Terminei de processar(-te).
E se em relação a algumas coisas se me fez luz, sobre outras ficou um véu de incompreensão. Contradições que não entendo.
Mas isso já não faz grande diferença, do teu lado do espelho.
Afastei-me porque tinha que o fazer; avassalada como estava por dúvidas que não tinham só a ver contigo, tinha que me recentrar, ganhar perspectiva. Não entendeste isso dessa forma; aliás, não entendeste, ponto.
Por isso não compreendes decerto que te guardo no mesmo local onde guardava e que uma série de coisas permaneceram, apesar dos esforços.
Essa parte nem vou tentar perceber sequer. Sei que está lá e isso, para já, chega-me.
Digo-te, a parte pior de não saber de ti é mesmo essa, não saber de ti, não saber se estás bem, se estás doente, a precisar de uma sopa quente ou apenas de conversar. Não o facto de não me leres e como tal não vires a saber onde estou ou para onde me dirijo. As minhas rotas não são as tuas - mas gostaria de saber a quantas andas, que é feito de ti. O carinho não se apaga assim.
Terminei de processar(-te).
Nesse grocar descobri muito sobre um e outro, semelhanças e diferenças. E houve algo que me atingiu como um raio, um clarão de entendimento, uma epifania. Algo que nunca suspeitaste porque nunca to disse, pois nem eu ainda tinha lá chegado.
Não sei se teria feito alguma diferença dizer-to enquanto pude; mas na altura não o sabia, portanto não podia. Belo paradoxo...
Na verdade tinha uma vaga consciência de algo indefinido, mas não te iria falar de indefinições. Também nunca me deitei a pensar sobre o assunto por julgar que não se justificava, que a seu tempo tudo seria esclarecido; enganei-me.
Esta noite fez-se luz e uma noção tornou-se certeza cristalina. E, a este ponto, dolorosa.
Mas nunca saberás o quê.
1 comentário:
Gostei muito deste "processar". E, muito emboera, muitas vezes, nunca se processe tudo, ficando apenas guardado como algo bom que se sentiu, é importante, pelo menos, fazer o esforço.
Poético. Um bj amigo
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