Este post nasceu de uma conversa que venho tendo com a minha siss de há algum tempo para cá. Como reconhecer o Amor? Bom - para isso primeiro temos que identificar o que é para que o possamos reconhecer ...
Então afinal o que é o Amor? Tanta gente discute sobre isso e cada um acaba por tirar as suas conclusões pessoais. Ou nenhumas, ficando na dúvida. Aqui ficam as minhas.
O Amor traz uma grande vontade e capacidade de entrega. E numa relação a entrega é mútua. Só que por vezes essa entrega não é bem Amor - é Paixão.
Muitas vezes agimos com base em impulsos, avançamos para relações porque estamos apaixonados e a outra pessoa nos faz sentir bem - apenas para descobrir mais tarde que o Amor não é apenas isso.
Quando se tem que fazer demasiadas concessões para que uma relação resulte, não é Amor. É compromisso, é entrega, é vontade de fazer com que funcione. Mas não Amor.
É claro que há concessões e concessões! Uma coisa é mudarmos de hábitos - outra é mudarmos o que somos. E se o fazemos apenas para agradar à outra pessoa e não por nós próprios isso acaba por voltar ao cimo mais tarde ou mais cedo, a menos que à força de fazer tanta concessão e mudar tanta coisa um dos dois se torne um capacho do outro. E uma relação dessas pode ser funcional, podem ambos sentir-se bem assim preenchendo as necessidades um do outro. Mas não venham dizer-me que isso é Amor!
Para mim, o Amor tem que ter uma grande base de respeito aliada à tal adaptabilidade que nos permite fazer a concessão de alterar hábitos. Se numa relação um quer mudar características do outro, não ama essa pessoa per se mas sim um ideal ao qual quer que o outro se molde. E aí, ou o outro se deixa moldar, perdendo com isso a sua individualidade, ou acabam por chegar à conclusão que não existe, de facto, Amor. Isto tanto pode demorar semanas como anos. Mas mais tarde ou mais cedo as dúvidas surgem e as relações são abaladas.
Outro ingrediente importante é a Amizade. Todos nós temos conhecidos, amigos com letra pequena e Amigos com letra grande. Quando um Amigo está em baixo apoiamo-lo e sabemos que fará o mesmo quando precisarmos; se tiver uma atitude errada fazemos-lho notar (em privado) embora o possamos apoiar publicamente - ou pelo menos tomar uma atitude neutra. Falar de algo que achamos que está errado também é ser Amigo. A questão aqui é esta: gostamos dos Amigos como são, não como gostaríamos que fossem. Não tentamos mudar um Amigo, aceitamos melhor ou pior as suas idiossincrasias e eles as nossas. Porque haveríamos então de tentar mudar a pessoa com quem mantemos uma relação amorosa? Um Amigo vale mais do que um parceiro?
Para mim não - um parceiro deve, isso sim, ser um Amigo. Alguém a quem confiamos os nossos segredos, a nossa vida se for o caso, cujo espaço respeitamos sabendo que o nosso será respeitado porque o Amigo também nos aceita como somos e não nos tenta mudar a todo o custo.
O Amor pode acabar. Mas se da essência de uma relação fizerem parte o respeito e a amizade não se acumulam amarguras. Desapontamento, talvez. Pena. Tristeza. Mas não amargura porque a alegria e carinho dos momentos que se partilharam é grande. Cabe aí aos dois elementos serem suficientemente grandes para deixar o outro viver a sua vida, reconhecer que o espaço de cada um já não se sobrepõe. Deixar voar em liberdade porque queremos que o outro seja feliz. Sem amarras.
O Amor dá asas, faz-nos voar. Uma relação de verdadeiro Amor é um voo partilhado à descoberta de nós próprios e do mundo que nos rodeia, em que cada um pode estender livremente as suas asas ao máximo. Em conjunto.
Agora com licença, vou ali dar uma voltinha pelo céu ;)
2 comentários:
Sinto uma espécie de orgulho indisfarçável (estou toda "cheia" de mim mesma) por ter contribuído, em inúmeras conversas de msn e telemóvel, para este tema... brilhantemente escrito (como não podia deixar de ser) pela minha siss!!!
Gostei que tivesses tirado da gaveta esta tua veia de textos compridos e deliciosos, siss.
Mais uma vez, adoro ler-te. E conhecer-te.
É uma balança que raramente se mantêm ao mesmo nível, existe um pêndulo que acumula o todo do relacionamento entre as partes que crescem separadas, as contrariedades e ideias erradas tornam-no mais pesado quando descai para o lado que não avança a tempo, Amor é reter o pêndulo contra nós próprios e criar espaço para que o outro lado se apoie e se levante até que o equilíbrio seja restituído…
(acho que se o soubesse, não o escrevia)
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