(...)
"o Abismo é feito de todos os lugares onde ninguém está, das paisagens que ninguém vê. É feito do silêncio, e da falta, e do apagado, e do não-lido; é o abismo existente entre aquilo que queremos e aquilo que temos, entre amor e afeição, entre esperança e verdade. É o sítio de onde vêm as interpretações erradas e é a resposta a uma pergunta: uma árvore existe se não houver ninguém para a ver?"
Michael Marshall Smith, in «Clones»
É sobre o abismo que se estendem as cordas que ainda nos ligam - mas esfiapam-se, tornando-se mais finas, mais finas, cada vez mais finas até o dia em que por fim se partirão. Aí, não haverá mais nada, nem sequer ecos da presença há muito desvanecida. As recordações perder-se-ão como um pedaço de código comentado, tornado inútil, soterrado, esquecido.
Entre o que não era e o que nunca chegou a ser, a memória desaparecerá no abismo.
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