para dividir uma tristeza imensa. Pois eu quereria ter estado convosco para te emprestar o meu ombro. É que, digo-te já, é um ombro bem experiente – em horas positivas e negativas. Mas quisera pô-lo à tua disposição nesta hora. Para desabafar, para chorar, fosse o que fosse; até para esmurrar se te apetecesse caso fosses dominado por uma legítima ira face ao que aconteceu.

Mas não pude comparecer, não pude estar ao teu (vosso) lado. Não pude abraçar-te e dizer-te baixinho “não precisas de falar, chora à vontade se quiseres”. Não pude estar convosco numa hora em que todo o apoio ajuda para suportar uma grande dor. Tive que me contentar com 160 caracteres para, afinal, não conseguir dizer o que queria ... daí que agora escolhi escrever tudo antes que a memória – essa grande malandra - me atraiçoe e roube as palavras que quereria dizer-te.

160 espacinhos para te dizer o que me vai no coração ? Não chegam e nunca chegarão para ilustrar a verdadeira dimensão da Amizade e do Carinho.

Espero que este “pequeno” texto o consiga. É que daria imenso trabalho escrever isto tudo em blocos de 160 de cada vez, ainda para mais porque não conseguimos utilizar os dedos todos num telemóvel – ia ficar com uma valente cãimbra nos polegares ...

Espero também que quando este texto te chegar às mãos (ou à vista, melhor dizendo) te sintas um pouco melhor. Mas se não for o caso, os ombros cá continuam à tua disposição sempre que precisares.

Afinal, é para isso que servem os ombros dos Amigos, não é ?

sexta-feira, 23 de maio de 2008

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Coisas de miúdos

Entre alguns blogs que tenho o hábito de ler de tempos a tempos consta o de Pedro Ribeiro, o Sr. "Manhãs da Rádio Comercial" por excelência (http://osdiasuteis.blogs.sapo.pt/). Pela primeira vez o tema deu-me vontade de comentar, além de ler. E inspirou-me a partilhar algo do meu dia-a-dia mais recente.

Ultimamente, quer o meu filho (pequenote mas com a mania de que é um homenzarrão) quer a mana (bem mais crescida) resolveram reviver uma velha tradição nossa: as leituras à hora de deitar. Cada um escolhe um livro da colecção e a mãe lê à vez. Não sei se foi porque se habituaram, por acharem piada às vozes com que leio ou por gostarem mesmo das histórias: quase invariavelmente escolhem livros da Rua Sésamo. Ok, uma ou outra vez, do Winnie the Pooh. Riem-se com o facto de, em todos os livros da Rua Sésamo, o livro que está a ser lido por alguém (professora, irmã ou monstrinho) é "A menina dos caracóis de ouros e os três ursos". Com as vozes do Gualter ou do Egas. Ou o sotaque da avó do Poupas. Riem-se também com o Winnie a rebolar ladeira abaixo fingindo que é uma grande abóbora bem redonda.

Mas acho que qualquer daqueles livros tem poderes mágicos. No fim da história já um sorriso se desenha sob um par de olhos sonolentos e conforme estes se fecham, entre dentes solta-se um balbuciado "boa noite, mãe ...".


Um fim calmo para um dia que começou sombrio, quando soube do falecimento de um amigo. Após doença grave que lhe roubou as forças de forma traiçoeira ao fim de um combate de meses, o marido de uma grande amiga está por fim livre do sofrimento que lhe marcou os últimos dias. Queria poder largar tudo para estar com ela nesta hora de dor, para lhe emprestar a parte mais forte do corpo que cada um de nós tem - os ombros, para amparar os amigos.
Cassie, sê forte ... um beijo grande.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Aprender

"Burro velho não aprende línguas".
Utilizada por muita gente, esta frase incentiva a cair em erro. Alguma vez um burro aprendeu línguas ? Ou quem é que é capaz de avaliar a idade do burro, já agora ? Mais ainda: quem decide o que é "velho" ou não ?

Este desabafo surge porque não me contento em ficar sentadita a cumprir o meu horário e sem tentar melhorar o que seja, inovar, optimizar. Como nunca cheguei a ir para a Faculdade e agora a vida não me permite andar a pensar em empatar 3 anos da minha vida (por maior que seja o retorno) pensei em Cursos de Especialização Tecnológica - uma formação mais avançada e específica em determinadas áreas, sem invalidar que o formando possa, mais tarde, prosseguir para o Ensino Superior.

Agora é que a porca torce o rabo: a oferta destes CET é escassa; na minha área profissional, então, quase inexistente. A pouca formação em CET que existe ligada à Contabilidade surge fora de Lisboa ... o ISCA de Aveiro tem CET, porque raio não haverá o ISCAL de ter também ?
Ou outra instituição de ensino reconhecida que não nos sugue vários meses de salário bruto para uma "Pós-Graduação" que, pelo facto de não termos um canudito anterior, apenas irá conferir "certificado de participação" ... como querem que os profissionais "de campo", os "operacionais" tenham formação actualizada se não têm onde a ir frequentar ?
É que, quer queiram quer não, uma boa fatia dos "operacionais" são pessoas que apenas concluíram o Ensino Secundário mas depois acumularam anos e anos de bagagem profissional que lhes permite discutir mano-a-mano com quem tem o dito canudo.

Muitas empresas, com estes novos incentivos, exigem licenciaturas para atender telefones e tratar do correio ... mas não lhes passa pela cabeça que a pessoa que aceitar ir para lá apenas o fará de forma temporária ? Que não andaram a queimar pestanas em Análise Financeira, Direito Comunitário ou Sociologia do Trabalho durante ANOS para depois ganhar meia dúzia de euros a atender telefones ? O que buscam estas empresas ? Incentivos fáceis dados com o intuito de empregar o maior número possível de recém licenciados ?

Agora a outra face da moeda ... se todas as empresas resolverem contratar recém licenciados para tudo e mais alguma coisa: 1) que acontecerá aos operacionais sem canudo ? 2) quem irá complementar a formação "onjob" desses recém licenciados cuja formação foi quase totalmente teórica ?
Respostas possíveis:
"Os operacionais podem voltar a estudar"; pois, mas com quê ? Tanto quanto sei, não podemos pagar propinas com ideias nem com cabelos brancos. E até porque há quem não tenha abundância de uns nem de outros.
"Os recém-licenciados podem aprender com outros licenciados que já trabalhem há mais tempo nas empresas"; ok, por exemplo quando o prazo da entrega da declaração do IVA estiver a apertar, ou se faz o trabalho rapidamente ou se dá formação. As duas coisas é que me parece difícil, porque duvido que hajam empresas com 3 ou 4 directores financeiros. Ainda para mais porque muitos destes ou nunca foram ou já há muito tempo não são "operacionais" e levam mais tempo a fazer algumas tarefas relativamente simples porque já se esqueceram como o fazer ...

Estou com um tom azedo ? Sim, é normal. Porque por cada vaga de emprego a que me candidato e sou rejeitada com base em "perfil inadequado" (uma máscara para "lamentamos mas se não és licenciada não tens hipótese") uma enorme fatia irá vagar novamente porque quem foi recrutado com o "perfil adequado" irá daqui a algum tempo mudar para outro emprego com melhores perspectivas. E as empresa empregadoras e/ou as empresas de recrutamento irão novamente delinear o "perfil adequado" assente no obrigatório canudo. Admiram-se que queira estudar mais um bocadinho ? Querer eu queria, garanto - mas onde ?

terça-feira, 1 de abril de 2008

Tempo

Escorre-nos por entre os dedos como areia da praia. Tem valor diferente para pessoas diferentes em situações diferentes ainda que a unidade de medida seja igual. 10 minutos de jogatina no computador não valem o mesmo que 10 minutos de castigo. 1 minuto vale de forma diferente consoante o acontecimento que se aguarda ... se antecipamos algo agradável, parece que a tarde demora a passar; se nos pesa o que iremos encontrar em casa, parece que está a passar demasiado depressa.

O Tempo não é apenas um tema para conversa de algibeira ou troca-letras com que se desafiam os miúdos. É algo de precioso que não volta depois de fugido, que não cresce depois de arrasado, que não nasce depois de gasto.
Só se acumula o que ainda não passou. Se o ponteiro já se foi, deixou de ser tempo, passou a ser uma memória.

Para terminar, a frase na parede do Studio 60 on the Sunset Strip (atribuída, creio eu, a Groucho Marx):
"Time flies like an arrow ... fruit flies like a banana"

Nota: tenho que guardar uma tarde para falar de memórias desenterradas e de um velho ditado. E já agora, de publicar fotos dos meus quadros ...