domingo, 14 de abril de 2013

Palavras de outros

Repito o teu nome todas as noites
Quando me deito e finjo que te abraço
Nesta cama, nesta noite,
Sob um céu de estrelas e luar.
Beijo-te, levemente, em silêncio
Como se estivesses entre os meus braços.
O mesmo silêncio que contém
A tua ausência e as minhas palavras.
Essa ausência que chegou antes do tempo,
Antes de eu ter existido
Na primavera do teu olhar.
Antes de ter dado lugar ao teu corpo no meu.
Aos teus braços no meu corpo.
Acordo de madrugada
E sinto que o tempo não vai chegar
Para te dizer todas as palavras que não disse.
O tempo não vai chegar
Para te dizer, que tu, longe de mim,
És uma espécie de dor.
Tudo se perdeu nos meus braços,
Quando fingindo, te abraçavam.

*

Paulo Eduardo Campos, in Na Serenidade dos Rios que Enlouquecem

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