Há músicas que em determinados momentos das nossas vidas têm uma especial ressonância. “Batem” com força nesses instantes como se quem as compôs tivesse passado (e talvez tenha) pelo mesmo que estamos a passar nessa altura.
“Driving with the brakes on” dos Del Amitri ... o assunto de fundo não é o mesmo, nem poderia sê-lo. Mas é assim que me tenho sentido ultimamente. Como se conduzisse um carro permanentemente travado ... como se tentasse nadar com botas pesadas nos pés.
Sinto-me afundar num oceano de marasmo, do deixa-andar rotineiro, das coisas nunca resolvidas que se camuflam com um remendo como se tapa uma borbulha incipiente com maquilhagem. E as botas pesadas não me deixam vir à tona. A água gélida rodeia-me e o frio entranha-se no meu corpo, cerrando-se à volta do meu coração. Do meu Eu.
Outra música que tem sido minha companheira permanente nos últimos serões é “Letting the Cables Sleep” dos Bush. Noites frias em que me sinto deslocada, como se não estivesse no lugar certo ... haverá algum lugar certo para mim?
“Whatever you say it’s all right
Whatever you do it’s all good
Whatever you say it’s all right
Silence is not the way
We need to talk about it “
Sinto a premência do querer que algo aconteça … qualquer coisa que destrave finalmente o carro e me faça seguir em frente. O que quer que seja, que quebre o muro de silêncio que impede a resolução das situações. Mas o silêncio estende-se como um manto de nevoeiro, mascarando tudo o que há de errado. Como se pelo facto de não se falar sobre algum assunto fizesse com que ele desaparecesse.
Nada mais falso, não é?
Então tentem nadar contra a maré com botas calçadas ...
O sítio onde os meus pensamentos se transformam em palavras ... e onde os colo conforme me dá na telha
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
Possession
"I cannot let you burn me up, nor can I resist you
No mere human can stand in a fire and not be consumed" - A.S. Byatt
Com estas palavras recupero o impacto que o filme Possession teve em mim.
Uma história de encontros e desencontros, romances improváveis - e exactamente por isso cativantes - entre a Inglaterra vitoriana e o século XXI.
Dei por mim mesmerizada a olhar para o écran, desejando estar ali, naquela costa batida pelas ondas do Oceano, procurar as cartas perdidas de Randolph Ash e Christabel LaMotte.
Imagens que se sucediam, envolventes ... o computador esquecido atrás de mim, enquanto rodeava o corpo com os meus próprios braços, tentando ignorar a fria humidade de uma noite de Novembro.
Há muito tempo que um filme não me arrastava assim na sua magia.
A ver ...
http://www.possession-movie.com/main.html
No mere human can stand in a fire and not be consumed" - A.S. Byatt
Com estas palavras recupero o impacto que o filme Possession teve em mim.
Uma história de encontros e desencontros, romances improváveis - e exactamente por isso cativantes - entre a Inglaterra vitoriana e o século XXI.
Dei por mim mesmerizada a olhar para o écran, desejando estar ali, naquela costa batida pelas ondas do Oceano, procurar as cartas perdidas de Randolph Ash e Christabel LaMotte.
Imagens que se sucediam, envolventes ... o computador esquecido atrás de mim, enquanto rodeava o corpo com os meus próprios braços, tentando ignorar a fria humidade de uma noite de Novembro.
Há muito tempo que um filme não me arrastava assim na sua magia.
A ver ...
http://www.possession-movie.com/main.html
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