quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Escultura

Neste lugar onde não estás
capturo o vento e agarro o ar
fecho os olhos, e de memória
moldo a tua face
que os meus dedos nunca tocaram,
desenho o teu sorriso e torneio
a traços largos o teu corpo.

Se alguém me visse, pensaria
que estou louca ou em transe
de olhos fixos num ponto
à minha frente
mas o que não vêem
é o teu eco, esculpido no nada
espécie de fantasma que olho
com incomensurável ternura...

Como uma estátua invisível,
a não presença que, esta noite,
quando adormecer sorrindo,
ficará ao meu lado,
no lugar
exacto
onde queria que tu estivesses.

(E talvez, nos estranhos caminhos dos sonhos, nos encontremos para lá da alvorada)

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