O sítio onde os meus pensamentos se transformam em palavras ... e onde os colo conforme me dá na telha
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
O sentido das palavras
'Writing is learning to say nothing, more cleverly each day' – William Allingham
Nem sempre o que escrevo tem sentido.
Às vezes não tem, mas é acidental.
Ás vezes não tem, e é propositado.
Muitas vezes as palavras têm um sentido mas não um propósito. Servem para exprimir mas não necessariamente para comunicar. E muitas são as vezes que tenho escrito dessa forma, porque há coisas que não se podem gritar aos ventos, e outras que até em segredo podem ser problemáticas.
«Mas... se não é para comunicar, porque escreves?»
Escrevo porque tenho de escrever, de expurgar, de libertar o que me preenche ao ponto de sufocar. Traduzi-lo em palavras é a forma mais simples de resolver a situação, porque permite remover o peso, o sufoco, e cristalizar o momento de forma a que, se quisermos, possamos revisitá-lo mais tarde, já munidos de outra perspectiva e quiçá outras ferramentas.
Mesmo quando pareço estar a escrever para alguém, na realidade escrevo para mim mesma, porque sinto que tenho de o fazer. Quando o que nos preenche, nos confunde, nos alegra ou despedaça está relacionado com outra pessoa, torna-se mais fácil escrever dirigindo-lhe as palavras. Sentimos que "dissemos o que tínhamos de dizer", mesmo que o "receptor" não esteja sequer ciente do facto de que aquilo que escrevemos lhe era supostamente destinado.
Mas há alturas em que as palavras são medidas e calculadas, em que queremos que tenham o peso e contornos certos, porque queremos dizer o suficiente mas não demasiado. Essas palavras podem ser perigosas. Um adjectivo a mais, um tempo verbal trocado, e expomos o que não queríamos ver divulgado. E num faux-pas como esse, quando a verdade fica exposta na máxima força da sua nudez, resta-nos apenas lançar mão ao manto diáfano da fantasia e... fingir que é a fingir.
Às tantas, tantas são as letras e as voltas do fingidor, que todos acreditam que a dor, a verdadeira, é fingida. E eu rio-me, vestindo a capa do fingidor: fingindo escrever sobre nada quando quero dizer tudo.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
O outro lado do espelho
"Só sabemos, seguramente, de uma amizade ou de um amor, o que temos pelos outros. De que os outros nos amem nunca poderemos estar certos. E é por isso, talvez, que a grande amizade e o grande amor são aqueles que dão sem pedir, que fazem e não esperam
ser feitos; que são sempre voz activa, não passiva"
- Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo.
Sei-me.
Sei o que o coração me diz e o que me pede.
Sei os desejos que me preenchem e os sonhos que aconchego.
Sei a vontade e o domínio, a tentativa e o controlo.
Sei o que é abdicar da esperança.
Nada pude pedir e nunca pedi.
Dei, apenas.
E dei, incansavelmente.
Em sonhos e nas fantasias que teci, que desenhei, que criei com palavras não ditas na minha imaginação.
Mas fiquei-me de mãos cheias sem ter a quem entregar o que tinha para dar.
Há muito que vivo vendo a vida real como através de um vidro, a vida onde nada sou e nada do que eu digo importa.
Escolhi o outro lado - o outro lado do espelho, o lado da fantasia, onde posso gritar ao vento o que sinto, onde o sonho é vivido e alguém me dá as boas-vindas de encontro ao peito num abraço demorado.
E espero, mesmo sem esperança, que um dia haja quem tenha a vontade e a coragem de me desafiar as fantasias e trazer-me de volta ao lado da realidade.
- Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo.
Sei-me.
Sei o que o coração me diz e o que me pede.
Sei os desejos que me preenchem e os sonhos que aconchego.
Sei a vontade e o domínio, a tentativa e o controlo.
Sei o que é abdicar da esperança.
Nada pude pedir e nunca pedi.
Dei, apenas.
E dei, incansavelmente.
Em sonhos e nas fantasias que teci, que desenhei, que criei com palavras não ditas na minha imaginação.
Mas fiquei-me de mãos cheias sem ter a quem entregar o que tinha para dar.
Há muito que vivo vendo a vida real como através de um vidro, a vida onde nada sou e nada do que eu digo importa.
Escolhi o outro lado - o outro lado do espelho, o lado da fantasia, onde posso gritar ao vento o que sinto, onde o sonho é vivido e alguém me dá as boas-vindas de encontro ao peito num abraço demorado.
E espero, mesmo sem esperança, que um dia haja quem tenha a vontade e a coragem de me desafiar as fantasias e trazer-me de volta ao lado da realidade.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
All I Want
I don't want a lot for Christmas
There is just one thing I need
And I don't care about the presents
Underneath the Christmas tree
I don't need to hang my stocking
There upon the fireplace
Santa Claus won't make me happy
With a toy on Christmas Day
I just want you for my own
More than you could ever know
Make my wish come true
All I want for Christmas is you
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Luar
Haverá alguém que não goste da lua cheia?
De a ver, redonda, prateada e brilhante no céu?
Nunca o escondi: gosto da Lua e do luar, e especialmente de deixar a mente vaguear quando os meus olhos se perdem a contemplar a lua, ou aquilo que ela ilumina.
É como se já não tivesse os pés na terra, se estivesse naquele momento a voar na direcção desse outro planeta, tão fortemente atraído pela Terra mas sem poder aproximar-se - pois, se tal acontecesse, seria uma catástrofe.
A páginas tantas, dou por mim a comparar-me à Lua: grande, redonda e impossibilitada de se aproximar de quem quer que seja que a atrai. E, porque a atracção é tão grande mas existem forças que a impedem de se deixar levar pela gravidade, a pobre está a desfazer-se.
Sim, é verdade. Vão lá ler e depois voltem.
A Lua está a desfazer-se; a atracção focada na Terra é o que a mantém em movimento, para nossa maravilha, mas ao mesmo tempo é também o que a destrói.
Não brilho como ela.
Não devolvo com esplendor a luz que incide sobre mim.
Não lanço um lençol cor de prata sobre as águas do oceano.
Não danço de forma certeira mas vertiginosa um bailado à volta de alguém
Não me ergo lentamente sobre o horizonte, densa, cor de açafrão, pronta a inspirar poetas e cantores.
Não arrasto comigo as marés à medida que me movo à volta do foco da minha atenção.
Não sou nada disto.
Na realidade, não sou nada, não valho nada.
Não arrasto marés se me mover - a menos que caia numa banheira cheia e acabe causando uma inundação no andar de baixo.
Não causo admiração pelo meu mistério.
Não inspiro ninguém, e ninguém se enamorará do meu brilho.
Ninguém se emocionará ao ver-me dançar.
Sei que, se fizesse o que a alma tantas vezes pediu, seria o caos, a confusão, o ridículo.
E então aprendi a calar o coração com o punho.
Apagando-me um pouco.
Desfazendo-me um pouco.
Esboroam-se os dias até um dia me quebrar por completo; a cada dia o coração se racha mais e as lágrimas do mundo vão-me enchendo. Um dia os meus olhos reflectirão o luar - pois neles estará o oceano.
Mas ninguém mergulhará neste oceano, banhando-se de luar prateado.
De a ver, redonda, prateada e brilhante no céu?
Nunca o escondi: gosto da Lua e do luar, e especialmente de deixar a mente vaguear quando os meus olhos se perdem a contemplar a lua, ou aquilo que ela ilumina.
É como se já não tivesse os pés na terra, se estivesse naquele momento a voar na direcção desse outro planeta, tão fortemente atraído pela Terra mas sem poder aproximar-se - pois, se tal acontecesse, seria uma catástrofe.
A páginas tantas, dou por mim a comparar-me à Lua: grande, redonda e impossibilitada de se aproximar de quem quer que seja que a atrai. E, porque a atracção é tão grande mas existem forças que a impedem de se deixar levar pela gravidade, a pobre está a desfazer-se.
Sim, é verdade. Vão lá ler e depois voltem.
A Lua está a desfazer-se; a atracção focada na Terra é o que a mantém em movimento, para nossa maravilha, mas ao mesmo tempo é também o que a destrói.
Não brilho como ela.
Não devolvo com esplendor a luz que incide sobre mim.
Não lanço um lençol cor de prata sobre as águas do oceano.
Não danço de forma certeira mas vertiginosa um bailado à volta de alguém
Não me ergo lentamente sobre o horizonte, densa, cor de açafrão, pronta a inspirar poetas e cantores.
Não arrasto comigo as marés à medida que me movo à volta do foco da minha atenção.
Não sou nada disto.
Na realidade, não sou nada, não valho nada.
Não arrasto marés se me mover - a menos que caia numa banheira cheia e acabe causando uma inundação no andar de baixo.
Não causo admiração pelo meu mistério.
Não inspiro ninguém, e ninguém se enamorará do meu brilho.
Ninguém se emocionará ao ver-me dançar.
Sei que, se fizesse o que a alma tantas vezes pediu, seria o caos, a confusão, o ridículo.
E então aprendi a calar o coração com o punho.
Apagando-me um pouco.
Desfazendo-me um pouco.
Esboroam-se os dias até um dia me quebrar por completo; a cada dia o coração se racha mais e as lágrimas do mundo vão-me enchendo. Um dia os meus olhos reflectirão o luar - pois neles estará o oceano.
Mas ninguém mergulhará neste oceano, banhando-se de luar prateado.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
O som do mar
Há gostos partilhados que, por vezes, dão origem a experiências extraordinárias.
Foi esse o caso, hoje. Uma surpresa auditiva que me deixou um sorriso nos lábios, como quase sempre que ouço esta canção.
E, como quase sempre que a ouço, cerrei os olhos por instantes, e imaginei-me numa praia sobrevoada por gaivotas, com os pés descalços junto à rebentação - e no coração um desejo:
Abrir a janela e voar.
Obrigada, G.
Foi esse o caso, hoje. Uma surpresa auditiva que me deixou um sorriso nos lábios, como quase sempre que ouço esta canção.
E, como quase sempre que a ouço, cerrei os olhos por instantes, e imaginei-me numa praia sobrevoada por gaivotas, com os pés descalços junto à rebentação - e no coração um desejo:
Abrir a janela e voar.
Obrigada, G.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Sem mais
É que é mesmo isto... (tanto, tanto!)
há um passado um presente
gravado na mente
cismado na dor
um arrepio disfarçado
um olhar-te de lado
e um medo do amor
a palavra que se nega
o recuo a entrega
a balançar em mim
uma recta que se curva
um olhar que se turva
e um medo do fim
(como é que eu hei-de apagar esta paixão?)
(como é que eu hei-de apagar esta paixão?)
um verso que se conjuga
um verbo e a fuga
por dentro de mim
vou pôr minhas mãos no fogo
arriscar-me no jogo
e dizer-te que sim
(como é que eu hei-de apagar esta paixão?)
há um passado um presente
gravado na mente
cismado na dor
um arrepio disfarçado
um olhar-te de lado
e um medo do amor
a palavra que se nega
o recuo a entrega
a balançar em mim
uma recta que se curva
um olhar que se turva
e um medo do fim
(como é que eu hei-de apagar esta paixão?)
(como é que eu hei-de apagar esta paixão?)
um verso que se conjuga
um verbo e a fuga
por dentro de mim
vou pôr minhas mãos no fogo
arriscar-me no jogo
e dizer-te que sim
(como é que eu hei-de apagar esta paixão?)
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Dezembro
This is my December
These are my snow covered trees
This is me pretending
This is all I need
And I'd give it all away
Just to have
Somewhere to go to
Give it all away
To have someone
To come home to
Subscrever:
Mensagens (Atom)