A amizade é algo precioso.
Não como uma jóia - essa, por muito bonita que seja, continua a ser uma peça mineral, de pedrarias e/ou metais, fria e passível de ser vendida.
Para mim a amizade assemelha-se a uma flor rara, de extrema beleza, frágil e delicada.
Uma flor deve ser cuidada para que não murche, alimentada com um bom solo e água na quantidade ideal (umas precisam de muita e outras de muito pouca), protegida de maleitas e insectos que a devorem.
A amizade deve ser tratada de forma semelhante. Se formos descuidados na forma como tratamos os outros, será que a amizade resiste? Se a negligenciarmos, poderemos ainda invocá-la como válida? Não me parece.
Há amizades que parecem cactos - resistem (ou parecem resistir) a tudo. Mas mesmo os cactos precisam de ser nutridos e protegidos. Por muito fortes que sejam, há um componente de fragilidade que os torna susceptíveis ao enfraquecimento e à morte.
No caso da amizade, o perigo vem dos mal-entendidos.
Pequenas coisas aparentemente inócuas que são vistas, por um dos lados, de forma totalmente diferente, positiva ou negativa.
Um telemóvel perdido ou roubado pode fazer com que não consigamos telefonar a desejar feliz aniversário; o aniversariante poderá ficar a pensar que nos esquecemos da data.
Podemos dar um abraço só porque nos sentimos felizes e bem dispostos; o receptor desse abraço pode pensar que há qualquer outra razão por trás do gesto e sentir-se constrangido ou, pior ainda, começar a imaginar o que não existe.
É por isto que sou pela completa franqueza entre amigos, desdenhando o 'politicamente correcto'. Podemos, sim, usar de algum tacto caso o que temos a dizer não seja agradável; mas reter uma informação, uma opinião que pode afectar a convivência, acho que não o devemos fazer de forma alguma. O que é essencial é esclarecer as coisas, reiterando que não se deseja que a amizade em si seja posta em causa. Amigos verdadeiros não levarão isso a mal - se levarem, a amizade talvez não seja assim tão profunda.
Tenhamos em consideração a fragilidade, nutramo-la e evitemos mal entendidos; porque uma grande amizade é das coisas mais preciosas que a vida tem. :)
O sítio onde os meus pensamentos se transformam em palavras ... e onde os colo conforme me dá na telha
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Em curso
Não sangrava, não se justificava a gaze. Um penso rápido era pequeno demais.
Mas era preciso sarar - porque sim, porque é preciso. Mesmo.
Optei pela fita adesiva, daquela que se usa para segurar um penso. Já fiz muitos pensos na vida, já tratei muitos dói-dóis, próprios e de outros, desde os putos todos lá da rua que não queriam ir a sangrar para casa com medo de ficar de castigo, até ao pós-operatório do ex. Portanto, fazer pensos não tem grande segredo para mim.
Mal ou bem, juntei os bordos e coloquei a fita com jeito, sem apertar demasiado para não doer nem prejudicar a integridade do tecido.
Apercebi-me da falta de pedaços (nestas coisas perdem-se sempre pedaços). Mas o tecido acaba por se regenerar de alguma forma, nuns casos melhor do que noutros, sim, mas consegue-se.
O processo começou, devagar. Cicatrização em curso.
Os dias não são iguais, nem a intensidade da dor que ainda surge de vez em quando.
Sei que vão ficar linhas esbranquiçadas como um mapa de estradas. Algumas atenuar-se-ão aos poucos. Outras nunca desaparecerão, marcas indeléveis de lições aprendidas.
Mas nós somos seres muito resistentes.
E o coração há-de sarar por completo.
:)
Mas era preciso sarar - porque sim, porque é preciso. Mesmo.
Optei pela fita adesiva, daquela que se usa para segurar um penso. Já fiz muitos pensos na vida, já tratei muitos dói-dóis, próprios e de outros, desde os putos todos lá da rua que não queriam ir a sangrar para casa com medo de ficar de castigo, até ao pós-operatório do ex. Portanto, fazer pensos não tem grande segredo para mim.
Mal ou bem, juntei os bordos e coloquei a fita com jeito, sem apertar demasiado para não doer nem prejudicar a integridade do tecido.
Apercebi-me da falta de pedaços (nestas coisas perdem-se sempre pedaços). Mas o tecido acaba por se regenerar de alguma forma, nuns casos melhor do que noutros, sim, mas consegue-se.
O processo começou, devagar. Cicatrização em curso.
Os dias não são iguais, nem a intensidade da dor que ainda surge de vez em quando.
Sei que vão ficar linhas esbranquiçadas como um mapa de estradas. Algumas atenuar-se-ão aos poucos. Outras nunca desaparecerão, marcas indeléveis de lições aprendidas.
Mas nós somos seres muito resistentes.
E o coração há-de sarar por completo.
:)
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Da Amizade
A amizade tem muitas cores e contornos.
Há aquelas alturas em que precisamos de um ombro onde nos apoiarmos. Outras, de um ouvido que nos escute. Ou aquelas em que precisamos de quem nos impeça de cometer um erro.
E há as alturas em que basta a presença, o calor, os risos e sorrisos, as brincadeiras e o carinho de um abraço solto para nos apercebermos de que a vida tem mais cor do que nos andava a parecer.
Hoje tive a noção do quanto recebi, de que posso retribuir tudo isso e apercebo-me de que afinal tenho muito para dar.
Obrigada :)
Há aquelas alturas em que precisamos de um ombro onde nos apoiarmos. Outras, de um ouvido que nos escute. Ou aquelas em que precisamos de quem nos impeça de cometer um erro.
E há as alturas em que basta a presença, o calor, os risos e sorrisos, as brincadeiras e o carinho de um abraço solto para nos apercebermos de que a vida tem mais cor do que nos andava a parecer.
Hoje tive a noção do quanto recebi, de que posso retribuir tudo isso e apercebo-me de que afinal tenho muito para dar.
Obrigada :)
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Há dias assim
Há dias em que
a tristeza faz
de mim mera sombra
sem cor.
Há dias em que
me escondo atrás
das gotas de chuva
sem corpo.
Há dias em que
meus olhos não brilham
velados de dor
sem voz.
Há dias em que
só quero voar
para lá do horizonte
sem fim.
Há dias em que
me sinto tempestade
sou raio e trovão
aqui.
E há dias em que
eu sou apenas eu
pousada no centro
de mim.
a tristeza faz
de mim mera sombra
sem cor.
Há dias em que
me escondo atrás
das gotas de chuva
sem corpo.
Há dias em que
meus olhos não brilham
velados de dor
sem voz.
Há dias em que
só quero voar
para lá do horizonte
sem fim.
Há dias em que
me sinto tempestade
sou raio e trovão
aqui.
E há dias em que
eu sou apenas eu
pousada no centro
de mim.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Pequenas coisas...
Há coisas engraçadas.
Tomar uma decisão interiormente e quase logo a seguir alguém vir dizer que 'devias fazer assim'. E esse alguém ficar convencido de que as coisas mudaram só porque assim o quis.
Deixá-los. Pequenas mentes contentam-se com pequenas coisas.
É pena é não lhes interessar ouvir a(s) verdade(s). Mas isso destruir-lhes-ia toda a ilusão de serem detentores da razão absoluta...
"L'umile, sente che sbaglia e lo ammette... l'ipocrita, sente che sbaglia e lo nasconde; l'arrogante è immune all'errore." (autor desconhecido)
Tomar uma decisão interiormente e quase logo a seguir alguém vir dizer que 'devias fazer assim'. E esse alguém ficar convencido de que as coisas mudaram só porque assim o quis.
Deixá-los. Pequenas mentes contentam-se com pequenas coisas.
É pena é não lhes interessar ouvir a(s) verdade(s). Mas isso destruir-lhes-ia toda a ilusão de serem detentores da razão absoluta...
"L'umile, sente che sbaglia e lo ammette... l'ipocrita, sente che sbaglia e lo nasconde; l'arrogante è immune all'errore." (autor desconhecido)
Eyes on the horizon
In my dream I was drowning my sorrows
But my sorrows, they learned to swim
Surrounding me, going down on me
Spilling over the brim
Waves of regret, waves of joy
I reached out for the one I tried to destroy
You, you said you'd wait till the end of the world.
But my sorrows, they learned to swim
Surrounding me, going down on me
Spilling over the brim
Waves of regret, waves of joy
I reached out for the one I tried to destroy
You, you said you'd wait till the end of the world.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
22
Será um dia como os outros, mas não um dia qualquer.
Será uma quarta-feira como as outras, mas não uma quarta-feira qualquer.
Um dia de fins e princípios.
Coisas há que vão mudar e outras que até não.
Em parte é uma formalidade mas há formalidades importantes.
Hoje é o último. Amanhã será o primeiro.
Depois disso... quem sabe?
:)
Será uma quarta-feira como as outras, mas não uma quarta-feira qualquer.
Um dia de fins e princípios.
Coisas há que vão mudar e outras que até não.
Em parte é uma formalidade mas há formalidades importantes.
Hoje é o último. Amanhã será o primeiro.
Depois disso... quem sabe?
:)
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Continuar. Viver.
Respirar fundo. Ter coragem, fé em nós próprios.
Acreditar, dia após dia, que um dia chegaremos "lá". E no dia seguinte continuar a acreditar, arregaçando as mangas e dando o nosso melhor sem esperar que nos façam a papinha, que nos dêem palmadinhas nas costas, que um acto miraculoso nos alivie a carga que nos propusemos (ou fomos obrigados a) levar.
Respirar fundo. Armarmo-nos de coragem para continuar.
Olhar com atenção em volta, pois qualquer pequena luz é melhor do que a escuridão. Se as descobrirmos, se soubermos onde estão, tornar-se-á mais fácil.
Respirar fundo. Ganhar fôlego e continuar.
Não podemos vencer a morte, mas podemos negar, recusar a morte-em-vida dos desistentes, que se deixam ficar à beira da estrada, fracos e trémulos, à espera do fim.
Respirar fundo. Continuar, sempre.
A nossa vida é nossa, de cada um de nós. Ninguém a viverá por nós, ninguém a aproveitará por nossa conta; saboreemo-la, fruamo-la, conheçamo-la, groquemo-la. Toda, pois é nossa - não pode ser dada, as experiências que vivemos são nossas, impregnadas no padrão de memórias daquilo que somos. De quem somos.
Respirar fundo. Viver.
your life is your life
don’t let it be clubbed into dank submission.
be on the watch.
there are ways out.
there is a light somewhere.
it may not be much light but
it beats the darkness.
be on the watch.
the gods will offer you chances.
know them.
take them.
you can’t beat death but
you can beat death in life, sometimes.
and the more often you learn to do it,
the more light there will be.
your life is your life.
know it while you have it.
you are marvelous
the gods wait to delight
in you.
[Charles Bukowski - Laughing Heart]
Acreditar, dia após dia, que um dia chegaremos "lá". E no dia seguinte continuar a acreditar, arregaçando as mangas e dando o nosso melhor sem esperar que nos façam a papinha, que nos dêem palmadinhas nas costas, que um acto miraculoso nos alivie a carga que nos propusemos (ou fomos obrigados a) levar.
Respirar fundo. Armarmo-nos de coragem para continuar.
Olhar com atenção em volta, pois qualquer pequena luz é melhor do que a escuridão. Se as descobrirmos, se soubermos onde estão, tornar-se-á mais fácil.
Respirar fundo. Ganhar fôlego e continuar.
Não podemos vencer a morte, mas podemos negar, recusar a morte-em-vida dos desistentes, que se deixam ficar à beira da estrada, fracos e trémulos, à espera do fim.
Respirar fundo. Continuar, sempre.
A nossa vida é nossa, de cada um de nós. Ninguém a viverá por nós, ninguém a aproveitará por nossa conta; saboreemo-la, fruamo-la, conheçamo-la, groquemo-la. Toda, pois é nossa - não pode ser dada, as experiências que vivemos são nossas, impregnadas no padrão de memórias daquilo que somos. De quem somos.
Respirar fundo. Viver.
your life is your life
don’t let it be clubbed into dank submission.
be on the watch.
there are ways out.
there is a light somewhere.
it may not be much light but
it beats the darkness.
be on the watch.
the gods will offer you chances.
know them.
take them.
you can’t beat death but
you can beat death in life, sometimes.
and the more often you learn to do it,
the more light there will be.
your life is your life.
know it while you have it.
you are marvelous
the gods wait to delight
in you.
[Charles Bukowski - Laughing Heart]
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Ao serão
Havia planos para ver um filme (Dragon Heart) mas foram adiados para amanhã.
Sozinha e com o trabalho praticamente acabado (sem vontade nenhuma de lhe pegar novamente, em abono da verdade) lembrei-me de pegar num pet project de tradução de um conto para submissão a uma webzine.
Resultado: pesquisa intensiva sobre Norbert Wiener, as suas obras e citações. Às tantas já estava a ler correlações entre o seu trabalho e as teorias de Schrödinger, entropia negativa, termodinâmica e demónios de Maxwell...
Um título excelente que serviria de partida para textos certamente muito diferentes dos de Wiener: The Human Use of Human Beings.
Science and Sci-Fi. Geekfun no seu melhor :D
Sozinha e com o trabalho praticamente acabado (sem vontade nenhuma de lhe pegar novamente, em abono da verdade) lembrei-me de pegar num pet project de tradução de um conto para submissão a uma webzine.
Resultado: pesquisa intensiva sobre Norbert Wiener, as suas obras e citações. Às tantas já estava a ler correlações entre o seu trabalho e as teorias de Schrödinger, entropia negativa, termodinâmica e demónios de Maxwell...
Um título excelente que serviria de partida para textos certamente muito diferentes dos de Wiener: The Human Use of Human Beings.
Science and Sci-Fi. Geekfun no seu melhor :D
Countdown
D-minus-4
O tempo parece demorar imenso a passar.
Os dias arrastam-se entre tarefas, problemas, pequenos nadas - e pássaros negros que surgem, saltitantes, onde menos os espero ou me espreitam a poucos metros da janela do escritório.
As noites fluem num sono de chumbo, sem sonhos.
Às vezes gostaria de poder desligar o interruptor do pensómetro.
O tempo parece demorar imenso a passar.
Os dias arrastam-se entre tarefas, problemas, pequenos nadas - e pássaros negros que surgem, saltitantes, onde menos os espero ou me espreitam a poucos metros da janela do escritório.
As noites fluem num sono de chumbo, sem sonhos.
Às vezes gostaria de poder desligar o interruptor do pensómetro.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Viral
Ontem este vídeo surgia em inúmeros murais no facebook. Autenticamente viral, do que resulta que não o vi porque não. Não vou atrás das viralidades (virosidades? virolidades? whatever!!!), e contrario a corrente de propósito, o que significa que só há dias ouvi pela primeira vez Lana Del Rey e até gostei.
Ontem toda a gente via e comentava este vídeo e eu não o vi.
Hoje uma amiga fez um comentário e, já que já passou o tal dia do ano em que muitas pessoas pensam que é suficiente dizer 'amo-te', dar flores e peluches e chocolates para depois se esquecerem de demonstrar o que sentem nos 364 dias seguintes... bem, hoje vi o vídeo.
E o meu sorriso foi triste.
Ontem toda a gente via e comentava este vídeo e eu não o vi.
Hoje uma amiga fez um comentário e, já que já passou o tal dia do ano em que muitas pessoas pensam que é suficiente dizer 'amo-te', dar flores e peluches e chocolates para depois se esquecerem de demonstrar o que sentem nos 364 dias seguintes... bem, hoje vi o vídeo.
E o meu sorriso foi triste.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
O Som da Vida
Light a flame in the dark
Light a flame in my heart
Light a candle to see me through these times
Hands reach for hands now
We just need each other now
Someone to hold on to in these times
There's a new way of life - It's up ahead
Looks like an open road - But what's up ahead?
With my opened arms I'm frightened too
Looks like the new way of life
Takes me away from you
Always kept caution close at hand
Never threw it to the wind
I am wary of the unknown
But I can't stay the same
Never change, never change
We must take this future and make it our own
Valen-what?
Não preciso de datas especiais no calendário para dizer o que sinto.
Aqui canto, aqui declamo, aqui repito Amar - Amor - Amar todos os dias, porque um ano é feito de 365 (ou 366) dias para amar e não apenas um.
Hoje é um dia como os outros.
E tal como em todos os outros dias... amo-te. Só isso.
Aqui canto, aqui declamo, aqui repito Amar - Amor - Amar todos os dias, porque um ano é feito de 365 (ou 366) dias para amar e não apenas um.
Hoje é um dia como os outros.
E tal como em todos os outros dias... amo-te. Só isso.
Echo
I think I was searching for treasures or stones
in the clearest of pools
when your face...
__________when your face
like the moon in a well
where I might wish...
__________might well wish
for the iced fire of your kiss
only on water my lips, where your face...
where your face was reflected, lovely
not really there when I turned
to look behind at the emptying air
the emptying air
(Carol Ann Duffy)
in the clearest of pools
when your face...
__________when your face
like the moon in a well
where I might wish...
__________might well wish
for the iced fire of your kiss
only on water my lips, where your face...
where your face was reflected, lovely
not really there when I turned
to look behind at the emptying air
the emptying air
(Carol Ann Duffy)
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Take me home
Take me home, you silly girl
Put your arms around me
Take me home you silly girl
Oh the world's not round without you
I'm so sorry that I broke your heart
Please don't leave my side
Take me home you silly girl
Cause I'm still in love with you
domingo, 12 de fevereiro de 2012
De que serve o Amor?
Para quê o Amor quando não serve de nada?
Amor só não basta, tal como desejo só não basta.
'O Amor é lindo!'. Então e o resto? Não falo da pele contra pele, do tocar, da suspensão de gravidade que parece existir nos momentos em que os corpos se fundem. Isso também é importante, também é bom.
Mas uma relação, uma vida em conjunto é muito mais. São as adversidades que se enfrentam, as prioridades que se revêm, a roupa para lavar e dobrar, as compras, a despensa arrumada, a lenha e os rolos de cozinha, o chá e o leite com chocolate, o pão com manteiga e os vegetais, o vinho e a água, os hábitos que mudam, os amigos - os comuns e os outros - que passam a lidar com uma unidade recém.criada que, por muito que integre duas pessoas que não perdem individualidade, é algo de novo a ter em conta com as suas próprias rotinas e horários e passatempos e sítios e coisas.
Pontos de vista que se alteram, coisas a que se não dava importância e que afinal passam a entrar nas rotinas essenciais, momentos que passam a ser a dois - escrever uma história em comum, recordações que serão partilhadas, vidas entretecidas em conjunto a partir de certa altura.
Não se pode comer o bolo e ficar com ele. Há coisas de que inevitavelmente se abre mão, uma escolha que se tem que fazer quando se acha que alguém vale a pena, que o querer estar com essa pessoa nos é mais caro ao coração do que a total independência e o fazer o que nos dá na telha a toda a hora e momento, que a felicidade de estar juntos é melhor do que a felicidade de estar sozinho.
Não, só o Amor não chega, só o desejo não chega.
É preciso coragem, é preciso esforço, é preciso colaboração, é preciso todos os dias aparecer e arregaçar as mangas e dar o seu melhor e arriscar e abrir o coração sem defesas a quem nos pode magoar mais do que qualquer outra pessoa. E se esse 'quem' não tirar partido dessas defesas em baixo, se tiver a coragem de abrir igualmente o coração e se dispuser também a arriscar e esforçar-se e arregaçar as mangas e dar o seu melhor todos os dias, a verdadeira história a dois poderá então começar, e fazer-se dos momentos de alegria e de tristeza, de glória e de dor, de um que ampara o outro que está em baixo, o outro que defende o um injustamente atacado, dos risos, dos silêncios, das noites em branco, dos beijos, dos olhares e todas as outras coisas que não se podem comprar.
Não se pode comprar o Amor, embora se possa fingir que existe.
Não se pode comprar o desejo, embora se possa fingir que existe.
Não se pode comprar a coragem de arriscar, de tentar, de dar um salto para o desconhecido - e isso não se pode fingir. Ou se tem e se tenta e nos arriscamos a experimentar o fogo e o trovão e todas as dimensões que se concretizam... ou não se tem e nunca se saberá como poderia ter sido.
'Sometimes you wake up. Sometimes the fall kills you. And sometimes, when you fall, you fly.'
(Neil Gaiman, The Sandman - vol. 6)
Amor só não basta, tal como desejo só não basta.
'O Amor é lindo!'. Então e o resto? Não falo da pele contra pele, do tocar, da suspensão de gravidade que parece existir nos momentos em que os corpos se fundem. Isso também é importante, também é bom.
Mas uma relação, uma vida em conjunto é muito mais. São as adversidades que se enfrentam, as prioridades que se revêm, a roupa para lavar e dobrar, as compras, a despensa arrumada, a lenha e os rolos de cozinha, o chá e o leite com chocolate, o pão com manteiga e os vegetais, o vinho e a água, os hábitos que mudam, os amigos - os comuns e os outros - que passam a lidar com uma unidade recém.criada que, por muito que integre duas pessoas que não perdem individualidade, é algo de novo a ter em conta com as suas próprias rotinas e horários e passatempos e sítios e coisas.
Pontos de vista que se alteram, coisas a que se não dava importância e que afinal passam a entrar nas rotinas essenciais, momentos que passam a ser a dois - escrever uma história em comum, recordações que serão partilhadas, vidas entretecidas em conjunto a partir de certa altura.
Não se pode comer o bolo e ficar com ele. Há coisas de que inevitavelmente se abre mão, uma escolha que se tem que fazer quando se acha que alguém vale a pena, que o querer estar com essa pessoa nos é mais caro ao coração do que a total independência e o fazer o que nos dá na telha a toda a hora e momento, que a felicidade de estar juntos é melhor do que a felicidade de estar sozinho.
Não, só o Amor não chega, só o desejo não chega.
É preciso coragem, é preciso esforço, é preciso colaboração, é preciso todos os dias aparecer e arregaçar as mangas e dar o seu melhor e arriscar e abrir o coração sem defesas a quem nos pode magoar mais do que qualquer outra pessoa. E se esse 'quem' não tirar partido dessas defesas em baixo, se tiver a coragem de abrir igualmente o coração e se dispuser também a arriscar e esforçar-se e arregaçar as mangas e dar o seu melhor todos os dias, a verdadeira história a dois poderá então começar, e fazer-se dos momentos de alegria e de tristeza, de glória e de dor, de um que ampara o outro que está em baixo, o outro que defende o um injustamente atacado, dos risos, dos silêncios, das noites em branco, dos beijos, dos olhares e todas as outras coisas que não se podem comprar.
Não se pode comprar o Amor, embora se possa fingir que existe.
Não se pode comprar o desejo, embora se possa fingir que existe.
Não se pode comprar a coragem de arriscar, de tentar, de dar um salto para o desconhecido - e isso não se pode fingir. Ou se tem e se tenta e nos arriscamos a experimentar o fogo e o trovão e todas as dimensões que se concretizam... ou não se tem e nunca se saberá como poderia ter sido.
'Sometimes you wake up. Sometimes the fall kills you. And sometimes, when you fall, you fly.'
(Neil Gaiman, The Sandman - vol. 6)
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Silencio
"Yo voy a cerrar los ojos.
Y sólo quiero cinco cosas,
cinco raíces preferidas.
Una es el amor sin fin.
Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas
vuelen y vuelvan a la tierra.
Lo tercero es el grave invierno,
la lluvia que amé, la caricia
del fuego en el frío silvestre.
En cuarto lugar el verano
redondo como una sandía.
La quinta cosa son tus ojos,
(...)
no quiero dormir sin tus ojos,
no quiero ser sin que me mires:
yo cambio la primavera
por que tú me sigas mirando.
Amigos, eso es cuanto quiero.
Es casi nada y casi todo."
Pablo Neruda
(excerto de 'Pido Silencio')
Y sólo quiero cinco cosas,
cinco raíces preferidas.
Una es el amor sin fin.
Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas
vuelen y vuelvan a la tierra.
Lo tercero es el grave invierno,
la lluvia que amé, la caricia
del fuego en el frío silvestre.
En cuarto lugar el verano
redondo como una sandía.
La quinta cosa son tus ojos,
(...)
no quiero dormir sin tus ojos,
no quiero ser sin que me mires:
yo cambio la primavera
por que tú me sigas mirando.
Amigos, eso es cuanto quiero.
Es casi nada y casi todo."
Pablo Neruda
(excerto de 'Pido Silencio')
Talvez
Here I go climbing a mountain
It's much too high for me
And here I go crossing the ocean
Losing myself, getting lost in the sea
Where did I go wrong
When did I stop singing a love song
Maybe I was wrong
Maybe I was blind and could not see
Maybe you were never the one
Maybe you were not the one for me
Maybe
Here I go posing a question
Not sure of what I'll hear
Here I go refusing to let you answer
Until I make myself so very clear
We can take what was wrong
We can end these words in a love song
Maybe if we try
Maybe we can start again when we've already said goodbye
Maybe we can still be what we always dreamed that we could be
And I know that I was wrong to let you go
But I'm still holding on to let you know
Maybe I was wrong
Maybe I was blind and could not see
Oh but baby I'll be strong
And I'll sacrifice the very breath I breathe
If I could only hear you say to me
When I ask you if you think you still love me
...Maybe
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Azul frio
Amar, amor, amar-te
sob todos os céus
sob todas as estrelas do Universo
é a minha realidade constante.
Céu.
Imenso, intenso, onde perdemos o olhar, imersos nas possibilidades e nos sonhos. Mergulhamos no céu como nos olhos do ser amado, igualmente esquecidos do que nos rodeia, desejando para sempre estar perdidos assim.
És o meu céu.
E igualmente inatingível.
sob todos os céus
sob todas as estrelas do Universo
é a minha realidade constante.
Céu.
Imenso, intenso, onde perdemos o olhar, imersos nas possibilidades e nos sonhos. Mergulhamos no céu como nos olhos do ser amado, igualmente esquecidos do que nos rodeia, desejando para sempre estar perdidos assim.
És o meu céu.
E igualmente inatingível.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Neruda & eu
"Aqui te amo
Nos sombrios pinheiros desenreda-se o vento
a lua fosforesce sobre as águas errantes
andam dias iguais a perseguir-se.
Desperta-se a névoa em dançantes figuras
uma gaivota de prata desprende-se do ocaso
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Sozinho.
Às vezes amanheço e até a alma está húmida.
Soa, ressoa o Mar ao longe.
Este é um porto.
Aqui te amo.
Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
Às vezes vão meus beijos nesses barcos solenes
que correm pelo Mar rumo a onde não chegam.
Já me creio esquecido como estas velhas âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta.
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos
mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores
E como eu te amo! Os pinheiros no vento
querem cantar o teu nome com suas folhas de cobre
AQUI DISTANTE, EU TE AMO!"
(Pablo Neruda)
Daqui distante te mando um beijo
em cada sussurro de brisa
que me apaga as lágrimas que não deixo que meus olhos vertam
e arrasto-me sob o sol que incendeia a tarde, lá no alto
neste mesmo céu sob o qual estás, e o teu espírito tão longe
tão longe, para lá do Mar.
E eu aqui, distante. Mas sempre tua.
Aqui te amo. E em todo o lado.
Nos sombrios pinheiros desenreda-se o vento
a lua fosforesce sobre as águas errantes
andam dias iguais a perseguir-se.
Desperta-se a névoa em dançantes figuras
uma gaivota de prata desprende-se do ocaso
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Sozinho.
Às vezes amanheço e até a alma está húmida.
Soa, ressoa o Mar ao longe.
Este é um porto.
Aqui te amo.
Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
Às vezes vão meus beijos nesses barcos solenes
que correm pelo Mar rumo a onde não chegam.
Já me creio esquecido como estas velhas âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta.
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos
mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores
E como eu te amo! Os pinheiros no vento
querem cantar o teu nome com suas folhas de cobre
AQUI DISTANTE, EU TE AMO!"
(Pablo Neruda)
Daqui distante te mando um beijo
em cada sussurro de brisa
que me apaga as lágrimas que não deixo que meus olhos vertam
e arrasto-me sob o sol que incendeia a tarde, lá no alto
neste mesmo céu sob o qual estás, e o teu espírito tão longe
tão longe, para lá do Mar.
E eu aqui, distante. Mas sempre tua.
Aqui te amo. E em todo o lado.
Swords
See her come down, through the clouds
I feel like a fool
I aint got nothing left to give
Nothing to lose
So come on Love, draw your swords
Shoot me to the ground
You are mine, I am yours
Lets not f**k around
Cause you are, the only one
Cause you are, the only one
I see them snakes come through the ground
They choke me to the bone
They tie me to their wooden chair
Here are all my songs
So come on Love, draw your swords
Shoot me to the ground
You are mine, I am yours
Lets not f**k around
Cause you are, the only one
Cause you are, the only one
Through the looking glass
"The time has come," the Walrus said,
"To talk of many things:
Of shoes—and ships—and sealing-wax—
Of cabbages—and kings—
And why the sea is boiling hot—
And whether pigs have wings."
(Lewis Carroll)
There's got to be more to life than this.
But right now I don't know where. My compass keeps pointing to the one place I cannot go, the kingdom I was banned from.
A warrior in exile, whose strength was dispensed.
Yet I prefer to bury my sword than to become a mercenary and sell my beliefs.
I hold the truth I've discovered, precious knowledge even if it leads me nowhere.
And though broken and scarred, I walk in the sun standing tall, holding it close to my soul. For this is what I know, my most cherished thought and delightful certainty.
It is my just.discovered true desire, "the deepest secret nobody knows, and I carry it in my heart".
With a sad smile I bid farewell to you, my silent lord; for thou shall not know what I keep within.
"To talk of many things:
Of shoes—and ships—and sealing-wax—
Of cabbages—and kings—
And why the sea is boiling hot—
And whether pigs have wings."
(Lewis Carroll)
There's got to be more to life than this.
But right now I don't know where. My compass keeps pointing to the one place I cannot go, the kingdom I was banned from.
A warrior in exile, whose strength was dispensed.
Yet I prefer to bury my sword than to become a mercenary and sell my beliefs.
I hold the truth I've discovered, precious knowledge even if it leads me nowhere.
And though broken and scarred, I walk in the sun standing tall, holding it close to my soul. For this is what I know, my most cherished thought and delightful certainty.
It is my just.discovered true desire, "the deepest secret nobody knows, and I carry it in my heart".
With a sad smile I bid farewell to you, my silent lord; for thou shall not know what I keep within.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Crystal clear
I never was very good at handling others' indefinitions. Even more so when I have my own to deal with.
Now that the haze gave way to clarity, I realize I've gone too far beyond the looking glass to return. It's lonely out here.
Where was this on the hologram you claimed to have seen beforehand?
Where are the years you said we would need to explain everything we saw?
The sun has dripped down beyond the shadowy lines.
Where is the droning engine that throbs in time with your beating heart?
I miss you, Dwayne.
I've got so much to tell you
but all that comes out
of my silent lips is a sigh.
Damn, how I miss you!
Love,
Ellen.
Now that the haze gave way to clarity, I realize I've gone too far beyond the looking glass to return. It's lonely out here.
Where was this on the hologram you claimed to have seen beforehand?
Where are the years you said we would need to explain everything we saw?
The sun has dripped down beyond the shadowy lines.
Where is the droning engine that throbs in time with your beating heart?
I miss you, Dwayne.
I've got so much to tell you
but all that comes out
of my silent lips is a sigh.
Damn, how I miss you!
Love,
Ellen.
Done, Pause
Terminei de processar(-te).
E se em relação a algumas coisas se me fez luz, sobre outras ficou um véu de incompreensão. Contradições que não entendo.
Mas isso já não faz grande diferença, do teu lado do espelho.
Afastei-me porque tinha que o fazer; avassalada como estava por dúvidas que não tinham só a ver contigo, tinha que me recentrar, ganhar perspectiva. Não entendeste isso dessa forma; aliás, não entendeste, ponto.
Por isso não compreendes decerto que te guardo no mesmo local onde guardava e que uma série de coisas permaneceram, apesar dos esforços.
Essa parte nem vou tentar perceber sequer. Sei que está lá e isso, para já, chega-me.
Digo-te, a parte pior de não saber de ti é mesmo essa, não saber de ti, não saber se estás bem, se estás doente, a precisar de uma sopa quente ou apenas de conversar. Não o facto de não me leres e como tal não vires a saber onde estou ou para onde me dirijo. As minhas rotas não são as tuas - mas gostaria de saber a quantas andas, que é feito de ti. O carinho não se apaga assim.
Terminei de processar(-te).
Nesse grocar descobri muito sobre um e outro, semelhanças e diferenças. E houve algo que me atingiu como um raio, um clarão de entendimento, uma epifania. Algo que nunca suspeitaste porque nunca to disse, pois nem eu ainda tinha lá chegado.
Não sei se teria feito alguma diferença dizer-to enquanto pude; mas na altura não o sabia, portanto não podia. Belo paradoxo...
Na verdade tinha uma vaga consciência de algo indefinido, mas não te iria falar de indefinições. Também nunca me deitei a pensar sobre o assunto por julgar que não se justificava, que a seu tempo tudo seria esclarecido; enganei-me.
Esta noite fez-se luz e uma noção tornou-se certeza cristalina. E, a este ponto, dolorosa.
Mas nunca saberás o quê.
E se em relação a algumas coisas se me fez luz, sobre outras ficou um véu de incompreensão. Contradições que não entendo.
Mas isso já não faz grande diferença, do teu lado do espelho.
Afastei-me porque tinha que o fazer; avassalada como estava por dúvidas que não tinham só a ver contigo, tinha que me recentrar, ganhar perspectiva. Não entendeste isso dessa forma; aliás, não entendeste, ponto.
Por isso não compreendes decerto que te guardo no mesmo local onde guardava e que uma série de coisas permaneceram, apesar dos esforços.
Essa parte nem vou tentar perceber sequer. Sei que está lá e isso, para já, chega-me.
Digo-te, a parte pior de não saber de ti é mesmo essa, não saber de ti, não saber se estás bem, se estás doente, a precisar de uma sopa quente ou apenas de conversar. Não o facto de não me leres e como tal não vires a saber onde estou ou para onde me dirijo. As minhas rotas não são as tuas - mas gostaria de saber a quantas andas, que é feito de ti. O carinho não se apaga assim.
Terminei de processar(-te).
Nesse grocar descobri muito sobre um e outro, semelhanças e diferenças. E houve algo que me atingiu como um raio, um clarão de entendimento, uma epifania. Algo que nunca suspeitaste porque nunca to disse, pois nem eu ainda tinha lá chegado.
Não sei se teria feito alguma diferença dizer-to enquanto pude; mas na altura não o sabia, portanto não podia. Belo paradoxo...
Na verdade tinha uma vaga consciência de algo indefinido, mas não te iria falar de indefinições. Também nunca me deitei a pensar sobre o assunto por julgar que não se justificava, que a seu tempo tudo seria esclarecido; enganei-me.
Esta noite fez-se luz e uma noção tornou-se certeza cristalina. E, a este ponto, dolorosa.
Mas nunca saberás o quê.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Ainda vem longe
... essa coisa chamada Primavera.
Hei-de te amar, ou então hei-de chorar por ti
Mesmo assim, quero ver te sorrir...
E se perder vou tentar esquecer-me de vez, conto até três
Se quiser ser feliz...
Hei-de te amar, ou então hei-de chorar por ti
Mesmo assim, quero ver te sorrir...
E se perder vou tentar esquecer-me de vez, conto até três
Se quiser ser feliz...
No surprises
Doorbell rang.
Wrong address.
I knew it wasn't you - yet, for a split second, my heart smiled at the possibility.
I guess I should spank it for being so stupid.
Wrong address.
I knew it wasn't you - yet, for a split second, my heart smiled at the possibility.
I guess I should spank it for being so stupid.
Leggendo Calvino
Si conobbero. Lui conobbe lei e se stesso, perché in verità non s’era mai saputo. E lei conobbe lui e se stessa, perché pur essendosi saputa sempre mai s’era potuta riconoscere così.
Una parola piú e sarebbe troppo...
Una parola piú e sarebbe troppo...
And?
I am writing as I process things, one after the other - like I said I would.
I'd really love that you would read all of this, so you'd know why I had to walk away when I did; but I know you won't, solidly anchored in your own stubbornness, the one thing in which you can claim (and win, hands down) to be stronger than me.
The truth is, if you would show up on my doorstep I would call upon your bluff and you'd have to stand for what you once said (you claim to know everything, but I do remember everything - well, the stuff worth remembering, of course).
Oh, wait! That has already happened!
And you just hid behind excuses.
(Yet I believe in 2nd chances, and that the only way to prove a theory is to demonstrate it).
I'd really love that you would read all of this, so you'd know why I had to walk away when I did; but I know you won't, solidly anchored in your own stubbornness, the one thing in which you can claim (and win, hands down) to be stronger than me.
The truth is, if you would show up on my doorstep I would call upon your bluff and you'd have to stand for what you once said (you claim to know everything, but I do remember everything - well, the stuff worth remembering, of course).
Oh, wait! That has already happened!
And you just hid behind excuses.
(Yet I believe in 2nd chances, and that the only way to prove a theory is to demonstrate it).
Processando... (5)
Escavo memórias.
Aos poucos vou grocando oito anos de ti.
Vejo que tinha razão, que as certezas anunciadas já antes o eram... e também se enganaram, de todas as vezes que pensaste ser a última e voaste até te fazeres Ícaro.
Perante mim, contradisseste-te; as dúvidas permaneceram - as tuas, disfarçadas de certezas diferentes das minhas.
Eu, que não afirmo certezas tão grandes, digo-te desde já que sim, sei como seria...
Mas tu nunca o saberás.
E ainda dizes que não foi por medo?
Aos poucos vou grocando oito anos de ti.
Vejo que tinha razão, que as certezas anunciadas já antes o eram... e também se enganaram, de todas as vezes que pensaste ser a última e voaste até te fazeres Ícaro.
Perante mim, contradisseste-te; as dúvidas permaneceram - as tuas, disfarçadas de certezas diferentes das minhas.
Eu, que não afirmo certezas tão grandes, digo-te desde já que sim, sei como seria...
Mas tu nunca o saberás.
E ainda dizes que não foi por medo?
Processando... (4)
Nunca fingi ser o que não era.
Mas quando, intenso trovão, quiseste ver a face do relâmpago, deparaste com a pura tempestade.
E naufragámos.
Mas quando, intenso trovão, quiseste ver a face do relâmpago, deparaste com a pura tempestade.
E naufragámos.
Processando... (3)
Tudo o que eu queria era um igual, que combatesse ao meu lado e com quem pudesse contar, costas com costas e espadas desembainhadas contra o que o mundo nos atirasse.
Avisei-te que não era donzela em apuros à espera de ser salva.
Os outros é que precisam de ser salvos de mim.
Incluindo tu.
Placidamente lavras a terra em silêncio e colhes frutos com uma lança ao crepúsculo enquanto eu, de alma em fogo com a intensidade de mil sóis, faço cantar a espada ao vento e grito amor.
Houvesse em ti um coração igual ao meu e teria morrido por ti.
Sou guerreira do relâmpago.
Continuo a queimar aquilo em que toco.
Avisei-te que não era donzela em apuros à espera de ser salva.
Os outros é que precisam de ser salvos de mim.
Incluindo tu.
Placidamente lavras a terra em silêncio e colhes frutos com uma lança ao crepúsculo enquanto eu, de alma em fogo com a intensidade de mil sóis, faço cantar a espada ao vento e grito amor.
Houvesse em ti um coração igual ao meu e teria morrido por ti.
Sou guerreira do relâmpago.
Continuo a queimar aquilo em que toco.
Break
My body is a cage that keeps me
From dancing with the one I love
But my mind holds the key
My body is a cage that keeps me
From dancing with the one I love
But my mind holds the key
I'm standing on a stage
Of fear and self-doubt
It's a hollow play
But they'll clap anyway
My body is a cage that keeps me
From dancing with the one I love
But my mind holds the key
You're standing next to me
My mind holds the key
I'm living in an age
That calls darkness light
Though my language is dead
Still the shapes fill my head
I'm living in an age
Whose name I don't know
Though the fear keeps me moving
Still my heart beats so slow
My body is a cage that keeps me
From dancing with the one I love
But my mind holds the key
You're standing next to me
My mind holds the key
My body is a
My body is a cage
We take what we're given
Just because you've forgotten
That don't mean you're forgiven
I'm living in an age
That screams my name at night
But when I get to the doorway
There's no one in sight
My body is a cage that keeps me
From dancing with the one I love
But my mind holds the key
You're standing next to me
My mind holds the key
Set my spirit free
Set my spirit free
Set my body free
Processando... (2)
Perguntaste-me uma vez se poderia existir algo como sermos demasiado parecidos.
Ri-me. Pareciam de facto coincidências a mais.
Mas termos trilhado os mesmíssimos caminhos lá atrás não queria dizer que a partir do cruzamento enveredássemos por um em comum.
Por muitas que sejam e se acumulem quando se sobrepõem duas cartas náuticas distintas, há coincidências que não passam disso mesmo. Coincidências.
Ri-me. Pareciam de facto coincidências a mais.
Mas termos trilhado os mesmíssimos caminhos lá atrás não queria dizer que a partir do cruzamento enveredássemos por um em comum.
Por muitas que sejam e se acumulem quando se sobrepõem duas cartas náuticas distintas, há coincidências que não passam disso mesmo. Coincidências.
Processando... (1)
O que se anunciara como reacção termonuclear que alteraria vidas inteiras não passou do surdo fragor do choque de madeira contra metal dos tacos irmãos que dormem em lugares gémeos.
Tu concentras-te no que não é e cruzas os braços à espera de um clique na mente.
Eu danço na vertigem do que pode ser e abro o peito, pronta a deixar que a vida flua através de mim, absorvendo, absorvendo.
Poderíamos alguma vez partilhar mais do que um momento no tempo?
Tu concentras-te no que não é e cruzas os braços à espera de um clique na mente.
Eu danço na vertigem do que pode ser e abro o peito, pronta a deixar que a vida flua através de mim, absorvendo, absorvendo.
Poderíamos alguma vez partilhar mais do que um momento no tempo?
Apontamento
Tínhamos uma folha em branco para escrever a história dos nossos dias.
Derramaste-lhe em cima o tinto da indiferença, comprado no supermercado da esquina e pegaste-lhe fogo com o súbito relâmpago da tua partida, deixando-me sem ter onde escrever as minhas memórias de ti.
Está frio e a lareira tem estado acesa todas as noites na casa semi-vazia.
Derramaste-lhe em cima o tinto da indiferença, comprado no supermercado da esquina e pegaste-lhe fogo com o súbito relâmpago da tua partida, deixando-me sem ter onde escrever as minhas memórias de ti.
Está frio e a lareira tem estado acesa todas as noites na casa semi-vazia.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
The last bridge
O projecto está concluído.
Algo diferente do que tinha pensado ao início - mas, na minha opinião, para melhor. Aliás, quando se muda algo por nossa iniciativa e se tem controlo sobre todo o processo, a intenção é sempre que seja para melhor. Há coisas na vida que não conseguimos controlar, sim. Mas no caso de algo que depende apenas de nós, temos tudo nas mãos.
Com tanta coisa à minha volta a escapar-se-me por entre os dedos, tantas circunstâncias que me afectam e que não consigo alterar, este projecto foi algo que eu tinha que fazer para me recentrar. Fazer algo com princípio, meio e fim, mesmo que tenha alterado coisas a meio; mas alterei-as porque quis, não porque mo tivessem imposto.
Cada passo deste projecto foi pensado e trabalhado para um dado objectivo. Empenhei-me em chegar ao final e agora olho para a minha criação com orgulho - porque não desisti, porque acreditei que seria capaz, porque me entreguei por completo a concretizá-lo. Foi, como dizia ontem, um acto de amor total; porque o fiz por mim mas não para mim.
Se servirá o seu objectivo final, o da ideia pela qual nasceu, ignoro. Nem sei sequer se alguma vez o saberei. Mas fi-lo, com gosto, com entrega, com amor. E nesse processo passei o ponto de fuga sem parar, atingi o horizonte de eventos e, embalada na minha criação, larguei a mão e deixei(-me) ir.
One of the hardest things in life is knowing when to let go.
Emergi do lado de cá, livre do que me pesava: a dor, a tristeza pelo que podia ter sido, pelo potencial perdido sem retorno, pelo que quis dar e não pude.
Dentro de algumas horas o resultado do meu trabalho, do meu intenso acto de amor, será preparado e enviado para onde tem que ser. Fechar-se-á um capítulo de aprendizagem, amor e perda.
O que virá a seguir, ainda não sei. Ainda não o escrevi.
Sei, sim, que o serão de domingo será diferente - sem estar a olhar para a lareira querendo estar noutro lado ou que o outro lado fosse aqui. Sem sonhos acordados, que já não tenho idade para isso e a vida já me mostrou que não basta querer e sonhar para que os nossos desejos se concretizem. Tonta fui eu por ter acreditado que por uma vez poderia ser diferente... mas isso foi no capítulo que agora se encerra.
Já chega.
Before our innocence was lost,
You were always one of those,
Blessed with lucky sevens,
And the voice that made me cry.
It's a song to say goodbye.
A vida segue dentro de momentos.
Algo diferente do que tinha pensado ao início - mas, na minha opinião, para melhor. Aliás, quando se muda algo por nossa iniciativa e se tem controlo sobre todo o processo, a intenção é sempre que seja para melhor. Há coisas na vida que não conseguimos controlar, sim. Mas no caso de algo que depende apenas de nós, temos tudo nas mãos.
Com tanta coisa à minha volta a escapar-se-me por entre os dedos, tantas circunstâncias que me afectam e que não consigo alterar, este projecto foi algo que eu tinha que fazer para me recentrar. Fazer algo com princípio, meio e fim, mesmo que tenha alterado coisas a meio; mas alterei-as porque quis, não porque mo tivessem imposto.
Cada passo deste projecto foi pensado e trabalhado para um dado objectivo. Empenhei-me em chegar ao final e agora olho para a minha criação com orgulho - porque não desisti, porque acreditei que seria capaz, porque me entreguei por completo a concretizá-lo. Foi, como dizia ontem, um acto de amor total; porque o fiz por mim mas não para mim.
Se servirá o seu objectivo final, o da ideia pela qual nasceu, ignoro. Nem sei sequer se alguma vez o saberei. Mas fi-lo, com gosto, com entrega, com amor. E nesse processo passei o ponto de fuga sem parar, atingi o horizonte de eventos e, embalada na minha criação, larguei a mão e deixei(-me) ir.
One of the hardest things in life is knowing when to let go.
Emergi do lado de cá, livre do que me pesava: a dor, a tristeza pelo que podia ter sido, pelo potencial perdido sem retorno, pelo que quis dar e não pude.
Dentro de algumas horas o resultado do meu trabalho, do meu intenso acto de amor, será preparado e enviado para onde tem que ser. Fechar-se-á um capítulo de aprendizagem, amor e perda.
O que virá a seguir, ainda não sei. Ainda não o escrevi.
Sei, sim, que o serão de domingo será diferente - sem estar a olhar para a lareira querendo estar noutro lado ou que o outro lado fosse aqui. Sem sonhos acordados, que já não tenho idade para isso e a vida já me mostrou que não basta querer e sonhar para que os nossos desejos se concretizem. Tonta fui eu por ter acreditado que por uma vez poderia ser diferente... mas isso foi no capítulo que agora se encerra.
Já chega.
Before our innocence was lost,
You were always one of those,
Blessed with lucky sevens,
And the voice that made me cry.
It's a song to say goodbye.
A vida segue dentro de momentos.
Events horizon
With the fire from the fireworks up above me
With a gun for a lover and a shot for the pain at hand
You run for cover in the temple of love
You run for another but still the same
For the wind will blow my name across this land
In the temple of love you hide together
Believing pain and fear outside
But someone near you rides the weather
And the tears he cried will rain on walls
As wide as lovers eyes
In the temple of love: Shine like thunder
In the temple of love: Cry like rain
In the temple of love: Hear my calling
In the temple of love: Hear my name
And the devil in black dress watches over
My guardian angel walks away
Life is short and love is always over in the morning
Black wind come carry me far away
With the sunlight died and night above me
With a gun for a lover and a shot for the pain inside
You run for cover in the temple of love
You run for another it's all the same
For the wind will blow and throw your walls aside
With the fire from the fireworks up above
With a gun for a lover and a shot for the pain
You run for cover in the temple of love
I shine like thunder cry like rain
And the temple grows old and strong
But the wind blows longer cold and long
And the temple of love will fall before
This black wind calls my name to you no more
In the black sky thunder sweeping
Underground and over water
Sounds of crying weeping will not save
Your faith for bricks and dreams for mortar
All your prayers must seem as nothing
Ninety-six below the wave
When stone is dust and only air remains
In the temple of love: Shine like thunder
In the temple of love: Cry like rain
In the temple of love: Hear the calling
And the temple of love is falling down
In the temple of love: Shine like thunder
In the temple of love: Cry like rain
In the temple of love: Hear my calling
In the temple of love: Hear my name
In the black sky thunder sweeping
Underground and over water
Sounds of crying weeping will not save
Your faith for bricks and dreams for mortar
All your prayers must seem as nothing
Ninety-six below the wave
When stone is dust and air remains
The only haven you can trust
And the devil in black dress watches over
My guardian angel walks away
Life is short and love is always over in the morning
Black wind come carry me far away
With the fire from the fireworks up above
With a gun for a lover and a shot for the pain
You run for cover in the temple of love
I shine like thunder cry like rain
And the temple grows old and strong
But the wind blows longer cold and long
And the temple of love will fall before
This black wind calls my name to you no more
In the temple of love you hide together
Believing pain and fear outside
But someone near you rides the weather
And the tears he cried will rain on walls
As wide as lovers eyes
In the temple of love: Shine like thunder
In the temple of love: Cry like rain
In the temple of love: Hear the calling
And the temple of love is falling down
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Um acto de amor
Papel em branco, lápis, caneta, pendrive, apontamentos, caneca de chá enorme, toros, pinhas, acendalhas.
Tudo pronto na sala.
Enrosco-me na poltrona com o bloco ao colo, pronta para iniciar o projecto.
Na poltrona ao lado, o estojo de plástico com um estampado a imitar granito e um pacote de acendalhas.
Sobre a mesinha de apoio, os lápis e o portátil ligado para ouvir música e conversar com a A.
Aparece o R no chat, a querer fazer-me inveja com o concerto que vai ver amanhã. Faz beicinho quando lhe digo que tenho a lareira acesa; o R não tem lareira.
O A publica um desenho no FB. Faço beicinho porque gostaria de desenhar tão bem como ele. Raisparta o talento do gajo.
Banda sonora da noite: Indochine, Moby (aos montes), Placebo.
Uma hora e tal depois, o primeiro draft está alinhavado. Já sabia que não iria dormir enquanto não passasse a ideia para o papel. Há coisas que resultam melhor pelos métodos tradicionais...
Continuo a conversar com a A enquanto apago umas coisas, altero outras, acrescento mais um ponto aqui ou ali. Três toros já foram. Pinhas nem sei.
Mais uma hora e dou o draft como pronto.
Olho para os papéis com um sorriso. Nada mau para um rascunho.
Ponho os papéis para o lado e coloco o último toro da noite. Vou à cozinha aquecer a terceira caneca de chá e volto à sala para espevitar o fogo. As chamas fascinam-me, como sempre. Seria capaz de ficar a olhar para elas durante horas, se a lenha durasse tanto. O melhor é amanhã trazer duas sacas do supermercado. Quando vou buscar o chá, ainda trago as chamas na mente e qualquer coisa faz clique. Quando regresso à sala volto a pegar nos papéis e acrescento o que acabei de imaginar.
Altero partes da ideia inicial e o resultado fica melhor do que eu tinha inicialmente pensado. O que fazem algumas linhas a mais...
Desta vez, o sorriso ao olhar para os papéis é de orgulho, mesmo que ainda não dê o projecto por terminado. Mas a estrutura está lá, esqueleto já coberto de carne embora a precisar de pequenas alterações estéticas. Está criado.
Criar dá-me prazer, como se tivesse a alma em fogo. Verto-me nas linhas que traço.
Quando a lenha acabar de arder vou dormir, com a satisfação de ter conseguido o que queria.
Amanhã será tempo de voltar a pegar no rascunho, passar a limpo, experimentar trocar posições de um elemento ou outro, limar arestas, burilar aqui e ali até o resultado ser exactamente o que quero. É a gestação do projecto: nutri-lo, acarinhá-lo, aperfeiçoá-lo como uma criança que cresce no ventre.
Até chegar a altura de o dar à luz, sem as dores físicas do parir mas com a pequena dor da saudade na alma ao ver o projecto terminar.
Porque um projecto assim é, acima de tudo, uma filho da imaginação, da alma que se empenha e se entrega e se dá em cada linha. No produto final revemo-nos, revemos o que demos, revemos a entrega e a dedicação em cada ponto, como uma criança fruto de um amor profundo.
Criar é sempre um acto de Amor.
Tudo pronto na sala.
Enrosco-me na poltrona com o bloco ao colo, pronta para iniciar o projecto.
Na poltrona ao lado, o estojo de plástico com um estampado a imitar granito e um pacote de acendalhas.
Sobre a mesinha de apoio, os lápis e o portátil ligado para ouvir música e conversar com a A.
Aparece o R no chat, a querer fazer-me inveja com o concerto que vai ver amanhã. Faz beicinho quando lhe digo que tenho a lareira acesa; o R não tem lareira.
O A publica um desenho no FB. Faço beicinho porque gostaria de desenhar tão bem como ele. Raisparta o talento do gajo.
Banda sonora da noite: Indochine, Moby (aos montes), Placebo.
Uma hora e tal depois, o primeiro draft está alinhavado. Já sabia que não iria dormir enquanto não passasse a ideia para o papel. Há coisas que resultam melhor pelos métodos tradicionais...
Continuo a conversar com a A enquanto apago umas coisas, altero outras, acrescento mais um ponto aqui ou ali. Três toros já foram. Pinhas nem sei.
Mais uma hora e dou o draft como pronto.
Olho para os papéis com um sorriso. Nada mau para um rascunho.
Ponho os papéis para o lado e coloco o último toro da noite. Vou à cozinha aquecer a terceira caneca de chá e volto à sala para espevitar o fogo. As chamas fascinam-me, como sempre. Seria capaz de ficar a olhar para elas durante horas, se a lenha durasse tanto. O melhor é amanhã trazer duas sacas do supermercado. Quando vou buscar o chá, ainda trago as chamas na mente e qualquer coisa faz clique. Quando regresso à sala volto a pegar nos papéis e acrescento o que acabei de imaginar.
Altero partes da ideia inicial e o resultado fica melhor do que eu tinha inicialmente pensado. O que fazem algumas linhas a mais...
Desta vez, o sorriso ao olhar para os papéis é de orgulho, mesmo que ainda não dê o projecto por terminado. Mas a estrutura está lá, esqueleto já coberto de carne embora a precisar de pequenas alterações estéticas. Está criado.
Criar dá-me prazer, como se tivesse a alma em fogo. Verto-me nas linhas que traço.
Quando a lenha acabar de arder vou dormir, com a satisfação de ter conseguido o que queria.
Amanhã será tempo de voltar a pegar no rascunho, passar a limpo, experimentar trocar posições de um elemento ou outro, limar arestas, burilar aqui e ali até o resultado ser exactamente o que quero. É a gestação do projecto: nutri-lo, acarinhá-lo, aperfeiçoá-lo como uma criança que cresce no ventre.
Até chegar a altura de o dar à luz, sem as dores físicas do parir mas com a pequena dor da saudade na alma ao ver o projecto terminar.
Porque um projecto assim é, acima de tudo, uma filho da imaginação, da alma que se empenha e se entrega e se dá em cada linha. No produto final revemo-nos, revemos o que demos, revemos a entrega e a dedicação em cada ponto, como uma criança fruto de um amor profundo.
Criar é sempre um acto de Amor.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
The Fabric of Our Lives - III
Quando me tornei mãe, quis que os filhos pudessem ter memórias igualmente preciosas para guardar.
Uma ida à praça com a minha filha para comprar pão quente transformava-se numa excursão por todos muretes dos canteiros da avenida, contando os bichinhos-de-conta que encontrávamos pelo caminho. O pão chegava a casa já frio, e nós com enormes sorrisos.
Com ela, criei o hábito da leitura ao deitar. Os livros da Rua Sésamo eram lidos em voz alta, com todas as vozes imitadas o melhor que se podia – ainda hoje sou um Becas espectacular e um Gualter aceitável.
Quando me divorciei da primeira vez, ficámos sozinhas mas não deixámos que a tristeza se instalasse. Um serão em que a electricidade faltou foi pretexto para um jantar à luz das velas. Nunca um prato de douradinhos de peixe com batatas fritas foi motivo para tanta risota.
Quando nasceu o irmão, a minha filha tentou ser ‘a melhor irmã do mundo’. Rodeava o bebé de peluches para que, se rebolasse, não caísse. Num daqueles parques infantis com os lados feitos de rede, fez buraquinhos com uma tesoura para que o irmão pudesse trepar e ‘libertar-se’.
As sessões de Rua Sésamo passaram a ser a três, e as gargalhadas do meu filho eram memoráveis. Um livro do Winnie the Pooh deu direito a incontáveis reboladelas na cama: na história, o tonto do ursinho imaginou ser uma abóbora a rebolar ladeira abaixo e, claro, o garoto quis imitá-lo. Resultado: mais gargalhadas, que ele repete cada vez que se recorda.
Num passatempo, obtivemos uma PS3. Os momentos que ficam não são com os jogos lhe foram oferecidos nos aniversários e natais seguintes; são as nossas sessões de tiroteio contra robots malévolos e gangsters perigosos no meio de filmes imaginários (em que nos revezamos a disparar contra o écran) ou os avatares idiotas que escolhemos para os quizzes musicais.
Uma ida a uma conhecida loja de artigos desportivos para comprar um par de ténis de futsal deu direito a uma sessão de toques na bola no meio do corredor da loja.
Tal como durante o meu período de crescimento, os momentos mais memoráveis não são nem serão aqueles proporcionados por coisas que comprámos – mas sim por aquilo que fizemos e pela alegria de que disfrutámos e partilhámos.
O que estou a viver agora vai ajudar a moldar o carácter dos meus filhos. Faço o melhor que posso para que não sejam demasiado afectados pelas ondas negativas que se alastram malgrado os meus esforços – mas eles conhecem as dificuldades e dão todo o apoio que está ao seu alcance, pequeno ou grande.
Neles, na família e nos amigos próximos (a quem alguém chamou um dia ‘a família que escolhemos’) encontro todos os dias a coragem para prosseguir.
Um dia de cada vez.
Uma ida à praça com a minha filha para comprar pão quente transformava-se numa excursão por todos muretes dos canteiros da avenida, contando os bichinhos-de-conta que encontrávamos pelo caminho. O pão chegava a casa já frio, e nós com enormes sorrisos.
Com ela, criei o hábito da leitura ao deitar. Os livros da Rua Sésamo eram lidos em voz alta, com todas as vozes imitadas o melhor que se podia – ainda hoje sou um Becas espectacular e um Gualter aceitável.
Quando me divorciei da primeira vez, ficámos sozinhas mas não deixámos que a tristeza se instalasse. Um serão em que a electricidade faltou foi pretexto para um jantar à luz das velas. Nunca um prato de douradinhos de peixe com batatas fritas foi motivo para tanta risota.
Quando nasceu o irmão, a minha filha tentou ser ‘a melhor irmã do mundo’. Rodeava o bebé de peluches para que, se rebolasse, não caísse. Num daqueles parques infantis com os lados feitos de rede, fez buraquinhos com uma tesoura para que o irmão pudesse trepar e ‘libertar-se’.
As sessões de Rua Sésamo passaram a ser a três, e as gargalhadas do meu filho eram memoráveis. Um livro do Winnie the Pooh deu direito a incontáveis reboladelas na cama: na história, o tonto do ursinho imaginou ser uma abóbora a rebolar ladeira abaixo e, claro, o garoto quis imitá-lo. Resultado: mais gargalhadas, que ele repete cada vez que se recorda.
Num passatempo, obtivemos uma PS3. Os momentos que ficam não são com os jogos lhe foram oferecidos nos aniversários e natais seguintes; são as nossas sessões de tiroteio contra robots malévolos e gangsters perigosos no meio de filmes imaginários (em que nos revezamos a disparar contra o écran) ou os avatares idiotas que escolhemos para os quizzes musicais.
Uma ida a uma conhecida loja de artigos desportivos para comprar um par de ténis de futsal deu direito a uma sessão de toques na bola no meio do corredor da loja.
Tal como durante o meu período de crescimento, os momentos mais memoráveis não são nem serão aqueles proporcionados por coisas que comprámos – mas sim por aquilo que fizemos e pela alegria de que disfrutámos e partilhámos.
O que estou a viver agora vai ajudar a moldar o carácter dos meus filhos. Faço o melhor que posso para que não sejam demasiado afectados pelas ondas negativas que se alastram malgrado os meus esforços – mas eles conhecem as dificuldades e dão todo o apoio que está ao seu alcance, pequeno ou grande.
Neles, na família e nos amigos próximos (a quem alguém chamou um dia ‘a família que escolhemos’) encontro todos os dias a coragem para prosseguir.
Um dia de cada vez.
The Fabric of Our Lives - II
Foi essa imaginação irrequieta que me ajudou a inventar brincadeiras sem muitos brinquedos. Na escola, rolos vazios de fita-cola eram phasers do Espaço 1999. As mesas da sala de aula, deitadas, eram naus dos Descobrimentos.
Pensando bem, nunca tive brincadeiras tipicamente ‘de menina’… A minha irmã, onze anos mais nova, tinha Barriguitas e Barbies. Eu tinha os Exin Castillos com que construía fortalezas medievais e os conjuntos Meccano com que fazia guindastes e carros para as bonecas dela. De embalagens de iogurte vazias fazia casinhas para a Heidi e os Estrunfes de PVC, e os dias de mudar os lençóis das nossas camas significavam tendas árabes armadas junto ao canto do roupeiro – os cobertores eram puffs e as fronhas davam excelentes turbantes.
O meu pai tinha como passatempo a pesca desportiva. Percorri os ‘pontos piscatórios’ da costa Sintra-Cascais de cana na mão, trepando rochedos, aprendendo a empatar anzóis e perdendo o asco a minhocas que se retorciam no meio das algas que as mantinham húmidas. Nas férias, acampava na costa alentejana, e numa noite de temporal conhecemos um jovem canadiano que se abrigou da chuva no “alpendre” da nossa tenda de dois quartos. Aprendi a grelhar peixe e descascar batatas ao ar livre – mas por incrível que pareça nunca aprendi a nadar decentemente...
Durante o tempo de aulas subia às árvores, fazia corridas de bicicleta, jogava volley no pátio das traseiras, jogos de cartas ou Monopólio no vão das escadas de casa dos amigos. Nada disto requeria que gastássemos dinheiro para nos divertirmos, e são essas as memórias que perduram.
Pensando bem, nunca tive brincadeiras tipicamente ‘de menina’… A minha irmã, onze anos mais nova, tinha Barriguitas e Barbies. Eu tinha os Exin Castillos com que construía fortalezas medievais e os conjuntos Meccano com que fazia guindastes e carros para as bonecas dela. De embalagens de iogurte vazias fazia casinhas para a Heidi e os Estrunfes de PVC, e os dias de mudar os lençóis das nossas camas significavam tendas árabes armadas junto ao canto do roupeiro – os cobertores eram puffs e as fronhas davam excelentes turbantes.
O meu pai tinha como passatempo a pesca desportiva. Percorri os ‘pontos piscatórios’ da costa Sintra-Cascais de cana na mão, trepando rochedos, aprendendo a empatar anzóis e perdendo o asco a minhocas que se retorciam no meio das algas que as mantinham húmidas. Nas férias, acampava na costa alentejana, e numa noite de temporal conhecemos um jovem canadiano que se abrigou da chuva no “alpendre” da nossa tenda de dois quartos. Aprendi a grelhar peixe e descascar batatas ao ar livre – mas por incrível que pareça nunca aprendi a nadar decentemente...
Durante o tempo de aulas subia às árvores, fazia corridas de bicicleta, jogava volley no pátio das traseiras, jogos de cartas ou Monopólio no vão das escadas de casa dos amigos. Nada disto requeria que gastássemos dinheiro para nos divertirmos, e são essas as memórias que perduram.
The Fabric of Our Lives - I
Diz-se que a experiência forma o carácter de cada um. O que vivemos desde a infância, bom ou mau, e a forma como reagimos a isso, faz de nós as pessoas que somos a cada momento.
Numa altura em que atravesso um período bastante complicado da minha vida, vêm-me à memória recordações de uma infância e adolescência nem sempre fáceis, mas que ultrapassei o melhor que pude. Alguém que me é muito próximo diz-me com frequência: “This too shall pass… better days will come.” Eu sorrio, porque ela sabe o que é estar onde eu estou, olhando em volta sem antever grandes perspectivas de melhoras. E se alguém que passou por momentos bem mais difíceis do que eu consegue ter uma visão tão positiva… diabos me levem se eu não serei capaz de fazer o mesmo.
Tenho quarenta e três anos, um emprego pouco seguro, uma carreira de sucesso mediano, uma vida construída com esforço. Bens materiais? Alguns, não muitos - dos quais terei provavelmente que me desfazer. Mas ao pensar nas tais recordações de infância isso não me assusta.
Cresci numa família onde o dinheiro não abundava. O que havia era para as nossas necessidades básicas, mas com o que sobrava permitiamo-nos pequeninos luxos: livros e discos. Enquanto outras pessoas iam passar férias fora, eu passava férias em locais exóticos na minha imaginação ou em períodos históricos interessantes, ouvindo a orquestra de James Last, o trompete de Nini Rosso, o piano de Richard Clayderman, Demis Roussos, Nana Mouskouri, a Royal Philarmonica ou árias diversas. Li Robin Hood aos oito anos, Quo Vadis aos dez, Guerra e Paz aos onze… e ao longo da adolescência juntaram-se-lhes Ivanhoe, Ulenspiegel, Cinq Mars, Os Miseráveis, O Vermelho e o Negro, Madame Bovary, Mickey, Tio Patinhas, Astérix, Michel Vaillant. A estes somaram-se ainda todos os livros que requisitava nas carrinhas-biblioteca itinerantes da Fundação Gulbenkian… Tolkien, Michener, as irmãs Brontë, Remarque, Sven Hassel foram autores que de outra forma talvez não tivesse conhecido.
Com o meu pai, discreto empregado bancário, nasceu em mim a fascinação pela Ficção Científica, um amor que perdura até hoje: foi ele quem me levou ao cinema para ver O Abismo Negro e 2001, Odisseia no Espaço. Foi também ele quem me ‘apresentou’ Carl Sagan ao oferecer-me o livro “Contacto”. Por todas as formas com que alimentou a minha imaginação irrequieta, tenho mais a agradecer-lhe do que alguma vez poderá imaginar.
Numa altura em que atravesso um período bastante complicado da minha vida, vêm-me à memória recordações de uma infância e adolescência nem sempre fáceis, mas que ultrapassei o melhor que pude. Alguém que me é muito próximo diz-me com frequência: “This too shall pass… better days will come.” Eu sorrio, porque ela sabe o que é estar onde eu estou, olhando em volta sem antever grandes perspectivas de melhoras. E se alguém que passou por momentos bem mais difíceis do que eu consegue ter uma visão tão positiva… diabos me levem se eu não serei capaz de fazer o mesmo.
Tenho quarenta e três anos, um emprego pouco seguro, uma carreira de sucesso mediano, uma vida construída com esforço. Bens materiais? Alguns, não muitos - dos quais terei provavelmente que me desfazer. Mas ao pensar nas tais recordações de infância isso não me assusta.
Cresci numa família onde o dinheiro não abundava. O que havia era para as nossas necessidades básicas, mas com o que sobrava permitiamo-nos pequeninos luxos: livros e discos. Enquanto outras pessoas iam passar férias fora, eu passava férias em locais exóticos na minha imaginação ou em períodos históricos interessantes, ouvindo a orquestra de James Last, o trompete de Nini Rosso, o piano de Richard Clayderman, Demis Roussos, Nana Mouskouri, a Royal Philarmonica ou árias diversas. Li Robin Hood aos oito anos, Quo Vadis aos dez, Guerra e Paz aos onze… e ao longo da adolescência juntaram-se-lhes Ivanhoe, Ulenspiegel, Cinq Mars, Os Miseráveis, O Vermelho e o Negro, Madame Bovary, Mickey, Tio Patinhas, Astérix, Michel Vaillant. A estes somaram-se ainda todos os livros que requisitava nas carrinhas-biblioteca itinerantes da Fundação Gulbenkian… Tolkien, Michener, as irmãs Brontë, Remarque, Sven Hassel foram autores que de outra forma talvez não tivesse conhecido.
Com o meu pai, discreto empregado bancário, nasceu em mim a fascinação pela Ficção Científica, um amor que perdura até hoje: foi ele quem me levou ao cinema para ver O Abismo Negro e 2001, Odisseia no Espaço. Foi também ele quem me ‘apresentou’ Carl Sagan ao oferecer-me o livro “Contacto”. Por todas as formas com que alimentou a minha imaginação irrequieta, tenho mais a agradecer-lhe do que alguma vez poderá imaginar.
Undefined
Em tempos antecipei o prazer de estar só, de fazer do meu tempo tudo o que me aprouvesse... até que chegaste. Numa perfeita tempestade, com a brevidade do clarão de um relâmpago e o incontido fragor de um trovão, inverteste-me a polaridade do sentimento. E como uma tempestade partiste.
És agora um fantasma nos meus dias, intangível presença cujos sinais se evaporaram com um simples clique.
Pelas quatro dimensões que um dia iluminaste alastra-se agora um impalpável mar cinzento cujas ondas imóveis parecem talhadas em pedra.
Quando tento mover-me, tropeço na imponderabilidade da tua ausência e agarro-me ao único vestígio sólido que me ficou, para evitar cair no vazio que deixaste; o mesmo de onde as memórias recusam aproximar-se com receio de desaparecerem também.
Desvaneceram-se para ti todos os meus ecos, sugados pelo buraco negro que criaste ao franzir o espaço-tempo onde por breves momentos existi na tua vida.
Tornei-me invisível ao teu espectrómetro.
Nunca se regressa de um buraco negro, pois não?
És agora um fantasma nos meus dias, intangível presença cujos sinais se evaporaram com um simples clique.
Pelas quatro dimensões que um dia iluminaste alastra-se agora um impalpável mar cinzento cujas ondas imóveis parecem talhadas em pedra.
Quando tento mover-me, tropeço na imponderabilidade da tua ausência e agarro-me ao único vestígio sólido que me ficou, para evitar cair no vazio que deixaste; o mesmo de onde as memórias recusam aproximar-se com receio de desaparecerem também.
Desvaneceram-se para ti todos os meus ecos, sugados pelo buraco negro que criaste ao franzir o espaço-tempo onde por breves momentos existi na tua vida.
Tornei-me invisível ao teu espectrómetro.
Nunca se regressa de um buraco negro, pois não?
Home
"There is an Indian proverb that says that everyone is a house with four rooms: a physical, an emotional, a mental and a spiritual.
Most of us tend to live in one room most of the time, but unless we go into every room every day, even if only to keep it aired, we are not a complete person."
I knew I had found home when all rooms at once were filled with wind and light, with one single touch - as if a storm had crashed in, opening all doors and the lightning and thunder had turned dark night into day, binding all four dimensions together in wholeness.
Here is a song from the wrong side of town
Where I'm bound to the ground
By the loneliest sound
That pounds from within and is pinning me down
Here is a page from the emptiest stage
A cage or the heaviest cross ever made
A gauge of the deadliest trap ever laid
And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong here
The heat and the sickliest sweet smelling sheets
That cling to the backs of my knees and my feet
But I'm drowning in time to a desperate beat
And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong
Feels like home
I should have known
From my first breath
God send the only true friend
I call mine
Pretend that I'll make amends
The next time
Befriend the glorious end of the line
And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong here
(This is who.you.are)
Most of us tend to live in one room most of the time, but unless we go into every room every day, even if only to keep it aired, we are not a complete person."
I knew I had found home when all rooms at once were filled with wind and light, with one single touch - as if a storm had crashed in, opening all doors and the lightning and thunder had turned dark night into day, binding all four dimensions together in wholeness.
Here is a song from the wrong side of town
Where I'm bound to the ground
By the loneliest sound
That pounds from within and is pinning me down
Here is a page from the emptiest stage
A cage or the heaviest cross ever made
A gauge of the deadliest trap ever laid
And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong here
The heat and the sickliest sweet smelling sheets
That cling to the backs of my knees and my feet
But I'm drowning in time to a desperate beat
And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong
Feels like home
I should have known
From my first breath
God send the only true friend
I call mine
Pretend that I'll make amends
The next time
Befriend the glorious end of the line
And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong here
(This is who.you.are)
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