quarta-feira, 12 de junho de 2013

Madrugadas

Uma. Muitas.
São cinzentas e doem.

Quando o sentir nos enche e transborda
abrimos a porta à dádiva
oferta, partilha
mas abrimos também a porta à dor
ao abandono
ferida profunda

A madrugada dói, cinzenta.

A manhã passa em turbilhão,
cheia de afazeres da vida lá fora
das milhentas coisas que nos rodeiam
e de que não podemos, não devemos nos alhear
quando somos elo e não ilha.

O dia desliza até ao anoitecer
e enche-se o espaço de risos e imagens
palavras partilhadas aqui e ali
para manter afastado o silêncio ensurdecedor
deixado na esteira de quem não volta.

Vem o escuro, a pausa.
A luz que acendo todas as noites,
farol teimosamente erguido na mão do espírito
para alumiar um regresso que não acontece,
apaga-se no nevoeiro denso.
Alquebrada, a alma recolhe-se
enroscada no seu próprio regaço
sem mão carinhosa que a sossegue
sem outros sons que não o do próprio coração
e do respirar entrecortado de soluço.

Noite após noite adormece
de braços vazios
na madrugada cinzenta que dói.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Note

[Suddenly, out of the blue...]

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«preciso falar-te ao ouvido. Que estarei onde sempre estive, entre o rio e o vento, uma pedra e uma raiz, entre o sono e o sonho, a sombra e a lua. Dizer-te que preciso do teu amor feito de palavras. De cravar os meus dedos na tua memória e escrever os nossos silêncios com a minha língua na tua pele. E que são os teus braços que se fecham em torno de mim, num abraço, que fazem a minha casa.

F para R»

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bilhete encontrado por Jorge Petroff numa fenda na base da terceira coluna do Templo de Diana, voltada para a Pousada dos Lóios.
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(Jorge Phyttas Raposo, in Ventos Brancos)

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Às vezes

Once upon a long ago, I believed. I actually thought we would be together, that our souls would become irrevocably entwined along with our bodies, since our minds already appeared to be in that state.
And I sang the body electric, back then.

But time has elapsed, faded, like sand falling between our fingers.
I miss that time, once upon a long ago,
when I would smile at the mere thought of you
and my heart would sing this song



Sometimes
when I look deep in your eyes
I swear I can see your soul.


I miss that.
I miss you.