Não sangrava, não se justificava a gaze. Um penso rápido era pequeno demais.
Mas era preciso sarar - porque sim, porque é preciso. Mesmo.
Optei pela fita adesiva, daquela que se usa para segurar um penso. Já fiz muitos pensos na vida, já tratei muitos dói-dóis, próprios e de outros, desde os putos todos lá da rua que não queriam ir a sangrar para casa com medo de ficar de castigo, até ao pós-operatório do ex. Portanto, fazer pensos não tem grande segredo para mim.
Mal ou bem, juntei os bordos e coloquei a fita com jeito, sem apertar demasiado para não doer nem prejudicar a integridade do tecido.
Apercebi-me da falta de pedaços (nestas coisas perdem-se sempre pedaços). Mas o tecido acaba por se regenerar de alguma forma, nuns casos melhor do que noutros, sim, mas consegue-se.
O processo começou, devagar. Cicatrização em curso.
Os dias não são iguais, nem a intensidade da dor que ainda surge de vez em quando.
Sei que vão ficar linhas esbranquiçadas como um mapa de estradas. Algumas atenuar-se-ão aos poucos. Outras nunca desaparecerão, marcas indeléveis de lições aprendidas.
Mas nós somos seres muito resistentes.
E o coração há-de sarar por completo.
:)
2 comentários:
Gostei imenso do post...
Sarar, sara...mas as cicatrizes (mais ou menos visíveis) ficam sempre...
Verdade, Liliana, trazemos as marcas do que vivemos, como um mapa - eu costumo chamar-lhes as minhas cartas de marear, que trazem todas as rotas por onde passei...
Obrigada pela visita e pelas palavras :)
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