terça-feira, 9 de março de 2010

Dar nomes às coisas

Uma amiga disse-me hoje que um elaborar um livro será algo como um parto - sem a parte da dor.
De facto, um livro é como um filho, mas saído da nossa alma em vez do corpo.

Portanto agora tenho um pequeno dilema: tenho um projecto de "filho" para apresentar a uma editora mas não sei que nome lhe dar. Os amigos que consulto com ideias são tudo menos consensuais. Quero que "o meu menino" tenha um nome mais apelativo do que apenas "Retalhos do Arco-Íris", que convide mãos sensíveis a ler as palavras moldadas no seu interior, as paisagens descritas e os sentimentos pincelados. Quero que quem olhar para ele saiba que mostra as minhas rotas, os meus caminhos, as minhas baías seguras e as costas infestadas de monstros de que me afasto, como velhas Cartas de Marear da minha vida e do meu sentir.
Ainda não achei nenhum que me faça retinir um sininho cá dentro como se dissesse "é mesmo isto!".

E agora?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Projectos

A amiga de quem falei no post anterior e à qual por razões de privacidade chamarei agora (até que ela me diga o contrário) Prinçusa Leandra adora escrever. Tenho acompanhado a sua evolução de escrita (meteórica, por sinal) e gosto de brincar aos revisores com ela - que é como quem diz, olhar para um texto em bruto e dizer-lhe o que acho que falta ou está a mais. Coisas como vírgulas ou parágrafos, por exemplo.

Um dia destes a Prinçusa veio falar-me de um concurso. Uma editora propunha-se lançar uma antologia de contos e ilustrações na área do Fantástico, com prémios para os primeiros classificados em cada categoria e tudo. É claro que pensei "Fantástico! Até que enfim alguém dá lugar aos autores desconhecidos!". Ainda pensei em concorrer também - mas, como devem ter calculado pelo ar de abandono que o blog teve até esta manhã, estava total e completamente desinspirada tirando uma ou outra convulsão sináptica que jorrou para o Arco-Íris do lado.
Surgiram vozes contestando a editora (chamando-lhe vanity press e author mill) e a validade do concurso. Mas o concurso foi para a frente e no final de Outubro passado o livro foi lançado. Quase todos os textos submetidos foram publicados - creio que com as ilustrações se passou o mesmo. Perguntei à Prinçusa qual o saldo da experiência: "Negativo. A revisão foi pobre e o preço dos livros foi alto... se soubesse não me tinha metido nisso". Passou a encarar concursos/passatempos com esta tipologia com um pé atrás.
Mas gostou, como eu sei que um dia gostarei, de pegar num livro e ver o seu nome, o seu texto, as suas palavras impressas e à disposição do público. Não como num blog, onde damos as nossas palavras, o nosso tempo e muito do que nos vai cá dentro. Um livro, material, palpável, que outros pagarão para ter. O nosso "trabalho" a ser avaliado, a ser apreciado, a servir de prenda para alguém, a ser lido por quem vai saber o nosso nome - não apenas XR, Mag, Laranja ou Prinçusa Leandra, mas quem somos "lá fora".
Para ti, Prinçusa, o meu voto de que as tuas palavras cheguem aos escaparates das grandes livrarias, que os teus contos sejam lidos à lareira ou nos transportes públicos, oferecidos ao irmão ou à namorada. Sabe-se lá se um dia até fazem um filmucho baseado nas tuas histórias ... olha que acho que gostaria de o ver. ;)

Xiii... já???

Epá... mudámos de ano e quase nem dei por isso! A sério!
A vida continua mais ou menos na mesma. Alegrias e desilusões, chatices e projectos - uns com pernas para andar outros irremediavelmente arrumados na prateleira (e nem sempre por culpa minha).
Já uma vez tinha dito que não vejo o blog como uma página do twitter. Se me apetecer escrever, escrevo - caso contrário fica a ganhar pó virtual. Não tenho obrigação a não ser comigo mesma, de não sentir que tenho algo a dizer e atirar para o canto. Não sou politicamente correcta. Barafusto, grito e digo asneirolas se estiver francamente irritada. Mando outros condutores brincar com um cone de sinalização quando me obrigam a travar a fundo devido a uma manobra mal feita (deles, claro).

Só que durante todo este tempo ocorreram várias coisas que quero mencionar.
*A mais recente foi a minha sobrinha de cinco anos ter começado a fazer as chamadas "perguntas complicadas"... o que quer dizer que a mãe dela vai ficar a saber o que eu passei quando os meus tiveram essa fase (big evil grin showing up).
*A minha irmã de alma envolveu-se em projectos que a enchem de alegria - e a mim de desmedido orgulho por ter tido o privilégio de acompanhar a gestação desses projectos e sonhos e, ainda que numa escala minúscula, dado o meu apoio ou espicaçado a prosseguir consoante o caso.
*Uma amiga "recente" mas a quem pareço conhecer há décadas (não muitas senão teria andado com ela ao colo ... ai espera, até tenho idade para isso!) conseguiu algo que também quero para mim um dia (ser publicada! estavam a pensar no quê, hum?)
*Comprei uma mesa gráfica que, embora não seja daquelas marcas e modelos todos XPTO-ripipi, faz o que quero, portanto fico contente com isso
*Voltei a um dos meus grandes amores ....... a escrita sái-fái
*Tive uma resposta "mais ou menos positiva" de uma editora aos meus textos do Arco-Íris - agora que implicação/contornos terá essa resposta ainda está para ser visto
*Aprendi coisas novas, algumas sobre mim mesma.

Como vêem, estive ocupada. Já perceberam porque é que não andei a escrever por cá?