sábado, 31 de março de 2012

Primavera


Passeio.
Ruelas, casas velhas, palacetes, natureza, recordações.
E velhos laços que se reatam, diferentes certamente mas nem por isso menos firmes.

Tão bom :)

Authentic

Scars and bruises
I wear them all
proud in my pain
and no excuses
Oh I don't back down
no challenge too big
but my own fears
yet to conquer
And I wear them all
and I wear them all
my scars and bruises
each one a memory
of a dare accepted
or a fear vanquished
So yes, I wear
my scars and bruises
proudly
with no excuses.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Dardos



Dar, receber: dardos; lâmina.
Uma, fechada, guarda o segredo dos olhos e das mãos.
E eu guardo-a comigo (sempre comigo todos os dias), morna recordação de momentos perdidos, evocados quando o metal roda para fora do seu leito de madeira.
Os outros? Talvez cobertos de pó. Talvez arrumados algures onde os olhos não cheguem, recordação permanentemente arredada do sentir. Não sei.
Só sei de mim, dos sorrisos que guardo no bolso e do seu calor.
O que sinto e recordo é meu, só meu.

quinta-feira, 29 de março de 2012

terça-feira, 27 de março de 2012

Farewell


Por muito que o queiramos adiar, chega sempre uma altura qualquer em que nos temos que despedir de alguém ou de algo que acarinhámos: uma velha fotografia, um objecto de infância, um projecto profissional, um sonho pessoal.

Despedirmo-nos custa sempre, e custa à proporção do afecto com que guardámos em nós aquilo que temos que deixar partir. Mas não podemos levar a vida a arrastar algo que já não faz parte do que somos - apenas do que fomos. Há que arranjar espaço para abraçar aquilo que seremos; e para isso temos que deixar ir.

O vazio imperfeito que nos fica depois da decisão incomoda, às vezes dói. A tristeza de termos tido que desistir pode ser profunda e parecer inultrapassável.
Mas se aquilo que guardámos tão junto ao peito foi verdadeiramente rodeado de carinho, chegará o dia em que apenas esse carinho perdurará com a recordação.

E as boas recordações não pesam nem ocupam espaço.
:)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Herói



Perguntei-te se tinhas síndroma de Errol Flynn.
Riste-te, pensando que a pergunta tinha algo a ver com os collants do Robin Hood...

A verdade é que te mostravas como alguém sem medo, maior do que a própria vida, como um herói em busca de uma causa a que se dedicar. E eu expliquei-te que não era uma causa, não era uma princesa sentada numa torre à espera de ser salva nem uma donzela aos gritinhos por ter visto uma aranha.
Era e sou a que pegaria na espada e sairia porta fora sozinha para dar porrada nos assaltantes, a que pisa baratas e enxota aranhas com um piparote, a que não se submete nem diz que sim a tudo "a bem da harmonia", a que diz o que tem a dizer sem calar por receio, a que às vezes amua e outras vezes se irrita, a que não tem medo de gritar nem vergonha de chorar, a que não espera por ajuda para carregar sacos de lenha nem acha que "força física é coisa de homens". Disse-te que não queria ser ignorada, dominada nem tratada como deusa-mãe. Queria apenas o que sempre quis: ser respeitada como ser humano inteiro e ser tratada como igual enquanto mulher, com as minhas ideias, idiossincrasias e necessidades.

Voltaste para o teu bosque solitário, para a tua casa na árvore, deixando-me rodeada de silêncio. Talvez fosse demasiado para o que esperavas - ou apenas muito diferente do que pensavas encontrar. Achei que era medo de tirar as teimas, de lidar de frente com alguém (sim, eu!) como tua igual, com tanta capacidade e força de espírito como tu. A minha alcunha deveria ter-te posto de sobreaviso, de que não era o medo que me guiava.

Preferiste a tua isolada pacatez sem incidentes, sem ninguém que te desafie, que te questione, que discorde de ti e te diga na cara que podes não ter razão; mas também sem quem puxe por ti e lute ao teu lado, que te acompanhe, te encoraje e (por vezes) até te ajude. Não precisava nem queria que fosses um herói; bastar-me-ia que fosses um homem à minha altura.
Mas se um dia monstros ou zombies te aparecerem à porta pela calada da noite... a tua espada estará sozinha contra tudo porque assim o quiseste.

Fica bem.
Quem sabe talvez nos encontremos à chegada a Bifröst.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Do(a)r amor... [guardar a dor]

Separados rejeitamos
o doar, o doer e o querer
de nós dois:
tu que não queres
sem querer que te doasse
e eu que quero
sem querer que me doesse
(obrigado, Conceição)



Ouch I have lost myself again
Lost myself and I am nowhere to be found,
Yeah I think that I might break
I've lost myself again and I feel unsafe

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
I'm needy
Warm me up
And breathe me

quarta-feira, 21 de março de 2012

Muitas...

Sete Luas

Há noites que são feitas dos meus braços
e um silêncio comum às violetas
e há sete luas que são sete traços
de sete noites que nunca foram feitas

Há noites que levamos à cintura
como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
duma espada à bainha de um cometa.

Há noites que nos deixam para trás
enrolados no nosso desencanto
e cisnes brancos que só são iguais
à mais longínqua onda de seu canto.

Há noites que nos levam para onde
o fantasma de nós fica mais perto:
e é sempre a nossa voz que nos responde
e só o nosso nome estava certo.


(Natália Correia)

terça-feira, 20 de março de 2012

Ilusões

Quando nos cruzámos, quando primeiro nos defrontámos não sabendo com o que estávamos a lidar, perguntaste-me candidamente se estarias a tomar a nuvem por Juno.

Hoje, meses ou aeons depois, posso dizer-te com toda a propriedade que estavas enganado - pois eu puxei da espada e revelei-me Atena...



enquanto tu te esfumaste como a nuvem que afinal eras.



Não sou uma ilusão. Eu permaneço - e o meu coração comigo.
Que venha a chuva e o granizo, cá estarei.

segunda-feira, 19 de março de 2012

domingo, 18 de março de 2012

Uma casa, uma vida

... ou como um filme nos agarra pelos colarinhos, fazendo-nos abrir bem os olhos, e nos obriga a ver que, por vezes, se conseguem corrigir erros passados.



(mesmo que às vezes seja demasiado tarde para desfrutar disso)


Direitinho para o meu top de "movies of a lifetime".


(esperando que a vida, além de tempo, me dê oportunidade de corrigir pelo menos alguns dos erros que cometi nesta longa estrada)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Storm


(imagem linkada de HowStuffWorks)


Tempestade.
Raios, trovões, chuva intensa.

Gosto do cheiro da terra molhada.
Gosto de tempestades: de estar à janela, na varanda ou no terraço e olhar para o céu. Gosto ainda mais quando tenho uma máquina fotográfica decente e consigo tirar uma foto a um relâmpago.
Gosto de presenciar a força imensa que se desencadeia nesses breves instantes, sentir os cabelos da nuca e do braço a arrepiarem-se, testemunhar a luz que tudo inunda.

Sim, gosto de tempestades. E às vezes gosto de andar à chuva.


(Há ainda outra coisa relacionada com tempestades de que gosto, mas como não pode ser é melhor nem falar disso...)

XS

"I was standing
you were there..."


two worlds collided
in a storm that echoed across the universe

no one could tear us apart
but ourselves



... and we did.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Pearls of salt

Estava a ler as notícias no G+ e um título chamou-me a atenção.
The Soundtrack of Loss e a história de Jacqueline du Pré. Ao fundo, Elgar.

Resolvi ouvir o 1º movimento do concerto para violoncelo - tocado por ela, claro. Não as consegui conter... nem às lágrimas nem às palavras.



Loss...
tears peeking under the eyelid
caught like pearls by the eyelashes
until the eyes close, as if swooned by raw emotion
and pearls become water
salt water running free
down the cheeks to the sound
of the mourning strings

Voando

Tenho visto muitos por aí, de há uns tempos para cá. Meses.

Totalmente negros, com penas de um preto muito muito denso, uns parecendo mais brilhantes e outros mais opacos, mas todos eles intensamente negros e com um bico alaranjado. Melros, acho eu.

Não sei o que lhes terá mudado os hábitos por forma a andarem mais visíveis em sítios que de ermos e/ou florestados pouco têm. A temperatura? A ausência de chuva? A falta de comida? Não sei, mesmo.
O que sei é que aparecem por todo o lado, pulando e saltaricando, na relva do canteiro à porta de casa, nos ramos baixos dos pinheiros que ainda crescem entre os prédios lá do bairro, nos muretes das escadinhas, nos passeios do canto meio enviesado onde costumo estacionar o carro quando os lugares já escasseiam... e até mesmo no trabalho, onde já me cruzei com um bando pousado no parque de estacionamento e há alguns (parecem sempre os mesmos) que visitam a espécie de terraço rodeado de canteiros para onde dá a janela do gabinete onde trabalho.

Saltaricam, piam, olham como que pedindo atenção. Talvez procurem os seus semelhantes. Talvez tenham fome. Os pedacitos de pão que lhes atirei um dia à tarde já lá não estavam no dia seguinte - mas também podiam ter sido os pombos, esses esganados, a comê-los.

Já não estranho vê-los tantas vezes mesmo que não saiba o porquê. Eles aparecem, simplesmente. E depois voam.



Voltam as memórias e espreita a saudade. E eu sorrio, com vontade de voar para casa.

terça-feira, 13 de março de 2012

Lâmina

Como descrever uma saudade maior do que o corpo que a enovela e a alma que a embala?

Faltam-me as palavras para o fazer.
Faltam-me os gestos para o desenhar.
No bolso trago uma recordação - mas não chega para fazer com que doa menos.

A tua ausência é como uma lâmina a roçar-me os nervos nus.
Faltas-me.



Na raiz da saudade está algo - pessoa, coisa ou lugar - inesquecível.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Aceitar

que há coisas que terminam e outras que começam - incluindo a necessidade de umas para que aconteçam as outras;

que há acções cometidas e palavras ditas que são como o atirar de uma pedra - depois de suceder, não há como voltar atrás e o melhor é viver com isso, tentando corrigir o que se fez de errado;

que, por vezes, nada do que façamos pode corrigir um erro;

que há sentimentos que nenhuma distância consegue apagar ou diminuir;

que um mal entendido pode fazer uma amizade engasgar-se mas não matá-la, se houver a vontade de lhe fazer uma manobra de Heimlich;

que há coisas que são inquestionáveis e é uma perda de tempo matutar nos porquês;

que há coisas que são inevitáveis e é uma perda de tempo tentarmos escapar-nos delas;

que, por mais que tentemos, por vezes não é possível alterar certas coisas;

que o amor não tem que ter razões, explicações ou outras -ões que a razão desconhece;

que o amor não nasce nem cresce à conta de lógica, pragmatismos, racionalismos e outros -ismos;

que o amor não tem que ser integralmente compreendido e dissecado para ser sentido;

que, por muito que tentemos, não é possível forçarmo-nos a amar alguém - nem a deixar de o fazer.


Por vezes tenho que fazer uma pausa para me lembrar de tudo isto e não deixar que coisas impossíveis (sim, daquelas de que nos podemos lembrar às meias dúzias antes do pequeno almoço) me bloqueiem os passos e me impeçam de viver a minha vida o melhor que posso... é que, quer queira(m) quer não, a vida é minha e ninguém a pode viver por mim. Por isso o melhor que tenho a fazer é sentir-me bem na minha pele e fruir um dia de cada vez.
:)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Possível vs. Impossível

Eu acreditava e tu não. Quando me dizias que "não é possível de forma alguma", eu ficava sem saber como te demonstrar o contrário. Se fosse hoje, mandar-te-ia ler esta crónica do José Luís Peixoto e talvez percebesses que, às vezes, o impossível só o é num dado enquadramento temporal.

Ao encontrar-se um novo sentido, é o mundo todo que renasce. Uma boa ideia carrega em si o tamanho do mundo, uma espécie de felicidade incandescente.
(...)
As ideias são fogo, fazem corar as faces. Quando se tenta contar uma ideia, luta-se com os limites das palavras. Nesse momento, a esperança é que o outro se possa inclinar nas janelas dos nossos olhos e, descobrindo-se no alto de uma torre, possa ver tudo o que contêm, horizonte, distância.

Então, pode muito bem acontecer que o outro fique a olhar com o rosto impassível, anestesiado, pálpebras semidescaídas, até ao momento em que, perante o silêncio e a obrigação de se pronunciar, diz: não, acho que não vai correr bem. Nesse momento, há algo que nos é roubado. Perdemos as chaves de casa, estamos, de repente, numa cidade estrangeira, deixamos de saber quem somos. Nesse momento, há uma reacção térmica, fogo versus gelo, e há um desapontamento sem direcção. Não sabemos se estamos decepcionados com o outro por não ter conseguido compreender o alcance da ideia que tentámos descrever, ou se estamos decepcionados connosco próprios por não termos sido capazes de descrevê-la, ou se estamos decepcionados com a ideia por não ser à prova de descrença.
(...)
Este é o momento de dizer a esses pessimistas disfarçados de prudentes, de racionais ou de razoáveis, que não. Dizemos não ao não deles. Quando nunca se tentou contradizê-los, parece difícil. As primeiras tentativas de resposta, magoadas, escorregam nas paredes da sua intransigência. Mas a prática demonstra que é incrivelmente fácil resistir-lhes, basta deixar que a sua descrença nos atravesse, basta transformá-la em silêncio, subtrair com uma seringa invisível todo o sentido à sua descrença, basta não acreditar nela. A sua decepção total e permanente para com o mundo não nos arrastará.
(...)
O impossível de antes sempre foi possível, apenas não tinha acontecido que alguém tivesse sido capaz de chegar até ele. Faltava a quantidade de pessoas que acreditaram, que perseguiram o filão até o demonstrarem e construírem. O mesmo acontece com o impossível de agora. O impossível de agora não deve ser muito diferente do impossível de antes. Por sua vez, o impossível mesmo impossível existia num e continua a existir no outro, mas como não pode ser distinguido do impossível que será possível no futuro, a hipótese mais criadora, aquela que propõe mais esperança é a que considera que tudo o que formos capazes de imaginar poderá ser materializado. Ou seja, todo o impossível poderá vir a ser possível. Assim, não há nenhum motivo para fazer cara de peido e dizer: não, acho que não vai correr bem.


Sabes que mais? Ainda acredito.

A crónica completa está na Visão.
Portanto vai lá ler, vá. E sem cara de peido, se faz favor.

Afiados

Nem sempre sou uma moçoila calma e simpática.
Às vezes irrito-me.
Às vezes grito.
Às vezes mordo - e deixo marca.

quarta-feira, 7 de março de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

Aos solavancos

Hoje, no mural de uma facebookfriend li uma descrição que me tocou de perto: coração aos solavancos.

Acho que posso descrever o meu assim, também.
Não sou de gostares pacíficos a meio gás, que se mantêm indefinidamente sem avanços nem recuos. Nas amizades, ou é ou não é. Nada daquelas amizades insossas em que não há confiança mútua, em que há assuntos que não se podem/devem tocar, cheias de pruridos e perlicoquices. Amigos são amigos, com franqueza, com abertura, com frontalidade carinhosa quando é preciso falar e mãos doces e calorosas quando é preciso o silêncio de um abraço. Ou apenas um ouvido e um ombro firme emprestados.

No amor também não gosto de dúvidas, hesitações, indefinições, minhoquices. Quando se tem a certeza de que se ama, qual o problema em admiti-lo? Qual o problema de se dizer "estou apaixonada!"? Não gosto de andar a medo, de ficar a magicar "e se... mas talvez..." ad aeternum até que já não haja volta a dar porque a janela de oportunidade se fechou.

Se esta postura já me trouxe dissabores? Já, sim senhor. A mim e a muita gente que admite ser como eu.
Amar torna-nos vulneráveis, porque abrir o coração dá à outra pessoa a hipótese de nos magoar de muitas formas, e nem todas são exercidas sem intenção. Há quem opte por nos ignorar ostensivamente ou adopte atitudes que sabe à partida que nos vão custar a assistir. Há quem, ao saber do sentimento que despertou, vá ridicularizá-lo junto dos amigos, para gáudio pessoal e auto-promoção. Há quem finja que não viu nada, que não deu por nada, a ver se "a coisa" termina sem ruído nem ter que tomar qualquer tipo de atitude, como se o amor fosse algo incómodo, rasteiro, indesejável e deixando-nos sem reacção, sem resposta. Pendurados.
Poucos têm a força de carácter para nos olhar nos olhos e dizer, sem acidez e sem vontade de ferir "não sinto o mesmo por ti".

É apenas esta última atitude que revela empatia, compaixão, ao não querer tirar vantagem da vulnerabilidade que revelamos mas ao mesmo tempo a dar-nos uma resposta concreta, mesmo que não seja aquela que desejamos. A partir daí podemos decidir seguir em frente e permitirmo-nos sarar. Com o tempo poderemos até rir-nos da nossa própria tolice sem nos sentirmos mal com ela, sem nos auto-depreciarmos, auto-sabotarmos seja de que forma for. Com o coração sarado, ainda que marcado por cicatrizes.

Se eu gostaria de ser/sentir de outra forma? Não. Já me debrucei a pensar sobre o assunto e tenho a certeza disso. Em relação aos que gostam de "amores de banho-maria" tenho momentos baixos bem mais baixos e negros, podem ter a certeza. Mas os meus momentos altos são incomparavelmente mais altos e brilhantes também, como se pudesse, realmente, voar.

Sim, tenho um coração que vive aos solavancos, que se entrega totalmente quando se apaixona, que vibra na proximidade, que parece morrer quando o amor não é correspondido, que parece apagar-se quando a paixão acaba. Tenho um coração cheio de cicatrizes e marcas de remendos, mas vivo, intenso e pulsante.

É assim que sou e que amo, e se não prejudico mais ninguém com isso não estou minimamente interessada em mudar. Não trocaria o meu coração por nenhum outro.
Antes um coração aos solavancos do que uma vida a meio-gás.
:)

sábado, 3 de março de 2012

Far away

Com pequenos nadas encho o nada
da distância que me aperta
com música preencho o silêncio
da tua voz que me falta
teço as palavras que escorrem
do coração posto a nu
e o olhar perde-se nas estrelas
tão longínquas como tu

Sei que o céu é o mesmo
que te cobre a ti também
mas às vezes pareço estar
do outro lado do espelho
onde tudo me é estranho
onde eu não quero ficar
longe, tão longe de casa
e sem meio de regressar...

sexta-feira, 2 de março de 2012

Leve, levemente


Bate a saudade, a vontade,
o querer e o querer estar
em silêncio ou em conversa
em riso solto ou em beijo
quero passear, caminhar contigo
no meio da serra ou na areia da praia
perder o olhar e os sentidos em ti
ao sabor do vento
e que de olhos brilhantes
bem abertos ou bem fechados
nos percamos um no outro
sem tempo de regressar

Home?



Durante muito tempo, o lugar onde esta foto foi tirada era onde me sentia 'em casa'. Ia lá muitas vezes porque tinha de ir, e mais vezes ainda porque queria. Havia o sítio onde vivia - e havia o 'lar', a 'casa' onde me sentia integrar, como uma peça de puzzle a encaixar-se no seu lugar, tornando-me parte do todo.

Ainda lá volto quando posso, embora isso agora suceda muito menos vezes. Ainda tenho a sensação de regressar ao 'lar' da infância, a um lugar que aquece o peito.
Já não lhe posso chamar 'casa' porque essa... enfim, já não é ali. Mas é a 'next best', o lugar onde o coração sorri por voltar enquanto os olhos se perdem vagueando entre o verde e o azul.


(Home is where the heart smiles with the eyes closed)