Totalmente negros, com penas de um preto muito muito denso, uns parecendo mais brilhantes e outros mais opacos, mas todos eles intensamente negros e com um bico alaranjado. Melros, acho eu.
Não sei o que lhes terá mudado os hábitos por forma a andarem mais visíveis em sítios que de ermos e/ou florestados pouco têm. A temperatura? A ausência de chuva? A falta de comida? Não sei, mesmo.
O que sei é que aparecem por todo o lado, pulando e saltaricando, na relva do canteiro à porta de casa, nos ramos baixos dos pinheiros que ainda crescem entre os prédios lá do bairro, nos muretes das escadinhas, nos passeios do canto meio enviesado onde costumo estacionar o carro quando os lugares já escasseiam... e até mesmo no trabalho, onde já me cruzei com um bando pousado no parque de estacionamento e há alguns (parecem sempre os mesmos) que visitam a espécie de terraço rodeado de canteiros para onde dá a janela do gabinete onde trabalho.
Saltaricam, piam, olham como que pedindo atenção. Talvez procurem os seus semelhantes. Talvez tenham fome. Os pedacitos de pão que lhes atirei um dia à tarde já lá não estavam no dia seguinte - mas também podiam ter sido os pombos, esses esganados, a comê-los.
Já não estranho vê-los tantas vezes mesmo que não saiba o porquê. Eles aparecem, simplesmente. E depois voam.
Voltam as memórias e espreita a saudade. E eu sorrio, com vontade de voar para casa.
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