segunda-feira, 26 de junho de 2017

The Greatest

Melt me down
Into big black armour
Leave no trace of grace
Just in your honor
Lower me down
To culprit south
Make 'em wash a space in town
For the lead
And the dregs of my bed
I've been sleeping
Lower me down
Pin me in
Secure the grounds
For the later parade


Once I wanted to be the greatest
Two fists of solid rock
With brains that could explain
Any feeling



Lower me down
Pin me in
Secure the grounds
For the lead
And the dregs of my bed
I've been sleeping
For the later parade

Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could stall me
And then came the rush of the flood
The stars at night turned deep to dust

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Espaço

Faltas-me aqui,
no intervalo entre os braços estendidos...
rente ao peito, onde o coração
pulsa, violentamente,
o teu nome.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

[Palavras de outros] - Il Bacio

Il bacio appena sognato
in una notte di tradimenti,
dove tutti consumano amplessi
che non hanno profumo,
il tuo bacio febbricitante,
il candore delle tue labbra,
somiglia alla mia porta
che non riesco ad aprire.
Il bacio è come una vela,
fa fuggire lontano gli amanti,
un amore che non ti gela
che ti dà mille duemila istanti.
Ho cercato di ricordare
che potevi tornare indietro,
ma ahimè il tuo bacio
è diventato simile a un vetro.
Io come un animale
mi rifugio nel bosco
per non lasciare ovunque
il mio candido pelo.
Il pelo della mia anima
è così bianco e così delicato
che persino un coniglio ne trema.
Tu mi domandi quanti amanti ho avuto
e come mi hanno scoperto.
Io ti dico che ognuno scopre la luce
e ognuno sente la sua paura,
ma la mia parte più pura è stata il bacio.
Io tornerei sui monti d’Abruzzo,
dove non sono mai stata.
Ma se mi domandano
dove traggono origine i miei versi,
io rispondo:
mi basta un’immersione nell’anima
e vedo l’universo.
Tutti mi guardano con occhi spietati,
non conoscono i nomi delle mie scritte sui muri
e non sanno che sono firme degli angeli
per celebrare le lacrime che ho versato per te.

(Alda Merini)

Pálido ponto azul

Tenho um terraço, daqueles no topo do prédio e tudo, mas a vista lá de cima não é nada de especial.
Às vezes vejo aviões militares a passar. Mas só às vezes, porque habitualmente voam bem lá no alto e só lhes ouvimos o ruído do motor.

Em dez anos, devo poder contar pelos dedos a quantidade de tardes sem vento naquele local e que coincidiram com fins de semana ou dias de férias; que é o mesmo que dizer, a quantidade de vezes em que pude acender o grelhador a carvão. Só o fiz 3 ou 4 vezes, afinal. Isso diz muito sobre o vento, mas nada sobre outros factores.

A verdade é que, de há alguns anos a esta parte deixei, praticamente, de ir ao terraço.
Durante o dia a vista não é nada de especial, como disse. E está vento, mesmo quando o céu está limpo e azul. Seria diferente se tivesse vista para o mar. Aí, nem vento nem chuva me arredariam do sítio de onde os meus olhos poderiam procurar paz.


À noite é diferente.
Nos dias quentes, depois de um horas de sol a bater nos mosaicos do chão, o vento parece pouco mais do que uma aragem. Ou então é mesmo pouco mais do que uma aragem, e até sabe bem.


O terraço tem um parapeito sólido, uma barreira eficaz à poluição luminosa oriunda da rua lá em baixo - mas só se nos sentarmos no chão, sentindo o mosaico ainda a irradiar o calor acumulado durante o dia. O terraço torna-se então um óptimo posto de observação do céu nocturno.
E é exactamente por isso que agora é raro ir para lá - a menos que estejamos em tempo de Aquáridas, Perseidas ou Oriónidas.
Porque perder os olhos na imensidão do céu, nas incontáveis estrelas acima de mim, fazem-me sentir o peso da minha pequenez e insignificância.
Eu, com todos os meus sonhos, desejos e medos, não passo de um micróbio entre sete mil milhões de micróbios correndo, vivendo e morrendo num pequeno e pálido ponto azul no quintal de uma galáxia entre milhões de galáxias.

Olhar para o céu, à noite no terraço, é olhar para o infinito.
E isso faz-me sentir infinitamente só.