Contemplo o espaço
vazio
o aqui onde queria que estivesses
e toldam-se-me os olhos
enquanto
o coração se amarfanha em tristeza.
Na noite escura,
o tempo dobra-se sobre si mesmo,
os minutos tornam-se horas
e a manhã chega sem avisar.
Com ela chega o tempo
de vestir a personagem,
e o sorriso plastificado,
irreal.
Entro no palco do dia-a-dia
rotineiro, em que nos cruzamos
sem que os nossos passos
alguma vez
sigam na mesma direcção.
O tempo escorre como areia
a noite cai e com ela o pano
de mais um acto.
Parto rumo ao silêncio
do espaço onde não estás,
e horas (ou talvez anos) depois
quedo-me novamente
em contemplação.
No escuro
em que não te ouço respirar
deito-me na curva da tua ausência
e adormeço à escuta
do eco dos teus passos que não chegarão.
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