Às vezes há projectos que habitam em nós sem que os possamos realizar. Sentimos cá no fundo que temos as capacidades necessárias, a vontade, a energia - mas não as condições. "Um dia...", pensamos, acarinhando o sonho antes de o pousar na prateleira.
Alguns vão-se enchendo de pó porque as condições não surgem.
Outros definham porque elas nunca chegam a surgir.
Mas, às vezes... o telefone toca.
Quando alguém que não conhecemos e que nunca tinha ouvido falar de nós nem do nosso sonho vem ter connosco sem que o tivéssemos procurado, tudo parece surreal.
Quando essa pessoa nos estende sobre a mesa um projecto, que não é mais do que uma versão diferente do nosso sonho que repousava na prateleira, e nos pergunta se gostaríamos de embarcar nele, tudo parece possível.
Quando, a seguir, essa pessoa nos ouve dizer que mais tarde vamos a outro lado discutir um projecto semelhante, e responde sorrindo "espero que não gostes!", tudo parece um filme.
Quando, finalmente, essa pessoa toma a iniciativa de nos dar condições para abraçar o projecto (prometendo ainda mais), ficamos a pensar se afinal essa coisa do destino existe ou não, e se algures na nossa carta astral estava marcado que esta oportunidade chegaria.
Alguém que não nos conhece de todo mas acredita em nós e nas nossas
capacidades a ponto de se dispor a apostar nelas desta forma... é uma sensação tremenda.
"Quando se fecha uma porta, abre-se uma janela."
Só que, às vezes, os corredores são longos e sombrios, e as janelas minúsculas.
E, outras vezes, as janelas são enormes... panorâmicas e de sacada.
Sinto-me como se me tivessem aberto uma dessas, dizendo "vem!".
Mas sinto também o peso da responsabilidade, por ter nas mãos a confiança que outra pessoa depositou nelas, dando-me desde o primeiro dia provas sucessivas da mesma à medida que se assume como meu Mestre. Alguém que deu um salto de fé ao apostar em mim e se propõe colocar ao meu alcance as ferramentas necessárias que permitirão que um dia deixe de ser Aprendiz e passe a ser peça importante do seu projecto.
Não posso senão dar o meu melhor para não trair essa confiança, e fazer tudo o que estiver ao meu alcance para fortalecer este projecto que abracei e do qual passei a fazer parte, tornando-o também meu.
No que depender de mim, Mestre, o teu salto de fé será uma aposta ganha.
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