quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Cantando o invisível

Invisível aos teus olhos,
este mundo cá dentro
de cor e luz e melodia,
de dor mas também de sonho,
mundo oculto que carrego
comigo, sempre
enquanto a Vida nos move
como peças em tabuleiro,
e nos levanta em turbilhão
como folhas secas de Outono,
rodopiando sem saber
onde iremos parar.

Mas por um breve instante, um acaso
partilhamos o espaço onde o vento
nos deixou.
E eu fico-me aqui
no silêncio de um sorriso
enquanto amordaço as palavras
quase todas
e tranco o desejo
num canto do coração,
a cadeado, código e chave
antes que o consigas ler
nos meus olhos.

Deixo-me embalar em fantasia
breve
sabendo que o vento
acabará por voltar a levar-nos
mas, no aqui e no agora,
as palavras que sobram, essas
liberto-as em canção
e fingindo não dizer nada
digo-te tudo.

 

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