Em meia dúzia de linhas, criamos/recriamos realidades alternativas/virtuais/deslocalizadas no espaço-tempo.
Espraiamos uma dor real espelhando-a na fantasia - impessoalizada; no tempo - deslocada. Até que se torne tão irreal como um sonho. Ou um pesadelo.
Concentramos a dor imaginária nesse espaço/tempo retratado, virando contra ela as baterias da negação.
Negando a dor imaginada, afastamos a dor real, ficcionando-a para recreação, nossa e de outrem.
Por fim, terminado o expurgo, rimo-nos dizendo que tudo é virtual, irreal, imaginário. Rasgando as folhas escritas rasgamos também o retrato ficcionado, ficcionário, lançando-as num vento de alívio, também ele muitas vezes fictício, fingido.
Mas só nós sabemos onde, no meio de tudo isso, se quedou a realidade, mudamente escondida sob o manto da fantasia.
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